![]() |
Fotografia da minha autoria |
Gatilhos: Violência Doméstica, Referência a Doença Oncológica
O ser humano é volúvel: nos comportamentos, nos sentimentos e, até, nos sonhos. Talvez por ser feito de dúvidas e ter tantas perguntas na ponta da língua (ou a alvoraçar o lado esquerdo do peito). E é por este terreno incerto que deambulamos no livro de Raquel Serejo Martins, autora do Alma Lusitana no ano transato.
no limite da lucidez
A Solidão dos Inconstantes é maioritariamente narrado por Rita e é através dela que ficamos a conhecer as pessoas que a rodeiam, tão diferentes entre si, as suas vidas, os seus passados e tudo aquilo que lhes aconteceu - ou tudo o que não chegou a descobrir.
O discurso é próximo, sem rodeios, apenas marcado pelo emaranhado de emoções e perguntas que vão surgindo: pela curiosidade, pela saudade e pela necessidade de unir as pontas soltas. Confesso, ainda assim, que nem sempre consegui estabelecer um vínculo com a narradora, isto porque tanto me parecia alinhada com a energia do livro, com as inconstâncias da vida, como a sentia distante, a falar dos seus como se estivesse num lugar superior, sendo quase condescendente com as suas atitudes. Portanto, esta voz oscilante fez com que, também eu, andasse um pouco à deriva.
Tenho, por outro lado, de lhe dar mérito por ser credível e, sobretudo, por se manter fiel aos seus princípios: sendo frontal sem ser rude, sendo vulnerável sem perder o norte; não procurando mudar a sua essência para encaixar na vontade/nas expectativas dos outros. Se calhar, por isso é que nunca deixou de ir, mesmo que sentisse falta.
«Sabes, há casas que nem todas as pessoas conseguem construir»
Há um foco muito grande no estado de espírito das várias personagens (que podem surgir só pelo encadear de memórias/momentos) e foi isso que mais me agradou neste romance. Isso e quando Rita opta por se colocar mais no centro da questão. No fundo, quando deixa de ser apenas espectadora dos seus e assume o protagonismo é quando me prende a todos os seus problemas, às suas hesitações, aos seus desejos e às suas angústias, porque é nesse ponto que a conhecemos verdadeiramente.
A Solidão dos Inconstantes é feito de medos e de desencontros, e traz retratos muito fidedignos de pessoas comuns, que escondem tantos mundos dentro. Apesar de não me ter arrebatado em pleno, abre vários pontos de reflexão e achei interessante que, depois de rasgos de solidão, termine quase com uma noção de esperança.
🎧 Música para acompanhar: Eu Te Amo, Chico Buarque
📖 Outro livro lido: Pretérito Perfeito
a solidão dos inconstantes
estante cápsula
livros
livros de autores portugueses
raquel serejo martins
10 Comments
Vou guardar a sugestão. Boa semana!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Obrigada e igualmente, Isa!
EliminarMais uma sugestão incrível para levar.
ResponderEliminarObrigada pela partilha, minha querida.
Beijinho grande!
Boas leituras, minha querida!
EliminarNão conhecia nem o título nem a autora, mas vou levar a sugestão!
ResponderEliminarBjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram
Boas leituras, Teresa ☺️
EliminarMais um para a lista *.* Acho que este vai fazer-me chorar e muito...
ResponderEliminarComigo não teve esse efeito, mas pode emocionar-te dessa forma, sim :)
EliminarNão conhecia!
ResponderEliminarAcho que é uma autora que passa um pouco despercebida
Eliminar