GIRA-DISCOS // KRIOLA

Fotografia da minha autoria


«Quem sabe o que amanhã reserva»


O dialeto universal proveniente da música tem um toque de emoção. E é com este entendimento empático, que nem sempre nos garante a compreensão das palavras, que estreitamos laços e sentimos o verdadeiro impacto da mensagem. Porque música é sentimento. E é, também, o espelho das nossas raízes - que permanecem para lá das metamorfoses internas ou territoriais, que marcam a nossa caminhada.

Quebrando barreiras, Dino d'Santiago construiu uma nova ponte com o seu mais recente álbum. Kriola divide-se em oito temas, sendo «a maioria cantada em crioulo», e exalta os inebriantes ritmos africanos. Por essa razão, será impossível permanecermos estáticos. Além disso, este trabalho é uma clara homenagem à sua família. Lançá-lo em tempo de isolamento foi um risco, atendendo a que não haveria forma de o divulgar ao vivo, por vários palcos dentro e fora do país. No entanto, como o próprio mencionou, quando tomou essa decisão, não foi a pensar na quarentena em si, mas no quanto lhe custa estar longe dos seus. Assim, no dia do aniversário do pai, encurtou um pouco as distâncias.

Kriola tem infinitas histórias dentro, numa espécie de «cachupa instrumental». E uma que me captou a atenção foi a que justifica o título ser no feminino, uma vez que o seu pai disse aos filhos que, «quando decidissem dar-lhe alguma coisa, deviam antes dá-la à mãe». Portanto, é uma celebração e declaração de amor conjunta, mostrando, ainda, que o crioulo é «resultado da mistura». Em simultâneo, canta a cultura, a revolução, a cidade e a mulher. Canta o que lhe bate no peito, convidando-nos a fazer parte da sua casa. E da sua essência.

Numa travessia que vai desde uma componente eletrónica até cadências como o batuque e o funaná, viajamos até Cabo Verde. Mas também podemos passar por Lisboa, por Londres, por Luanda. Porque este álbum abraça o mundo. Com uma voz mais ativista, há uma luta pela equidade, pela preservação das heranças, pela unificação de vários géneros artísticos, sem perder a sua alma de festa e de criatividade, vibrando, em uníssono, «com um som que só a nós e a todos pertence».

Dino d'Santiago transformou os temas num grito de identidade, procurando erradicar preconceitos. E é na rua que o conseguimos, todos os dias, quando provamos que as nossas diferenças não têm motivos para nos separar. Pelo contrário. E a música tem esta capacidade de nos unir. Por isso, com o seu Kriola, o músico fez nascer um hino: de amor. De aceitação. De empatia. Levando-nos a todos nas suas palavras.

Comentários

  1. Não conheço a música dele mas vou estar atenta.

    Isabel Sá  
    Brilhos da Moda

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  2. Ac redito que seja uma música interessante de ouvir
    .
    Felicitações poéticas
    Proteja-se

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  3. Não conhecia de todo, mas vou ouvir. 🙂

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  4. Criolo lembra-me Sara Tavares que adoro por isso está sugestão é muito bem-vinda :)
    Beijinhos*

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  5. Não acompanho muito o trabalho dele, mas depois das palavras bonitas que lhe dedicaste, vou ouvir :)

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  6. Eu já tinha lido críticas muito boas em relação ao Dino, mas tu também lhe rendeste uma bonita crítica, para além do seu bom trabalho parece que também é uma excelente pessoa.
    Xoxo

    marisascloset.blogspot.com

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    1. Ele merece todas essas críticas maravilhosas *-* também sinto que é

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  7. Nem sempre conhecemos tudo, mas vou passar para conhecer
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

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  8. Hmmm...algo desconfiada mas vou espreitar que estou curiosa...
    Obrigado pela dica!

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  9. A primeira vez que ouvi uma música do Dino d'Santiago foi através do teu blog, era um clipe (com imagens de Lisboa, se não estou enganado) muito interessante. Depois eu vi o Dino cantando com a Madonna em uma apresentação em Lisboa, eles cantaram "Sodade", que é uma música linda do repertório de Cesária Évora. Ainda não conheço tanto da música de Dino, e ainda não ouvi o álbum mais recente, mas posso dizer com segurança que é o artista que mais gostei de ouvir e ver por aqui até hoje!

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    1. Bem sei que sou extremamente suspeita, mas é um artista extraordinário *-*
      Fico contente com esse retorno, ainda bem que gostaste

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  10. Não conhecia, mas fiquei super curiosa!
    Beijos!
    Lob Blog

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  11. Há quem dê mais valor às palavras, ou não entenda a música como linguagem universal que dispensa palavras. Mas no fundo, na poesia nem sempre as palavras podem ser interpretadas como linguagem normal. Ambas têm a mesma universalidade que vai para além do sentido literal. Poesia e música sentem-se com o coração. Ou então fui eu que bebi demais ao jantar...

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    1. Há uma alma e uma energia que as transcende. E que, por isso mesmo, é muito mais emocional, sentimental, do que propriamente interpretativa

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  12. Confesso que nunca segui muito o trabalho dele. No entanto, já ouvi falar SUPER bem das músicas e quanto mais oiço falar mais curiosidade tenho em ir ouvir :)

    https://bloguedacatia.blogspot.com/

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  13. A música é boa companheira. A música é animação. A música é divertento. A música nos afasta da solidão.

    Tenha uma boa noite Andreia.

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  14. Concordo. É um artista extraordinário.
    Gosto imenso dele.

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  15. Confesso que não conhecia mas gostei das musicas.
    Já segui o blog, beijinhos ❤

    Maria Vieira

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  16. Não acompanho mais são lindas as músicas.

    Segredosdamarii.blogspot.com

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