MOLESKINE 2020 //
O MELHOR DE JULHO

Fotografia da minha autoria


«A vida é feita de momentos colecionáveis»


Julho. Um mês que passou num sopro. Que me permitiu abrandar, reorganizar algumas ideias, apostar na minha formação e, inclusive, estabelecer alguns reencontros - locais e musicais. Além disso, teve um sabor especial, porque, ainda que à distância, pude celebrar mais uma vitória de um dos meus. Com uma energia descomplicada e intimista, este capítulo foi um ótimo ponto de equilíbrio físico e emocional.



Formação de Língua Gestual Portuguesa: O meu contacto com a Língua Gestual Portuguesa ocorreu cedo. Porque a minha catequista - salvo erro, do segundo ano - era professora e, perante o nosso interesse, ensinou-nos a gestualizar o alfabeto, formas de saudação, cores e frutas. Contudo, embora tenha memorizado alguns dos gestos, muitas dessas imagens foram-se perdendo. Pela falta de prática. Pela falta de necessidade. Por ter focado a minha atenção noutras vertentes. Mas permaneceu a vontade de ser mais inclusiva. Acredito que a nossa formação é contínua. Por isso, após ter-me cruzado com algumas partilhas sobre Escola Virtual de LGP, decidi arriscar e investir nesta aprendizagem tão útil e fascinante [experiência completa aqui].


Meu Mágico Porto: O Campeão voltou! E eu ainda não tenho palavras para descrever a emoção, o orgulho e a superação que foi esta caminhada. Foi preciso subir uma montanha, lutar contra todas as adversidades e ver a equipa a transcender-se. Mas a vista do topo é lindíssima. Não foi, de todo, uma competição perfeita, mas saber que não se renderam tornou o festejo especial. Ainda para mais, este troféu é a prova da união que envolve todo o grupo, desde os jogadores à equipa técnica, sem esquecer os adeptos. Obrigada por serem tão Porto quanto eu ♥


A Pão de Forma a Caminho do Sistelo: O sonho de percorrer Portugal de Norte a Sul não esmoreceu. Só necessitou de ser reajustado para nos salvaguardarmos, ainda mais, neste período de pandemia. Portanto, como o nosso verão não seria o mesmo sem um piquenique, rumamos até ao município de Arcos de Valdevez, para visitarmos uma das aldeias vencedoras das 7 Maravilhas, conhecida como o Tibete Português [aqui].


Habemus Mestre: Se algum dia pensei assistir a uma defesa de mestrado por Zoom? Não. Mas foi o que aconteceu, no passado dia 23. E foi com o maior orgulho que vi o T. a alcançar mais esta meta. Por todos os valores que o movem - e por ter tido a sorte de estar presente em grande parte do seu percurso académico -, sei que será um profissional exemplar. E só espero que possa ter a[s] sua[s] turma[s] rápido, porque os nossos alunos precisam de pessoas tão inspiradoras como ele.

Julho trouxe, ainda, um convite especial. E eu sinto-me grata por fazer parte dos sonhos das outras pessoas. É um impulso de confiança que nos desarma e que nos enche o coração. Espero ter correspondido.



Deixa-me Entrar na Tua Vida // Margarida Fonseca Santos: É uma viagem visceral. Emocional. E desarmante. Porque nos coloca logo em confronto com a certeza de que só podemos auxiliar alguém que pretenda receber essa assistência. Mas, quando a pessoa em questão é um elemento familiar - ou, até, uma amizade muito próxima -, como é que fazemos essa gestão? Como é que viramos as costas? Como é que o vemos a deteriorar sem lhe darmos a mão? Ou, melhor, como é que o fazemos e não nos sentimos magoados por recusar a nossa ajuda, tendo em conta que só queremos o seu melhor? [Uma Dúzia de Livros // Julho].

O Jardim das Borboletas // Dot Hutchison: Um thriller psicológico. Doentio. Marcante. E, surrealmente, belo. No entanto, parece quase errado assumir esta última qualidade, porque o enredo tem contornos horríveis, que nos fazem questionar os limites do ser humano e o quanto desconhecemos as pessoas que nos rodeiam. Enquanto a vida continuava o seu ritmo natural, dentro de uma mansão isolada aconteciam os atos mais hediondos. E cada descrição revolta-nos. Desassossega-nos. Passei a maior parte do livro com o coração em alvoroço, mas a verdade é que não conseguia deixá-lo, porque as personagens são cativantes e o desenrolar da ação desperta-nos a necessidade de saber mais. De compreender as motivações e como é que tudo se processou. Com um final surpreendente, esta história pode chocar - e muito. Mas é uma autêntica obra de arte. Quero ler mais!

O Ano do Pensamento Mágico // Joan Didion: A vida muda num instante. Num dia normal. E é este pensamento que acompanha todo o desenvolvimento deste relato franco. A autora escreve-nos sobre o pior e o mais transformador ano da sua vida, com a morte do marido e o coma da filha. Confesso que estava à espera de um texto mais visceral, mas acho que compreendi o rumo que as suas palavras seguiram. Porque todos temos o nosso processo de luto; todos nós temos uma forma particular de lidar com a perda. E encontramos pequenos mecanismos de defesa em vários aspetos distintos. Além disso, partilhando a sua experiência de um modo tão honesto, permite-nos refletir sobre os diferentes tipos de dor e sobre o quanto o nosso sofrimento nos deixa num estado de dormência, como se fosse impossível aquela ser a nossa realidade. Assumindo a necessidade de superar, de recuperar a sua vida, também vai compreender - e mostrar-nos - que há coisas que não podemos controlar. Que a memória nos pode pregar partidas. E que, apesar de tudo, ainda existem fragmentos de esperança. Com uma escrita irrepreensível, oscila entre a culpa, o desamparo e a autocomiseração, alertando-nos que há um momento em que temos que libertar os mortos, mesmo que demore, porque viverão sempre de alguma maneira. Em nós.

Largos Dias Têm 100 Anos // Jorge Nuno Pinto da Costa: O Porto corre-me na alma e no coração. Cresci a celebrar conquistas verdadeiramente surpreendentes, mas sempre do lado de fora do campo. Por isso, ter a oportunidade de conhecer a história do meu clube, através do olhar atento do nosso Presidente [ainda antes de o ser], é bastante especial. Além disso, a emoção das suas palavras é quase palpável, o que me fez sentir que, mais do que representar um alto cargo, estava perante o discurso de um adepto como eu. A caminhada azul e branca não foi um mar de rosas, mas, como mencionou Pinto da Costa, «quanto maiores são as dificuldades, quanto mais aumentam as adversidades e quanto mais forte é a pressão, tanto mais a nossa equipa se agiganta e demonstra por que é que, ao longo destes anos, venceu tudo o que venceu». Recordando o percurso daquele que é considerado o desporto rei, mas sem esquecer as modalidades e a sua importância, creio mesmo que este livro não é só para portistas - mesmo que nos toque com maior sensibilidade. É, sim, para todos aqueles que nutram o mínimo de curiosidade por um mundo tão carismático como é o do desporto.


1Q84 Vol.3 // Haruki Murakami: O último volume desta trilogia é ainda mais misterioso. Surreal. Envolvente. Não só pelos acontecimentos com que nos vai confrontando, mas também pelo facto de ser acrescentada uma nova personagem, que torna a dinâmica distinta e com outro nível de interesse. Embora consigamos encontrar várias respostas, há sempre perguntas que se formam logo de seguida. E eu senti-me numa procura constante, criando possíveis desfechos. Porém, naturalmente, mantive-me longe dos passos imaginados pelo autor. Terminei a leitura a desejar conhecer o depois - sinto que o pede. Apesar de tudo, acredito que Murakami nos permite sonhar com o futuro. E isso é espetacular.

A Hora Má: O Veneno da Madrugada // Gabriel García Márquez: Esta «fábula de violência colectiva» divide-se em infelicidade, infidelidade, descrença, desconfiança, boatos e revolta popular. E se há algo que a comunidade partilha é o facto de se sentir ameaçada, porque parece que todos têm algo a esconder. Embora a premissa seja interessante, e a escrita do autor nos conquiste, faltou-me algo no enredo. Talvez mais detalhes ou mais força emocional nas descrições. É um livro que se lê quase num fôlego. Contudo, não me arrebatou.

Harry Potter e a Câmara dos Segredos - Versão Ilustrada // J. K. Rowling: A história dispensa apresentações. Mas ter a oportunidade de a redescobrir nesta edição é transcendente. Porque as ilustrações são lindíssimas. E porque chega a um ponto em que nos sentimos parte do enredo; em que parece que estamos realmente a vivenciá-lo. Além disso, é mágico vermos determinadas passagens e personagens a adquirirem uma imagem. Torna a leitura mais surpreendente. E, até, emocional.



Good Girls Revolt: Esta série, passada no final dos anos 60, é baseada na história verídica de muitas mulheres no mundo do jornalismo. Portanto, vamos assistir à revolta de um grupo de investigadoras, pois era a única tarefa que lhes era permitida. Embora fizessem a maioria do trabalho, estavam impedidas de escrever e de assinar notícias. Até que se insurgem perante as desigualdades de género. Good Girls Revolt é sobre estereótipos e discriminação. Mas também sobre confiança. E assistir a todo o ambiente naquela redação é absolutamente viciante.

Afraid Of The Dark: Tenho uma enorme admiração pelo Trevor Noah. E, depois de ler lido Sou Um Crime, fui assistir a este seu solo de Stand Up, no qual reflete «sobre os perigos de dar nomes a países, os semáforos e os nova-iorquinos e as razões porque nunca se deve beber álcool na Escócia». Mas não só. Caso se estejam a perguntar se vale a pena, acreditem, vale mesmo. Porque ele é carismático, expressivo e com uma energia que contagia. Que exemplo bonito de ser humano!

Para terminar em grande, revi todos os filmes d' A Ressaca. Épicos.



Um Semestre de Leituras: Inspirada pela publicação da Sofia Costa Lima - A Sofia World -, resolvi partilhar uma atualização sobre os livros que me acompanharam no primeiro semestre de 2020, compartimentando-os nos respetivos projetos/iniciativas [publicação completa aqui].

Em Rede // Trade Stories: A aventura desafiante e, talvez, insana de não comprar livros, enquanto não diminuísse a quantidade em falta, despertou-me um lado muito mais consciente. Porque compreendi que nem todas as histórias fazem sentido serem mantidas, estando, deste modo, a condicionar o espaço disponível para acolher novos exemplares. Há um ano, criei a Feira das Entrelinhas, colocando uma série de obras à venda. Atendendo ao compromisso que quis definir para 2020, percebi que era o momento ideal para um novo desapego [publicação aqui].

Máquina de Escrever // Um Dia, Iremos Render-nos: A um passo do precipício / De braços abertos para voar / Nesta luta sem armas / Desleal e sem pontos de retorno [publicação completa aqui].

Storyteller Dice // Óculos, o Palhaço Zangado: A manhã acordava com sol, mas dentro de casa do palhaço Óculos estava sempre a chover. Porque não havia um único dia em que ele não se levantasse irritado, sempre a reclamar com tudo. E ninguém conseguia descobrir a razão da sua má disposição. Talvez nem ele soubesse qual era, porque, ao que parece, sempre foi assim. Quer dizer, desde que se começou a vestir de palhaço: uma profissão herdada, mas não desejada [publicação aqui].

Justin Bieber: Seasons & Changes: As nossas preferências aproximam-nos ou afastam-nos de determinados artistas. O que não significa que os escutemos a toda a hora ou que não possamos vir a apreciar fragmentos da sua obra. Simplesmente, tornam-se mais ou menos prioritários consoante a mensagem transmitida. E foi sempre neste limbo que acompanhei o percurso de Justin Bieber [publicação completa aqui].



Bolachas de Chocolate Negro: A Sofia e a Lyne desafiaram-nos a ler um livro relacionado com culinária e, além disso, questionaram-nos sobre os sabores que não nos passaram despercebidos aquando da leitura e sobre a receita que a poderia, eventualmente, acompanhar. Tendo em conta o exemplar - ou terão sido exemplares? - que escolhi, a verdade é que poderia confecionar vários pratos, sobretudo, na área das sobremesas. Ainda equacionei outra possibilidade, mas percebi que o meu coração me guiava para uma em particular, pois a própria insistência da protagonista tornou-a central. Portanto, pus a mão na massa e fiz bolachas de chocolate negro [receita completa aqui].


Infusão Fria: Bebo chá o ano todo. E adoro infusões frias, porque são mesmo práticas. Recentemente, encontrei esta de Frutos Silvestres e gostei bastante. O sabor não fica intenso, mas é refrescante.


Uma vez mais, não posso deixar de mencionar os gelados do Mercadona. Este mês, apostamos nos individuais de menta e chocolate e já não quero outra coisa. Que delícia! O sabor da menta dura horas na boca.



Corte e Costura: Desconfinei e aproveitei para adquirir algumas peças que senti estarem em falta no meu armário, quer pela cor, quer pelo formato em si. E, para minha grande surpresa, encontrei dois vestidos lindos, que me deixaram apaixonada. Embora sejam simples, têm detalhes distintos. E vieram colmatar uma falha no meu vestuário, visto que os adoro, mas que é raro encontrar modelos que me fiquem bem, sem que tenha de libertar um rim na loja. Além disso, comprei esta camisa tão fresca e fácil de conjugar. E um par de calções, num tom semelhante.


Body Positivity? Sim, Mas...: Estava a ler este texto da Sofia e a fazer-lhe vénias sucessivas, porque toca na ferida. E há pessoas que deviam tê-lo colado no espelho, no teto, onde for, que é para ver se a mentalidade muda. É que já chega de estarmos, constantemente, a apontar o dedo ao nosso corpo e ao corpo dos outros. Embora possamos saber o que se passa com o nosso, não sabemos a luta de quem nos rodeia. E insistirmos em comentários maldosos ou, simplesmente, desnecessários, não vai ajudar. Em nada! [publicação completa aqui].



Julho trouxe alguns artistas de volta à minha vida. E eu acho sempre fascinante as voltas e os reencontros que nos esperam. Porque estamos num crescimento constante e há linhas musicais que se vão adequando mais ou menos a certas fases da nossa jornada. Portanto, para além de uma playlist heterogénea, dançável e reflexiva, o meu mês contou com o fantástico Presente [Fernando Daniel], com o pacífico Tainá [Tainá], com o avassalador Changes [Justin Bieber], com o surpreendente Folklore [Taylor Swift], com o acústico Com Tempo [Janeiro] e com o encantador - e recente - Mercúrio [Jimmy P & Carolina Deslandes].


A Surpresa: This City 🎧 Melhor duo: Sabes Que Não 🎧 A diferentona: Be Like That 🎧 As favoritas: Passo a Passo & Ao Pé de Mim 🎧 
Artista Revelação: Left



Maria Botelho Moniz: Se há profissional por quem nutro uma grande empatia e admiração é pela Maria Botelho Moniz. Recentemente, foi convidada do Maluco Beleza e, claro, não podia perder a oportunidade de escutar esta conversa maravilhosa. Porque nota-se que tem o coração no lugar certo [parte 1 e parte 2 - brevemente, sairá a terceira].

Seasons: O último episódio foi disponibilizado em fevereiro, mas só este mês é que assisti ao documentário do Justin Bieber. Como referi nesta publicação, permitiu-me conhecer outra perspetiva da sua vida, da sua luta, do lado mais negro da sua caminhada. Mas também do seu renascer. Do assumir de responsabilidades. Dos laços afetivos. Do reencontro com a sua essência. E da produção que envolveu o seu álbum.



Não há um dia em que não me sinta abençoada pelo meu presente. E, por isso mesmo, faço questão de agradecer cada detalhe que complementa a minha história. Portanto, em julho, estou grata por...

... Ser incluída na concretização de um sonho.

... Festejar mais um título do meu clube.


... Celebrar a vitória dos meus.

... Ver alguns dos meus livros para venda a voar para outras casas.


... Estar a investir numa nova ideia.

Comentários

  1. Que Julho tão bom. Que Agosto seja tão ou mais preenchido.

    Beijinho grande!

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  2. Que foi um mês cheio de coisas boas, espero que este novo te traga só coisas boas
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

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    1. Foi mesmo de encher o coração!
      Obrigada e igualmente, Sofia :)

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  3. Oi Andreia
    Foi um mês recheado de coisas boas e interessantes
    Que o próximo seja ainda melhor
    Beijinhos

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  4. Tiveste um mês rico e maravilhoso pelo que li :)
    Infelizmente não andei muito presente, com crianças pequenas não é fácil arranjar tempo, mas este post pôs-me a par <3
    Há muito que fico a olhar para os livros de Haruki Murakami, mas ainda não comprei nenhum, tenho curiosidade mas não sei até que ponto sou capaz de mergulhar neles ainda.
    Desejo-te toda a sorte nessa nova ideia. Espero um dia poder vê-la ;)
    Grande beijinho

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    1. Só posso estar agradecida por ele <3
      Muito, muito obrigada!
      Estava bastante curiosa com a escrita do autor e com a trilogia 1Q84. Antes de começava, tive algum receio de não conseguir acompanhar a história, mas senti-me tão envolvida, que só queria avançar mais e mais.
      Quem sabe ;)

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  5. Realmente Julho é sempre um mês tao longo mas este ano voou talvez por ter sido tao intenso e por termos tido muito para fazer, pelo menos senti isso :) Tambem gosto muito de infusoes frias, ultimamente temos bebido agua com sabores (fruta, pepinho e hortela) <3 Adorei as tuas peças de roupa novas :)
    Feliz Agosto <3

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    1. Sei que é um lugar comum, mas sinto que ainda ontem entrei em julho e já me estou a despedir. É surreal :o
      Também gosto bastante :)
      Obrigada e igualmente, minha querida

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  6. Muitos parabéns pela formação em Linguagem Gestual! E pelo nosso Porto campeão <3 (Essas bolachinhas têm todo o ar de serem maravilhosas!!!)

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    1. É uma ótima forma de explorarmos mais a Língua Gestual. Claro que não ficamos a saber tudo, mas dá-nos as bases certas para, depois, investirmos mais.
      Foi o ponto alto do mês :D
      São mesmo!

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