Entrelinhas #33

Fotografia da minha autoria

«Peter Wihl é um pintor famoso, o melhor da sua geração. Agora, em vésperas de cumprir 50 anos, prepara uma nova exposição, que será o ponto alto da sua carreira»


É muito difícil, para não dizer raro, não gostar de um livro. Por norma, há sempre algo que me prende e que faz com que a leitura tenha valido a pena. No entanto, desta vez, trago uma história que está longe de ser das minhas favoritas. Não desgostei por completo, houve partes cativantes, mas sinto que ficou muito aquém das expectativas que tinha criado!

Decidi comprar O Modelo, de Lars Saabye Christensen, por três motivos muitos distintos: a sinopse [que me deixou intrigada], o preço [3€] e o facto de me permitir não pagar portes numa encomenda que fiz na Wook. Não tinha qualquer referência em relação ao autor e às suas obras, mas quis arriscar na mesma, até pela possibilidade de sair da minha zona de conforto. O que eu acho extremamente importante, para ficar a conhecer outros tipos de escrita. Pode não ter sido a escolha mais feliz, mas não me arrependo. Aliás, questiono-me se o li na melhor altura, pois fi-lo numa fase em que andava com mais trabalho na faculdade e a minha concentração podia não ser a mais indicada. Portanto, não descarto a hipótese de o reler. E de vir a mudar a minha opinião.

A premissa é promissora! Quando Peter, a personagem principal, descobre «que sofre de uma doença terrível», a sua vida desmorona-se. Acompanhar o seu percurso a partir desse momento é perceber que há preocupações inevitáveis, medos, desconfianças e traumas. Simultaneamente, compreendemos que algumas decisões estão no limite «da legalidade e da ética», o que traz consequências para o pintor e para aqueles que o rodeiam, ao ponto de afetar as suas relações. Confesso que tive uma certa dificuldade em ligar-me a este enredo, apesar de ter características que me atraem bastante, porque senti que algumas partes ficaram confusas e ligeiramente desconexas. Tive, ainda, a sensação de que determinados pormenores ficaram em suspenso. Se existisse um maior aprofundamento dos mesmos, talvez a narrativa tivesse outro sentido. E ficasse mais clara, no meu ponto de vista, naturalmente.

O final, contrariamente, acaba por ser uma verdadeira surpresa. E mesmo não tendo ficado completamente agradada, não deixa de ser uma história com contornos interessantes. 


Deixo-vos, agora, com algumas citações:

«Eles beberam e Peter sabia naturalmente que Ben não acreditara naquela explicação, que Peter estava abalado porque o químico, o inventor da sua cor favorita, a base branca, havia morrido» (p:15);

«Peter falhara no momento decisivo. Ele hesitara. E fora isso que Kaia havia visto também. Peter sentia-se profundamente envergonhado» (p:39);

«- Eu desmaiei, Ben.
- No dia em que a Helene disse que estavas abalado?
- Sim. E voltou a acontecer mais uma vez.
- Porque é que não disseste nada à Helene?
- Não quis preocupá-la.
- Preocupá-la? Tu preocupas-nos a todos, Peter» (p:65);

«- A Kaia deve ter acordado.
Ele levantou o olhar.
- Vou sempre reconhecer a Kaia, não vou?
- Claro que vais. Porque não irias reconhecer?» (p:167);

«- Então espero que saiba que as crianças também ouvem aquilo que não lhes dizemos» (p:195)

Comentários

  1. Gosto tanto de encontrar essas pechinchas em livros :)
    Gostei da historia e do teu review :)
    Bjinhosss
    https://matildeferreira.co.uk/

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  2. Gostei!

    Beijinhos,
    Inês
    http://www.indiglitz.pt

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  3. Um livro bem barato de facto! Deixou-me uma certa curiosidade, mas ainda assim, tenho 1 para ler e só estou na quarta página. Tem sido difícil ter tempo para ler livros... Beijinhos

    www.carolinafranco.pt

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  4. Não gostaste muito, mas foram apenas 3€...
    Amiga Andreia, os meus votos de um FELIZ NATAL e de um óptimo ano de 2018.
    Beijo.

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  5. Sou como tu, é muito raro não gostar de um livro. Mas também é porque sou um bocado seletiva.
    Fogo, isso é que é um livro barato, deviam ser todos assim!
    Parece ter uma história interessante, mas se não gostaste muito não sei... Mas ainda assim vou escrever na minha lista para quando tiver oportunidade de o ler.
    Beijinhos,
    Cherry
    Blog: Life of Cherry

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  6. Já me aconteceu com o livro Amar depois de ti, na primeira vez que o li, não gostei muito, depois pensei no titulo, Amar depois de ti e voltei a ler. Se já gostei mais? entendi um pouco melhor o livro, que é uma grande história de vida e de amor e já gostei mais. Quanto a esse que falas, quem sabe a ltura em que o leste não foi a melhor, a ultima frase: as crianças compreendem bem o nosso silêncio.
    Beijinho

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  7. as crianças compreendem bem o nosso silêncio, é uma grande verdade, mas tu sabes claro :)

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  8. Não conheço o livro mas fiquei bem curiosa
    http://retromaggie.blogspot.pt

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  9. É mesmo, meu bem. É mesmo! Dá um alento incrível :D
    Entretanto já melhorei :P Finalmente!
    Obrigado :D

    Não conheço o livro nem o autor, para te ser sincero. Não faz tanto assim o meu género ainda que pareça bastante interessante. O preço também me convidaria a trazê-lo para casa, para te ser sincero! Em relação a não teres gostado tanto, pode estar mesmo na atenção que lhe deste e no facto de o teres lido numa fase em que estavas mais atarefada. Nada como, tal como disseste, o voltares a reler. No verão, talvez :P

    NEW REVIEW POST | YVES ROCHER: ILLUMINATOR LOOSE POWDER, WITHOUT SHINE!
    InstagramFacebook Official PageMiguel Gouveia / Blog Pieces Of Me :D

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  10. Há sempre histórias que não nos cativam tanto, e quem sabe, se o voltares a ler como disseste, se calhar até mudas de ideias :p

    Eu em 2018 tenho mesmo de ler, vou lançar-me um desafio a mim própria, que foi o que falhou em 2017 :p

    R: Sabe sempre bem estar em casa, não tendo o horário fixo sempre se descansa mais um bocadinho. A motivação é logo outra :p Obrigada minha querida <3

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  11. Valeu a intenção da semente.
    Obrigado por isso, Andreia.

    Um beijo e bom natal, de novo.

    silvioafonso


    .

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