THE BIBLIOPHILE CLUB // OUTUBRO
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Fotografia da minha autoria |
Tema: «Se eu li isto, também deveria ler...»
A minha admiração por Afonso Cruz é tanta, que arrisco na sua obra sem precisar de qualquer referência. Porque conquistou-me à primeira frase. E é este vínculo emocional que torna a experiência mais estimulante, aumentando a minha vontade de ler todos os seus livros. Portanto, quando o The Bibliophile Club partilhou o tema para outubro, o meu pensamento foi: se já li alguns da sua autoria, então, tenho de abraçar o único que me falta descobrir - dos que tenho cá em casa.
«Havia breves e raros momentos em que a nossa casa sorria» [p:20]
Princípio de Karenina é uma carta de amor escrita por um pai para a filha que não conhece, contando-lhe a sua caminhada desde a infância até à idade adulta, numa tentativa de minimizar a distância e a ausência. Este tom intimista, que nos leva aos confins do mundo, mais concretamente, à Cochinchina, permite desconstruir o silêncio, a deformação física, o medo do desconhecido e os preconceitos que nos limitam. Além disso, expõe a cegueira que nos impede de ver - e de apreender - o que se passa à nossa volta, muito por influência da nossa estrutura familiar, que tem o dom de nos abrir janelas ou de nos cortar as asas. E não deixa de ser angustiante perceber como estas marcas nos impedem de alargar horizontes, perpetuando uma herança que não ambicionamos, mas que assumimos como uma verdade absoluta, porque crescemos naquele ambiente. Assim, é percetível que devemos educar, no máximo alertar para o perigo, mas nunca impor a nossa forma de estar.
«O meu pai, sei disso hoje, resumia-se a uma palavra: medo» [p:37]
Esta narrativa é feita de escolhas e de arrependimentos que se tornam quase palpáveis, porque o discurso do protagonista é extremamente honesto, incentivando-nos a refletir sobre a solidão, a intensidade dos nossos sentimentos e emoções e, inclusive, sobre a medição da felicidade. Até que ponto é que é indicado fazê-lo? Qual o resultado dessa tentativa? Será que existe mesmo uma escala? Deambulando por uma série de memórias, começamos a olhar para dentro, a fugir do isolamento em que nos acomodamos e a procurar perceber quem somos, quem desejamos ser e que rumo queremos para a nossa vida. Uma vez que o destino consegue sempre reservar-nos um apontamento de ironia, é nesta viagem introspetiva, que nos faz sentir o mundo para além das nossas fronteiras, que compreendemos o quanto o amor é tão desarmante.
«É isto, não é? Não percebemos o lugar onde vivemos
porque estamos encerrados nesse mesmo lugar» [p:96]
O medo pode ser paralisante - e imaginem o que seria temer tudo o que é estranho ao nosso contexto -, mas, quando nos permitimos desagregar da manipulação de terceiros, descobrimos a nossa verdade. Através de uma história simples, mas a transbordar de lições preciosas, acompanharemos um pai a redefinir-se, a construir pontes na diferença e a validar o sentimento mais poderoso que nos palpita no peito, aceitando o outro e tudo aquilo que aprendeu a rejeitar, porque não traria benefícios. Em simultâneo, recuperando a perceção de que o núcleo familiar pode ser disfuncional, assume um caminho de redenção.
«Com a alegria, todos riem de maneira semelhante, mas, face
ao sofrimento, a atitude é quase sempre uma surpresa» [p:115]
Princípio de Karenina, com a sua escrita poética, explora a suplantação da maldade, a pluralidade da condição humana e as imperfeições que criam variedade. Deixando-nos sempre com uma sensação de nostalgia, é um livro que nos desperta, que nos comove e que nos faz analisar os nossos limites - emocionais, mentais e geográficos.
«Fiquei atento à tua chegada ao avião para ver se o teu
rosto correspondia ao que sonhara e imaginara» [p:176]
// Disponibilidade //
Nunca li nada do autor, mas deixaste-me muito curiosa para ler este livro. Vou levar a sugestão para a minha lista.
ResponderEliminarBeijinho grande!
É um autor que recomendo de olhos fechados!
EliminarEste ainda não o li mas está na minha lista.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Acho que vai gostar, Francisco!
EliminarObrigada e igualmente :)
Olá Andreia!
ResponderEliminarNão conhecia o autor mas ao ler o post suscitou-me curiosidade em ler este livro, em particular. Obrigada pela partilha.
Boa semana
https://sosweetgirlythings.blogspot.com/
Bem sei que sou suspeita, mas é um autor que vale muito a pena conhecer. Aconselho :)
EliminarMais uma excelente sugestao :) De cada vez que falas neste autor fico ainda mais curiosa por ler livros dele :)
ResponderEliminarSe tiveres oportunidade, aconselho, minha querida *-*
EliminarNunca li, mas vou tomar nota da dica.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Vale a pena :)
EliminarEstava muito indecisa na primeira leitura que faria de Afonso Cruz. Acabei por comprar "O Pintor Debaixo do Lava-Loiças" e vou ler agora em Novembro para o #umportuguêspormês + Ler Os Nossos (@amulherqueamalivros).
ResponderEliminarApesar de ainda não ter lido nada do autor, já tenho a minha wishlist cheia de livros dele, incluindo este de que falas na publicação, pois todas as sinopses me cativam e acho que vou adorar ler Afonso Cruz 😊
Compraste um dos meus livros favoritos do Afonso Cruz *-* espero que gostes!
EliminarFico sempre rendida à sua capacidade de contar histórias, é incrível
Nunca li nada de Afonso Cruz.
ResponderEliminarContinuação de boas leituras.
Vale a pena :)
EliminarObrigada e igualmente, Teresa!
Parece ser bastante interessante!!
ResponderEliminarxoxo
marisasclosetblog.com
É mesmo, Marisa *-*
EliminarNunca li nada dele, mas parece ser muito interessante. Bjinho
ResponderEliminarSe tiveres curiosidade, recomendo :)
EliminarForça e boa disposição. Para melhor ser a leitura. Viajando nas páginas dos livros que nos conduzem a, alguns, lugares onde nunca se irá fisicamente. O que não deixa de ser fascinante.
ResponderEliminarContinuação de boa semana Andreia.
A leitura aconchega-nos a alma *-*
EliminarObrigada e igualmente
Ainda não tinha ouvido falar desse livro nem conhecia quem o escreveu, mas parece ter uma história bem interessante
ResponderEliminarBeijinhos
Novo post
Tem post novos todos os dias
É um livro muito bonito!
EliminarQue vergonha, tenho andado sem paciência para ler!
ResponderEliminarHá alturas em que a nossa predisposição não combina com a literatura, faz parte
EliminarFiquei curioso. Adoro estas partilhas.
ResponderEliminarBem-hajas, tudo de bom!
É um autor fascinante :)
EliminarObrigada!
Não conheço este autor mas deixaste me curiosa com as tuas partilhas
ResponderEliminarbeijinhos
Rêtro Vintage Maggie | Facebook | Instagram
Se tiveres curiosidade, recomendo-o :)
EliminarAté me senti inspirada a escolher de que livro falar para o tema de outubro eheh
ResponderEliminarEstou para ler Afonso Cruz há imeeeeeeeeenso tempo. E é junto de ti que essa vontade aumenta. Tenho mesmo de o explorar, não consigo ficar indiferente ao modo como o mencionas, de verdade!
Esta história parece-me daquelas com as quais criaria uma ligação profunda, imensamente empática. Talvez, comece por ela!
Beijinhos,
LYNE, IMPERIUM BLOG // CONGRESSO BOTÂNICO - PODCAST
Sem querer pressionar, mas pressionando, lê, por favor. Sinto que Afonso Cruz te irá conquistar *-*
EliminarÉ uma história aparentemente simples, mas o traço emocional é maravilhoso. Embora seja suspeita, porque adoro sempre os livros do autor, acho que vale mesmo a pena.