onze mulheres que gostava de ler este ano
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Fotografia da minha autoria |
«Coragem não é um acto pontual, é uma posição na vida»
A data não pode ser ignorada. Mais do que a lembrar, permanece imperativo lutar pela Mulher - não só pelo dia em si. Mas, confesso, sonho pelo momento em que assinalá-la seja apenas um marco histórico e não um ato continuo de resistência, de todas as vozes que se unem para que a igualdade não seja uma miragem.
Nenhum direito é garantido, muito menos para as mulheres, e essa imagem é reproduzida nas várias decisões das quais nos tentam excluir - ainda que sejamos as únicas a senti-las na pele -, em todas as ocasiões que nos tentam diminuir, descredibilizar, silenciar. E o Dia da Mulher é um lembrete não só de todas as que o impediram, mas também do longo caminho que ainda precisamos de percorrer, enquanto sociedade.
Celebrar os nomes femininos (públicos ou anónimos) que me inspiram é uma maneira de focar no lado bonito da data - nunca terá sido em vão. E sei que é na arte que encontro esse alento, uma vez que traz um rasgo de mudança e de esperança. Por esse motivo, de um modo consciente, vou-me rodeando de mais mulheres na música e na literatura, sobretudo. E é nesta última expressão artística que me pretendo concentrar.
Quando pensei nesta publicação, soube, de imediato, que queria evidenciá-la com uma lista de autoras que nunca li, mas que gostava de ler ainda este ano. Há vários nomes de escritoras a integrar os desafios de leitura a que me propus, no entanto, quis alargar a experiência, sem sentir que estava a fazer um pouco de batota. Além disso, seria uma forma de aumentar as possibilidades e de criar espaço para mais vozes.
Só uma destas mulheres está na minha tbr física, mas procurarei que façam parte da viagem literária de 2024. Em simultâneo, tentei que fosse uma lista diversificada e que me trouxesse a sensação de estar a acrescentar algo de positivo à minha vida. E acredito mesmo nisso, porque cada uma destas figuras está a conquistar um lugar que também lhes pertence e a mostrar que é possível. Quero fazer parte de um mundo em que mulheres celebrem mulheres e esta é a minha maneira de continuar a luta. Sororidade será sempre a palavra de ordem.
onze livros escritos pelas mulheres que quero ler em 2024
Maus Hábitos, Alana S. Portero
«Este romance leva-nos numa travessia pelo território mais íntimo da natureza humana — uma travessia da qual não saímos incólumes. Maus Hábitos é a história do encontro de uma pessoa consigo mesma, alguém que nasce no corpo errado, no lugar mais triste e sem futuro, num tempo desolado. Pela mão da protagonista, vamos até à sua infância em San Blas — um bairro operário suburbano e dizimado pela heroína nos anos oitenta —, passamos pela adolescência selvagem nas noites clandestinas de Madrid e chegamos ao raiar do milénio, quando a promessa de liberdade é soterrada por um episódio de insuportável violência. Contudo, das cicatrizes mais fundas há de emergir não a redenção, mas a esperança».
Rapariga, Mulher, Outra, Bernardino Evaristo
«As doze personagens centrais deste romance a várias vozes levam vidas muito diferentes: desde Amma, uma dramaturga cujo trabalho artístico frequentemente explora a sua identidade lésbica negra, à sua amiga de infância, Shirley, professora, exausta de décadas de trabalho nas escolas subfinanciadas de Londres; a Carole, uma das ex-alunas de Shirley, agora uma bem-sucedida gestora de fundos de investimento, ou a mãe desta, Bummi, uma empregada doméstica que se preocupa com o renegar das raízes africanas por parte da filha. Quase todas elas mulheres, negras e, de uma maneira ou de outra, resultado do legado do império colonial britânico».
As Bruxas de Manningtree, A. K. Blakemore
«Rebecca West, uma jovem sem pai nem marido, arrasta-se pelos dias, encontrando alívio na atração que sente pelo escrivão John Edes. Até que entra em cena um enigmático forasteiro, Matthew Hopkins, vestindo de negro e imbuído de devoções, mergulhando fanaticamente na tarefa de interrogar as mulheres desta comunidade diminuída. Rumores perigosos sobre cultos, pactos e desejos corporais começaram a pairar sobre mulheres como Rebecca — e o futuro é tão assustador quanto emocionante. Estas mulheres estão prestes a reivindicar a sua liberdade».
A Ilha das Árvores Desaparecidas, Elif Shafak
«Estamos na ilha de Chipre e corre o ano de 1974. Dois adolescentes, de dois lados opostos de uma terra dividida, encontram-se numa taverna. Aquele lugar, na cidade a que chamam casa, é o único em que Kostas, grego e cristão, e Defne, turca e muçulmana, se podem encontrar secretamente e esquecer, por breves instantes, os problemas do mundo lá fora».
Oriente Próximo, Alexandra Lucas Coelho
«Oriente Próximo, o primeiro livro que publiquei, é um volume de não-ficção sobre Israel/Palestina, situado entre 2005 e 2007. Muito mudou desde então, e dramaticamente a 7 de Outubro de 2023, com o ataque do Hamas no Sul de Israel. Mas o que vivemos agora já se anunciava nestas páginas. Elas passam a guardar a origem do que está a acontecer e o que desapareceu entretanto. O mesmo livro, revisto quanto a redacção e paginação, agora com mapa e índice onomástico».
Um Preto Muito Português, Telma Tvon
«Cabo-verdianos que vivem há muito em Portugal e neto de cabo-verdianos que nunca conheceram Portugal. Também é bisneto de holandeses que mal conheceram Portugal e de africanos que muito ouviram falar de Portugal. Vive em Lisboa, mas não é considerado alfacinha. Terminou a licenciatura na faculdade e vai trabalhar num call center, com outros negros e brancos, pobres e ricos. Budjurra faz parte de uma minoria que, lentamente, vai sendo cada vez menos minoria. É um preto português, muito português, que, ao longo do livro e das aventuras que relata, levanta questões relativamente a temas como racismo, discriminação, estereótipos, igualdade e humanidade, mas também música, rap, identidade - numa Lisboa morena e colorida que é necessário conhecer».
Toda a Minha Raiva, Sabaa Tahir
«Salahudin e Noor são mais do que melhores amigos: enquanto emigrantes paquistaneses que cresceram juntos numa pequena cidade no deserto da Califórnia, entendem-se como ninguém e são quase como família. Mas uma discussão ocorrida no verão quebra o vínculo que havia entre eles».
Gótico Mexicano, Silvia Moreno-Garcia
«Em resposta a uma carta dramática da sua prima com a estranha alegação de que o marido está a tentar envenená-la, Noemí abandona a sua vida mundana e viaja para a província, para a vila de El Triunfo. É aqui, no famoso Lugar Alto, que vive Catalina, que se tornou uma sombra de si mesma desde que se casou com Virgil Doyle. Diz ouvir vozes vindas das paredes e ver pessoas mortas».
Mulheres Invisíveis, Carolina Criado Perez
«Imagine um mundo onde os telemóveis são demasiado grandes para as suas mãos. Onde os médicos prescrevem medicamentos errados para o seu corpo. Onde, num acidente de automóvel, tem mais 47% de probabilidade de sofrer ferimentos graves. Onde, em cada semana, as suas incontáveis horas de trabalho não são reconhecidas nem valorizadas. Se isto lhe parece familiar, há grandes hipóteses de ser uma mulher».
Uma Mulher Não é Um Homem, Etaf Rum
«Este romance surpreendente leva-nos numa viagem às vidas das mulheres árabes que vivem nos Estados Unidos e ao impacto que a cultura patriarcal pode ter no seu silêncio, ainda nos dias de hoje. Em Brooklyn, chegou a altura de Deya, com dezoito anos, se encontrar com potenciais maridos. Embora casar não faça parte dos seus planos, os avós não lhe dão escolha. A única forma de garantir um futuro é por meio do casamento com o homem certo».
Ode Triumphal à Cona, Cláudia Lucas Chéu
«A atenção ao que a rodeia, a linguagem disruptiva – mas bem humorada, sempre que possível… Inqualificável, e ainda bem. Alguns – e algumas – engolirão a língua, morta ou em acelerada decomposição, tanto faz».
Recomendo muito o «Uma mulher não é um homem», gostei muito!
ResponderEliminarObrigada pelo retorno, Inês 🥰 hei-de comprá-lo em breve
EliminarOlá adorei o post! Recomendo o livro “ Segunda Chance “ Autora: Colleen Hoover
ResponderEliminarObrigada pela sugestão ☺️
EliminarForça nisso e boa leitura!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Obrigada, Isa!
EliminarConfesso que não conheço nenhum dos livros, mas deixaste-me curiosa com o ultimo! :)
ResponderEliminarwww.amarcadamarta.pt
É de poesia 😊
EliminarAinda não li nenhum dos livros mencionados, mas espero que consigas ler e que sejam boas leituras.
ResponderEliminarObrigada 🫶🏻
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