o pequeno amigo, donna tartt

Fotografia da minha autoria



Gatilhos: Luto, Drogas, Linguagem Explícita


O problema das expectativas é que nem sempre as conseguimos manter equilibradas. Como estava desejosa de regressar à escrita de Donna Tartt, e andava há imenso tempo à procura do único livro dela que me faltava ler, sinto que a experiência ficou um pouco condicionada por isso, porque criei outra imagem do enredo.


 dor, luto e vingança

O Pequeno Amigo leva-nos até Alexandria, no Mississípi, em pleno dia da mãe. Só que esta aparente data feliz fica marcada por um acontecimento trágico: Robin Cleve, de nove anos, é encontrado enforcado no quintal dos pais. O assassino permanece incógnito e, doze anos depois, Harriet, a irmã, e o seu amigo Hely unem esforços para descobrir quem matou Robin.

A premissa é excelente e vai buscar o traço sombrio que reconhecemos na autora. Além disso, a partir desta investigação informal, exploramos várias camadas e os próprios preconceitos tão enraizados na cidade que os viu nascer. Todavia, confesso, a narrativa seguiu um rumo que eu não esperava, o que acabou por me distanciar e, se calhar, contribuir para que não me relacionasse tanto com as estratégias e o sentido de missão das personagens.

«Correr podia levá-la para a frente, até podia levá-la a casa; mas não a podia levar para trás - nem dez minutos, nem dez horas, nem dez anos ou dias. E isso era duro, como diria Hely. Duro: uma vez que era para trás que ela queria ir, e o passado, o único lugar onde queria estar.»

Senti a narrativa oscilante e, por vezes, presa a planos secundários que, para mim, não acrescentaram assim tanta informação relevante. Por oposição, achei interessante o foco na vingança e no facto de esta ser, não tão raras vezes assim, um impulso para as nossas ações, como se mais nada importasse. Mas não foi tudo o que esperava, atendendo a que não contava que fosse esta a matriz.

Seja como for, O Pequeno Amigo é imprevisível, denso, taciturno e com personagens construídas ao detalhe. E esta talvez seja a maior força da obra.


🎧 Música para acompanhar: Bite The Hand, Julien Baker, Phoeb Bridgers & Lucy Dacus

📖 Outros livros lidos: O Pintassilgo | A História Secreta


Disponibilidade: Wook (Livro | eBook) | Bertrand (Livro | eBook)

Nota: Esta publicação contém links de afiliada da Wook e da Bertrand

4 comments

  1. É uma história tem um mistério sobre o assassinato, confesso que fiquei curiosa pelo livro, bjs Andreia.

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    1. A premissa é mesmo intrigante e tem coisas interessantes, mas confesso que se perdeu em narrativas paralelas que não me acrescentaram muito

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  2. Vou guardar esta sugestao para mais tarde *.*

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