A lista dos meus desejos VIII

«Quando pode realizar todos os seus desejos, o que é realmente importante?»

As palavras vivem em mim desde que as aprendi a escrever. É como se fossem uma segunda pele. Ou uma segunda casa. Seguramente, um refúgio quando tudo à minha volta parece ruir. Nem sempre fluem com a rapidez com que as desejo, mas aparecem. Têm o seu processo e eu o meu. No fim estamos em perfeita sintonia. 

Nunca achei que tivesse talento e isto não é falsa modéstia, era mesmo a minha opinião. Pensava, sim, que tinha mais facilidade em brincar com esta arte que é a escrita, mas daí a sentir que tinha jeito vai uma distância que nunca imaginei ser possível alcançar. Mantenho muito presente na minha memória a minha professora da quarta classe a elogiar uma composição que escrevi sobre a Primavera. Talvez a minha dedicação se tenha intensificado a partir desse momento. Talvez hoje goste tanto de passar horas de lápis ou caneta a preencher folhas em branco por culpa de todos aqueles elogios. Talvez nunca venha a saber o verdadeiro motivo, o certo é que agora não imagino a minha vida sem os meus cadernos e as minhas palavras. Se já alterei a minha opinião? Um pouco. Hoje já reconheço que tenho algum jeito, mas permaneço com os pés bem assentes na terra, até porque pensar que sou feita de talento é perder a essência daquilo que faço: escrever apenas e só pelo prazer que isso me dá.

Tenho um sonho com quase tantos anos como aqueles que eu conto. Pensando bem, se calhar não é tão antigo, mas está lá perto. Escrever um livro sempre foi, e continua a ser, um objetivo. A diferença é que quero lutar por ele quando sentir que é a altura certa. Não quero, de todo, chegar ao fim do processo com a ideia de que foi algo feito a correr. Ter um trabalho nosso em mãos é único, e é essa sensação de realização que eu quero. Desde que comecei a escrever As minhas viagens de metro que essa vontade de avançar fervilha dentro de mim. E depois de um pequeno mal entendido, que agradeço ter acontecido, percebi que, se calhar, chegou o momento de lutar por este sonho.

Quando era mais pequena escrevia muitos contos. No meu primeiro blog - Parte do que sou - iniciei uma história que nunca cheguei a terminar. À medida que fui crescendo, encontrei o caminho para o qual me quero direcionar. Não fui feita para inventar personagens, dar-lhes um corpo, uma personalidade, um rumo. Gosto da liberdade de escrever pequenos fragmentos que se esgotam ao fim de uma frase, de um parágrafo, de uma página - ou pouco mais do que isso. Os textos soltos que vejo a ganhar forma são os mesmos que um dia espero ver em papel. Tenho um caderno específico para a rubrica que mencionei anteriormente quase completo, mas se algum dia esta ideia ganhar forma gostaria de lhe acrescentar mais alguns devaneios que já publiquei aqui no blog. Sem qualquer certeza, talvez já tenha material suficiente para o meu primeiro original, que juntará prosa e poesia. É isto que me faz sentido. E agora, mais do que nunca, sinto que está na hora de perder o medo da rejeição e arriscar!

Desejo nº8:

Editar um livro