ENTRELINHAS //
O CARTEIRO DE PABLO NERUDA
O CARTEIRO DE PABLO NERUDA
![]() |
Fotografia da minha autoria |
«Um romance inesquecível»
O contexto onde nascemos não tem de ser o fio condutor para o resto da vida. Aliás, tendemos a trilhar um percurso identitário. E isso não implica logo uma escolha melhor ou pior, significa que queremos construir o futuro pelos moldes que nos parecem mais indicados. Com avanços e recuos, há sempre surpresas ao virar da esquina, prontas a desarmarem-nos. Tal como se verifica no livro de Antonio Skármeta.
«- Formidável? Recebe quilos de
correspondência todos os dias» [p:18]
O Carteiro de Pablo Neruda retrata um país em transformação, por consequência do plano político que se sobrepõe ao direito de escolha da população. No entanto, este panorama da década de 70 chilena é abordado de um modo secundário, porque o grande protagonista é o humor e a amizade improvável entre Mário - um eterno pensador, que observa o mundo com um filtro introspetivo - e um dos mais importantes poetas do século XX. E a ligação que se estabelece entre ambos é de uma sensibilidade comovente, até porque não perde a humildade, tornando-se, inclusive, inspiradora. Com uma escrita simples e cuidada, seremos confrontados com as reviravoltas curiosas que o destino nos reserva.
«- Não sou doido nenhum, chefe.
Assim vejo o poeta duas vezes» [p:38]
No centro desta atmosfera tão especial, o autor criou, ainda, duas forças relacionais contrastantes, uma vez que nos apresenta o elo de simplicidade entre o carteiro e Neruda e o erotismo entre o carteiro e a mulher por quem está apaixonado. Oscilando por estes registos, que nos proporcionam experiências distintas e, ao mesmo tempo, complementares, sentimos o traço antagónico entre a juventude e a maturidade e refletimos sobre o amor, a persistência e os sonhos. Conjugando a beleza das emoções, compreendemos o poder do querer e a necessidade de não nos deixarmos demover por opiniões alheias, que em nada potenciam o nosso crescimento e a nossa felicidade. E é assim que, com tanta harmonia nas palavras, se projeta um caminho de poesia.
«- Filhinha, não me contes mais nada. Estamos perante
um caso muito perigoso. Todos os homens que primeiro tocam
com as palavras, depois chegam mais longe com as mãos» [p:63]
Este livro é uma ode à liberdade, provando-nos que a vida pode mudar num segundo e que nunca é tarde para aprender algo novo e para abrir a porta para que outras pessoas entrem na nossa casa. Deste modo, com um enredo pautado de metáforas, gerimos o nascimento e a morte. Recompomo-nos da solidão e da saudade. E priorizamos o compromisso da intervenção, que vai procurando colmatar a ingenuidade, a inação e a censura. Porque dentro destas páginas há várias camadas por desvendar.
«- É que você não lê as palavras, mas devora-as,
senhora. As palavras temos de saboreá-las. Temos de
deixá-las desfazerem-se na boca» [p:108]
O Carteiro de Pablo Neruda é uma obra que transborda paixão, admiração e uma lealdade ímpar. Sem esquecer a transmutação do país, no qual cada habitante tenta viver o seu quotidiano sem atrair problemas de maior, é este amor literário que nos redobra o fôlego e a esperança.
«- O que me queres esconder? Porventura quando abrir a janela
não estará lá em baixo o mar? Também o levaram?» [p:158]
Não conhecia este livro e fiquei mesmo curiosa com a narrativa. Vou levar a sugestão :)
ResponderEliminarBeijinho grande, minha querida!
Há uns tempos, a minha tia trouxe-me alguns livros e tive a sorte de ficar a conhecer este. Lê-se mesmo bem :)
EliminarUm excelente livro.
ResponderEliminarUm abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
É mesmo :)
EliminarObrigada e igualmente, Francisco!
É um livro fabuloso.
ResponderEliminarContinuação de boa semana, querida amiga Andreia.
Beijo.
Completamente :)
EliminarObrigada e igualmente, Jaime!
Já ouvi falar do livro, mas nunca li.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Se tiver curiosidade, recomendo :)
EliminarVi o filme ha ja muito tempo e quero muito ler este livro lindo :)
ResponderEliminarTenho de fazer o percurso inverso, porque falta-me o filme :D
EliminarBom dia. Obrigado pela excelente dica de livro.
ResponderEliminarObrigada pelo retorno!
EliminarQuero muito ler o livro! :)
ResponderEliminarwww.amarcadamarta.pt
Acho que vais gostar :)
EliminarGosto muito de Pablo Neruda! Bjinho
ResponderEliminarTenho de me aventurar na obra do poeta :)
EliminarAinda não tinha ouvido falar desse livro, mas parece ser uma boa opção para conhecer
ResponderEliminarBeijinhos
Novo post
Tem post novos todos os dias
Sim, é mesmo :)
EliminarNunca li nada de Pablo Neruda, mas tenho um amigo que é fã de escritores sul americanos e que está sempre a dizer-me que quando começar a ler não vou largar!
ResponderEliminarDe Neruda também nunca li nada, mas estou bastante curiosa
Eliminar"Este livro é uma ode à liberdade, provando-nos que a vida pode mudar num segundo e que nunca é tarde para aprender algo novo...", agora fiquei ainda mais curioso, e primeiro porque tenho muito interesse pela cultura latino-americana, inclusive chilena, sobre qualquer coisa que tenha a ver com a poesia, a arte daquele país, e Neruda é um dos maiores representantes!
ResponderEliminarAcho que ias gostar :)
Eliminar