THE BIBLIOPHILE CLUB // NOVEMBRO

Fotografia da minha autoria



Tema: Um livro com mais de 400 páginas


O tamanho de um livro pode enganar. Se, por um lado, os mais curtos são considerados rápidos de ler, por outro, os mais longos impõem um certo respeito. No entanto, é sempre relativo, pois depende do ritmo da narrativa e do quanto nos envolve. Por essa razão, sinto ser pertinente desconstruir esse estigma, para que o número de páginas não nos distancie de uma história. Tendo em conta o tema de novembro do The Bibliophile Club, abri os abraços à obra de estreia de Íris Bravo.

«Ser persistente é bom, mas saber quando desistir também»

A Terceira Índia está dividida em duas partes: a primeira referente aos acontecimentos em Portugal e a segunda centrada em Moçambique. Embora a escrita seja fluída em ambas, confesso que foi a segunda que ficou com o meu coração, porque tem um traço mais genuíno, mais maduro e com um rasgo de emancipação que acalenta a esperança de uma metamorfose positiva no mundo, apesar de o caminho permanecer longo. Por oposição, os capítulos que têm o nosso país como cenário de fundo despertaram-me sentimentos contraditórios, uma vez que me aproximaram de um assunto que afeta mais mulheres do que aquelas que imaginamos, ao mesmo tempo que, numa viagem ao passado, me deixaram irritada com o snobismo e a desculpabilização de certas atitudes, porque a paixão cega-nos. Apesar disso, esta dimensão antagónica é elucidativa de uma característica: este livro faz-nos sentir. Seja admiração, seja revolta, seja receio, porque tem um dialeto muito humano e empático.

«Olhei para o copo espatifado e decidi que não o ia apanhar 
porque era uma metáfora perfeita de mim própria»

A vida é imprevisível e aquilo que cremos como certo revela-se um pedaço desconhecido da nossa realidade. E este enredo, que nos desorganiza por dentro, implica-nos em temas como a infertilidade, a complexidade social de Moçambique, o aborto, as famílias conservadoras, a traição e a religião. Em simultâneo, coloca uma bandeira nas desigualdades, na ecologia, na exploração infantil, no tráfico humano e na corrupção. Atendendo a que as nossas ações marcam o nosso percurso, há situações que nos obrigam a repensar cada passo.

«A partir daquele dia, o "para sempre" deixou de existir, 
era uma utopia em que só as tolas acreditavam»

Um aspeto que sinto importante destacar é o desgaste emocional de uma relação, quando a gravidez se torna uma obsessão, sobretudo, se o casal estiver num processo de fertilização in vitro, mostrando que a comunicação é imprescindível e que existem repercussões sempre que, consciente ou inconscientemente, afastamos um dos elementos. Numa fase tão delicada e ansiosa, relegar o homem ou a mulher para segundo plano, como se fossem estranhos, enfraquece qualquer elo. E creio que a autora captou bem esta dinâmica. Contudo, fica a ressalva: a premissa privilegia este assunto, sendo o seu ponto de partida, mas o livro é feito de outras camadas, permitindo-nos percorrer novas rotas.

«Achei querido ficar incomodado por pensar que me ia embora por causa da 
nossa conversa, mas não tinha muito tempo para lhe explicar os meus motivos»

A Terceira Índia tem um simbolismo muito bonito, a começar pelo título [entrevista]. E representa uma viagem física e metafórica. Com diálogos sólidos e um retrato psicológico fascinante, também possibilita quebrar estereótipos e compreender que, muitas vezes, o essencial é onde pretendemos chegar. Mesmo sabendo que esta história vale por si só, merece continuação, pois ficaram questões em aberto.

«Nunca me tinha enganado tanto acerca de alguém»


// Disponibilidade //
Wook: Livro | eBook
Bertrand: Livro | eBook

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Comentários

  1. Tenho muita curiosidade em ler este livro, já li resenhas muito positivas. Obrigada pela partilha, vou ler como sugestão para uma próxima leitura.

    Beijinho grande!

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  2. Mais uma excelente sugestão :) Fiquei com vontade de ler :)

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  3. O livro não tenciono ler, Andreia, todavia a minha visita aqui valeu a pena para olhar a tua maravilhosa fotografia.

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  4. Deve ser uma boa opção para conhecer, acho que nunca ouvi falar desse livro
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

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  5. QUE DEUS ILUMINE AS NAÇÕES QUE,EM BREVE, NOS SALVARÃO DO CORONAVIRUS!
    VENHA TORCER CONOSCO NO BLOG DO SEU ANTIDO SEGUIDOR: "MUSICA É FELICIDADE".
    OK?
    UM ABRAÇÃO CARIOCA.

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  6. Com franqueza não seria uma escolha fácil para mim, precisamente pelo tamanho

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    1. Compreendo, Magui :)
      Apesar de grande, é um livro que se lê muito bem

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  7. Um livro com 400 páginas, lendo 50 páginas por dia ao fim 8 dias estão todas lidas. Eu acho de levaria 6 meses a ler esse livro?
    A Terceira Índia, deve ser interessante, como fala de Moçambique, pais onde cumpri o serviço militar. Ainda li, mas gostaria de ler.

    Tenha uma boa noite Andreia.

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    1. Depende muito da envolvência da história também. Há livros grandes, mas que acabam por nem parecer tão grandes assim porque o enredo é viciante :)
      É uma obra que vale a pena

      Obrigada e igualmente, Edumanes

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  8. Não conhecia, mas parece-me que ia gostar de ler :)

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  9. Olá!!! Gostei muito da review!!! fiquei super interessada no livro e já fiquei com o nome para mais tarde comprar!

    www.pimentamaisdoce.blogspot.com

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    1. Muito obrigada! É uma história que vale mesmo a pena conhecer

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  10. Ando com muita vontade de ler este livro. Pela tua opinião, sinto que te tocou de uma forma especial.

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    1. É uma obra incrível! Só lhe retirava uma parte, de resto, adorei tudo :)

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