atirar para o torto, margarida vale de gato

Fotografia da minha autoria



Gatilhos: Linguagem Explícita


A minha travessia pela poesia continua firme. Nem sempre regular, porque é um dos géneros que leio menos, curiosamente, mas não esmorece, porque quero descobrir novas vozes poéticas. Foi alinhada com este pensamento (e com uma promoção da Tinta da China) que decidi aventurar-me na obra da Margarida Vale de Gato.


uma leitura oscilante

Atirar Para o Torto é um dos títulos da Colecção de Poesia dirigida por Pedro Mexia. Dividido em quatro partes, foi escrito «ao abrigo de uma bolsa de criação literária do Ministério da Cultura/DGLAB» e apresenta um certo «formalismo informal».

Tenho de confessar que a leitura foi um pouco oscilante, isto porque houve poemas que me arrebataram profundamente, mas houve outros pelos quais passei sem me sentir a demorar. Todavia, achei interessante o contraste entre a aparente formalidade da linguagem e a necessidade de manter os temas próximos, pessoais e transversais.

«cada vez mais tarde
com estímulos e desconfiança
tu já não me encaras
tal como eu
peço o silêncio como casa»

Entre alguns jogos de palavras, encontramos questões quotidianas e algumas homenagens. Encontramos versos que nos remetem para memórias, para a infância, para a mulher, para a maternidade, para os amigos e amantes, para vícios, para questões climáticas, para Lisboa e o Alentejo e para o permanente desejo de ir.

O nosso caminho nem sempre é a direito, mas prosseguimos por rotas enviesadas. E, como refere Pedro Mexia, é «uma poesia de circunstância, talvez, mas que questiona a circunstância» e que a procura transcender «e virar do avesso». Na minha lista de poemas favoritos destaco: Vai Vagão, Atirar Para o Torto, Filhas do Clima e Contra.


🎧 Música para acompanhar: Amigos e Amantes, Jimmy P & D-Ro


Disponibilidade: Wook | Bertrand

Nota: Esta publicação contém links de afiliada da Wook e da Bertrand

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