JUSTIN BIEBER: SEASONS & CHANGES

Fotografia da minha autoria


«I just wanna be the best of me even though sometimes 
I forget to breath»


As nossas preferências aproximam-nos ou afastam-nos de determinados artistas. O que não significa que os escutemos a toda a hora ou que não possamos vir a apreciar fragmentos da sua obra. Simplesmente, tornam-se mais ou menos prioritários consoante a mensagem transmitida. E foi sempre neste limbo que acompanhei o percurso de Justin Bieber.

 O ARTISTA 

A primeira memória que tenho dele, enquanto artista em ascensão, é um vídeo a cantar a One Time, em versão acústica, há 11 anos - salvo erro. E tenho bem presente a minha perplexidade, porque era um miúdo com uma voz inacreditável. A partir desse instante, vi a sua evolução, dancei ao som de algumas canções, cantei outras tantas. Mas cheguei a uma fase em que me fui distanciando, não por não lhe reconhecer talento ou qualidade, apenas por ter maturado o que pretendia a nível musical. E, nesse caminho, ele não enquadrava como antes. É certo que foi surgindo de um modo pontual, porém, sem aquele fascínio inicial.

 SEASONS: O DOCUMENTÁRIO 

Quando escrevi acerca da utopia ou necessidade de separar o artista da obra, o seu nome palpitava-me como uma nota insistente. Porque houve muitas escolhas que me fizeram questionar a pessoa que eu nem sequer conhecia. E que não tinha qualquer direito de julgar. Além disso, por me ter separado da sua produção, percebi que ia tendo conhecimento desses detalhes por meias verdades. Mas cada história tem dois lados, no mínimo. E eu fui conhecer o seu, através do seu documentário.

O Seasons ofereceu-me outra perspetiva da sua vida. Da sua luta. Do lado mais negro da sua caminhada. Porque há alturas em que nos envolvemos tanto, mas com a energia errada, que perdemos o nosso propósito. E é duro ver os lugares sombrios a que as pessoas podem chegar. Portanto, existe um lado vulnerável em evidência, permitindo-nos compreender o efeito que a dependência e a ansiedade despertaram no seu funcionamento. As consequências. E a necessidade de fazer o correto. Num ambiente tão prolífero, nem sempre há noção dos limites. Perde-se o controlo. E é fácil sucumbir. Estando tão perto do abismo, a queda poderia ter sido célere. E irreversível. Por isso é que é crucial cuidarmos, em primeira instância, da nossa saúde mental. 

Em simultâneo, esta série de dez episódios mostra-nos o seu renascer. O seu regresso. A construção do álbum. Os laços afetivos. O casamento. O assumir de responsabilidades. E o reencontro com a sua essência.

 CHANGES: O ÁLBUM 

Assim que coloquei o Changes a tocar, senti uma alma diferente a conversar comigo, por mais surreal que isso soe, atendendo a que há um traço de total transparência. Há sofrimento e há redenção. E há, também, amor. Que é, no fim de contas, o nosso maior superpoder. Ao transitar entre temas, reconheci o retorno às origens. À consciência soul na escrita. À influência R&B, mesmo que exista um trilho sonoro pop subentendido. E a maturidade das letras, bem como da voz, é indescritível. É inspiradora. E revoluciona-nos por dentro, pois leva-nos a explorar os lugares mais profundos e silenciosos da nossa mente.

No documentário, Hailey Bieber menciona que adora um álbum que fica melhor à medida que o escutamos. E foi essa sensação que eu experienciei com este disco - lançado em fevereiro. Porque cada música é um degrau que estamos a subir. É uma homenagem a quem esteve sempre perto. É o seu grito de recuperação. Após ter cancelado, anos antes, os restantes concertos da tour Purpose, porque era imperativo ficar saudável, para ser a sua melhor versão e, consequentemente, para ser capaz de corresponder em palco e não ter a impressão de estar a desperdiçar o seu dom e a sua paixão, havia uma certa pressão para regressar bem. Em grande. E eu acredito que não o podia ter feito de uma maneira melhor. Porque nestas 17 canções está a sua alma inteira.

Changes é uma experiência avassaladora. Visceral. Sobre emoções e vivências. E sinto-me mesmo honrada por desfrutar desta obra de arte.

 UM NOVO CAPÍTULO 

Há muitos aspetos sobre os quais não refletimos, sobretudo, por não estarmos implicados no processo. Por essa razão, de peito aberto, terminei o documentário e o álbum com um novo respeito e admiração pelo seu trabalho e pela sua jornada. Porque não é fácil gerir tantos estímulos. Ver cada passo escrutinado. E pedir ajuda. O meio artístico foi uma escolha, porque é a sua paixão, mas isso não significa que tudo seja perfeito. E, como não há duas estradas iguais, é importante reconhecer que qualquer dor é válida. Que procurar acompanhamento profissional não é errado ou sinal de falha. E, por isso, creio que os testemunhos na primeira pessoa são tão importantes. Pois ajudam-nos a entender que não estamos sozinhos. Nunca. «A vida vale a pena ser vivida. E, se não vamos desistir, a única coisa a fazer é avançar».

Se nos voltaremos a distanciar no futuro? Não sei. Contudo, neste momento, estou agradecida por me ter reencontrado com este Justin Bieber mais adulto. Mais lúcido. Mais criativo. Mais introspetivo. Porque ele encontrou a sua luz. E está a seguir a direção certa.

Comentários

  1. Eu ando numa de nostalgia a ouvir os nossos GNR :) Relaxa-me tanto :)

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    1. Gosto muito! E algumas músicas têm quase presença obrigatória no meu quotidiano :)

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  2. Nunca acompanhei a carreira dele.

    Isabel Sá  
    Brilhos da Moda

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  3. Confesso que foi um artista que nunca apreciei muito. Mas quem sabe dê uma oportunidade ao disco que trouxeste a este post.

    Boa semana. Beijinho grande.

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    1. Sou suspeita, mas acho que o Changes está mesmo incrível! Se ouvires, depois diz-me o que achaste :)

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  4. Menino rico e mimado. Também um bom artistas para a juventude.
    .
    Uma boa semana
    Abraço

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    1. Tem trabalhado para o ser! Quanto à parte do mimado, não posso confirmar nem desmentir. Mas a verdade é que, tal como todos nós, teve a sua parte de comportamentos menos felizes. Faz parte do crescimento.
      Sim, até porque começou muito novo. Quanto mais não seja, é um exemplo de perseverança e de trabalho

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  5. Confesso que nunca foi mesmo de acompanhar a carreira desse artista
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

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  6. No início ouvi demasiado ahah principalmente “One Time” e “Baby”. Na escola éramos fanáticas ahah depois deixei de me identificar com ele e atualmente não o acompanho. Mas tenho curiosidade em ver o documentário, assim sempre conhecemos tudo o que o envolve por trás de câmaras.

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    1. É normal. Vamos crescendo e nem todos os artistas continuam a fazer sentido na nossa vida!
      Recomendo, porque, para além de nos mostrar o seu lado dos factos, faz-nos compreender um pouco melhor a caminhada que teve, a origem de muitos dos seus comportamentos e o que o próprio trabalho de escrita/produção exige

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