2020 // 12 MESES, 12 MOMENTOS

Fotografia da minha autoria

«A vida é feita de momentos colecionáveis»

A estrada é imprevisível, mas comecei o ano a traçar sete pontos de retorno, porque creio que o verbo regressar esconde uma certa dose de poesia no seu regaço. E se, por um lado, tive três reencontros maravilhosos, por outro, 2020 implicou uma organização emocional maior, visto que vários planos tiveram de ser adiados ou permanecer na gaveta. A vida de todos nós foi colocada à prova. Por isso, sinto que reforcei uma certeza: é importante definir metas, mas sem perder a noção que somos falíveis e que a nossa rota pode virar num segundo.

A palavra atípico nunca figurou tantas vezes no meu vocabulário como este ano. Apesar disso, procurei manter a balança equilibrada, estimulando a minha criatividade, para que, no fim, continuasse mentalmente sã e motivada. Houve, ainda assim, momentos de tempestade interior, que foram necessários para abrandar, respirar fundo e encontrar um propósito. Talvez permaneça uma réstia de crise de identidade, mas sei que estou um passo mais perto de [re]descobrir quem sou. De mãos dadas com os livros, as músicas, as palavras e as demonstrações de afeto virtuais, fui renovando energias. Passo a passo. Sem sucumbir em pleno. Porque consegui abraçar raios de sol.

Por defeito ou por feitio, aprendi a observar as circunstâncias pela perspetiva do copo meio cheio. E, embora seja complicado - e até ingrato - reduzir um ano a 12 momentos, compilei aqueles que, em cada mês, contribuíram para embalar e aconchegar o meu álbum de memórias.

JANEIRO

Não Comprar Mais Livros: O meu compromisso, para este ano, era claro, pois pretendia reduzir a lista de livros em espera. Por mais que invista de forma consciente, não fazia sentido acumular manuscritos e, depois, demorar uma eternidade a resgatá-los da estante. Por isso, mesmo que as promoções fossem tentadoras, comprometi-me a resistir. Ou a tentar com muita convicção, pelo menos. Só houve três ocasiões em que me permiti ceder à tentação: o meu aniversário, a Feira do Livro do Porto e o Natal. E, no geral, foi uma missão bem conseguida.

FEVEREIRO

Aniversário do meu pai: Herdei muitos dos seus traços de personalidade, para além de ser a sua cara chapada. E isso deixa-me mesmo orgulhosa, porque é uma das melhores pessoas que tenho na vida. Por isso, nunca me fez tanto sentido uma letra de uma música, como a da Irma quando canta «somos da mesma versão». O meu pai celebrou a chegada aos 56 anos e, claro, fomos comemorar no Bibó Porto!, com uma francesinha deliciosa e, depois, com um bolo irresistível. Bem sei que me repito, porém, se for metade do ser humano maravilhoso que ele é, então, estou a seguir a direção certa. Adoro-te, meu Super Herói.

MARÇO

Voltar ao Dragão: Os primeiros raios de sol envolveram-me com um jeito sereno. Mas o coração palpitava num ritmo acelerado, exteriorizando o nervoso miudinho tão inerente a determinados reencontros. Porque a certeza de voltar a uma casa especial, para além de toda a emoção agregada, é indescritível. Pela nostalgia. E por percebermos que também é nossa. E eu, que sou filha do Dragão, sei que é aqui que pertenço. Como soube bem regressar [publicação completa aqui].

ABRIL

Receber O Principezinho - O Grande Livo Pop-Up: É sabido o quanto sou apaixonada por esta história. Por isso, o livro em formato pop-up figurava na minha lista há muito tempo, até porque é daquelas edições que nos aumentam os sonhos. Quando falei com a minha afilhada, no meu aniversário, e ela confidenciou que eu ia receber uma encomenda dela, nunca imaginei que pudesse ser este livro. É certo que temos procurado oferecer cultura uma à outra - mais na base dos concertos e solos de Stand Up Comedy -, mas esta surpresa superou todas as minhas expectativas, deixando-me sem palavras. Porque foi um dos gestos mais bonitos com que me brindaram. Portanto, esta versão tornou-se muito mais importante e especial. E que bem que ela fica na minha coleção.

MAIO

Desafio Alma Lusitana: A 22 de maio, numa clara homenagem aos nossos, celebra-se o Dia do Autor Português. Inspirada pela data, pensei numa iniciativa simples, para valorizar todos aqueles que nos inspiram, ao mesmo tempo que temos a possibilidade de conhecer outros artistas e outros estilos de escrita. E, ainda, mergulhar mais fundo na obra daqueles que já fazem parte das nossas preferências. Então, no decorrer deste mês, procurei ler apenas escritores nacionais. E convidei-vos para me acompanharem nesta jornada. Para torná-la mais dinâmica, fiz nascer a Alma Lusitana, cuja missão era fazer-nos repensar no panorama literário deste nosso jardim à beira-mar [aqui]

JUNHO

11 Anos na Blogosfera: A aventura começou há 11 anos, em plena véspera de S. João. Sem rede. Sem expectativas. Apenas com muita curiosidade e vontade de construir uma casa para os meus pensamentos. Em cada passo, tracei mais um pouco da minha identidade. Descobri a voz que pretendo priorizar. E permiti-me assumir um compromisso, mas sem me levar demasiado a sério. No fundo, quis voar alto, mas sem perder a noção do chão que me ampara. Por isso, enumerei onze motivos que considero relevantes para manter um blogue [publicação completa aqui].

JULHO

Meu Mágico Porto: O Campeão voltou! E eu ainda não tenho palavras para descrever a emoção, o orgulho e a superação que foi esta caminhada. Foi preciso subir uma montanha, lutar contra todas as adversidades e ver a equipa a transcender-se. Mas a vista do topo é lindíssima. Não foi, de todo, uma competição perfeita, mas saber que não se renderam tornou o festejo especial. Ainda para mais, este troféu é a prova da união que envolve todo o grupo, desde os jogadores à equipa técnica, sem esquecer os adeptos. Obrigada por serem tão Porto quanto eu ♥

AGOSTO

Pão de Forma em Movimento: Este ano, preferimos não pernoitar fora de casa, no entanto, reservamos alguns dias para conhecer mais do nosso país. E, desta forma, acrescentar novas experiências às nossas férias. Contas feitas, visitamos Pedras Salgadas, Sever do Vouga, a Quinta do Castelo [Santa Maria da Feira], Valpaços, Montalegre, o Bacalhôa Buddha Eden, Penacova, Guarda, Pinhel e Trancoso. E a verdade é que, por segundos, até me esqueci que estávamos no meio de uma pandemia, tamanha a segurança que senti em cada um dos lugares. Excluindo o Buddha Eden, os restantes sítios não estavam tão frequentados nas alturas em que fomos, o que ajuda a perpetuar essa sensação. Ainda assim, cruzamo-nos com algumas pessoas e foi bom perceber que todas faziam por respeitar, ao máximo, cada indicação previamente definida.

SETEMBRO

Feira do Livro do Porto 2020: O Porto tem um encanto imperdível, transmitindo uma energia especial, quando a cidade respira e se reveste de livros. Aliás, quando os Jardins do Palácio de Cristal, de um charme sem igual, recebem um dos eventos mais bonitos de sempre: a Feira do Livro. Numa edição que teve de se adaptar à nossa nova realidade, o programa homenageou duas poetizas e enalteceu a palavra no feminino. Em simultâneo, procurou valorizar a Língua Portuguesa e os artistas, com particular enfoque nos que trabalham no - ou a partir do - Porto. Tive a possibilidade de marcar presença em três dias e só posso tecer elogios à organização cuidada, que fez de tudo para proporcionar a melhor experiência aos visitantes [apreciação aqui].

OUTUBRO

O Nº1 da PORTUGALID[ARTE]: Este meu novo projeto ainda mal começou e já me proporcionou momentos de encher o coração. Desde o anotar de ideias até à sua escrita na revista, tem sido uma viagem bonita. E é claro que o retorno não me poderia ter deixado mais feliz, porque é mesmo gratificante perceber que há sempre alguém a dar-nos a mão, quase de olhos fechados, ajudando-nos a crescer e a estimular o nosso entusiasmo e a nossa dedicação. Por isso, o meu agradecimento será eterno. E prometo dar o meu melhor para não defraudar expectativas.

NOVEMBRO

Kit Básico de Saúde Mental: Foi a Sofia Costa Lima que, através desta publicação, me permitiu descobrir este curso. Como acredito que é essencial informarmo-nos para aprendermos, percebermos e sabermos como agir, adicionei-o logo aos meus favoritos. Criado pela ManifestaMente, este kit está dividido em vários módulos e reúne questões essenciais «sobre a saúde mental que todos nós devíamos conhecer para lidarmos com as nossas dificuldades e as das pessoas que nos rodeiam». Esta iniciativa dá-nos as bases e incentiva-nos a aprofundar este tema. Tal como a Sofia mencionou, também sinto que é uma excelente ferramenta para as escolas e demais organizações, porque a sua estruturação é acessível a todos. Ainda não terminei, mas recomendo a cem porcento.

DEZEMBRO

Oferecer o computador à Laura: A iniciativa do Pai Natal Solidário, que consiste em apadrinharmos cartas de crianças carenciadas, é promovida pelos CTT, há 10 anos. E a Célia Correia Loureiro não conseguiu ficar indiferente a uma em particular: a Laura tem 10 anos, vive numa instituição e pediu um computador ou um tablet para a auxiliar nos estudos e na realização/entrega de trabalhos. Assim, lembrou-se de criar uma campanha de angariação de fundos, para que o desejo da Laura não ficasse esquecido. Num espaço de oito horas, 50 pessoas juntaram-se para a concretização deste sonho, reunindo-se 711€, o que permitiu, ainda, acrescentar mais alguns artigos que lhe serão úteis. Fazer parte deste momento foi especial. E inesquecível.

Que momentos marcaram o vosso ano?