mulheres invisíveis, caroline criado perez

Fotografia da minha autoria



A Caroline Criado Perez foi outro dos nomes que inclui na publicação das onze mulheres que gostava de ter lido em 2024. Como sabia que precisava da disposição certa para embarcar na leitura do seu livro, adiei a compra e em janeiro pedi à Sofia para me emprestar o seu exemplar, sendo companheiro de cabeceira durante quase dois meses.


um mundo feito para homens

Mulheres Invisíveis tem uma premissa clara: mostrar-nos como o mundo está pensado para os homens, como tudo é construído tendo em atenção as suas características. Por esse motivo, é uma obra que espelha a desigualdade de género e o quanto precisamos de continuar a derrubar muros neste caminho tão curvilíneo, vendido como unilateral.

Eu entendo que algumas condicionantes nos possam passar despercebidas, porque não se inserirem no nosso contexto/quotidiano, porque não nos pesam e não nos magoam/limitam. E isto não tem de representar falta de empatia, apenas demonstra que temos realidades distintas e que há pontos que não se cruzam. Num pólo oposto, já tenho mais dificuldade em compreender e aceitar que o mundo seja pensado para um padrão único: seja em coisas tão simples como o tamanho de um telemóvel, seja em áreas essenciais como a saúde.

«Em resumo, planear os nossos espaços públicos de um modo que exclua a metade feminina do mundo não é uma questão de recursos. É uma questão de prioridades, e, neste momento, irrefletidamente ou não, não estamos a dar prioridade às mulheres. Isto é manifestamente injusto e um caso de iliteracia económica. As mulheres têm igual direito aos recursos públicos: temos de deixar de planear a sua exclusão»

As sucessivas reflexões e pontos de debate têm em comum histórias de ausência, de desculpas para justificar a exclusão, de desrespeito, mas, por outro lado, também traz um discurso de mudança e esperança. Por causa disso, senti-me frustrada e compreendida em partes iguais, revoltei-me, apeteceu-me gritar e, depois deste caos interno, consegui sossegar. Acho impossível ficarmos indiferentes a esta obra, ainda para mais quando a autora explora diferentes áreas e ângulos e temos bem presente que os nossos direitos são colocados em causa todos os dias.

Mulheres Invisíveis toca nas feridas todas, porque expõe o quanto o mundo permanece afunilado. É um livro denso, para ser lido com tempo, tendo em conta a quantidade de informação reunida, mas necessário. Saímos mais ricos destas páginas, sobretudo se fizermos delas um impulso para invertermos a narrativa. Por mais que soe a um lugar comum, não podemos mudar o passado, mas podemos repensar o futuro: um futuro que não pode ser construído a pensar só numa das metades da humanidade.


notas literárias
  • Lido entre: 27 de janeiro e 12 de março
  • Formato de leitura: Físico
  • Género: Não ficção
  • Pontos fortes: A capacidade com que nos frustra e nos traz esperança
  • Banda sonora: Balada em Só Menor, Chopin por Miguel Proença | Louca, Gisela João | Blank Space, Taylor Swift | Invisible Woman, Owl Eyes

Disponibilidade: Wook | Bertrand
Nota: Esta publicação contém links de afiliada da Wook e da Bertrand

Comentários

  1. Já quero ler!

    Temática muito pertinente.

    Beijinho grande, minha querida!

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  2. Quero muito ler este livro, está há muito tempo em espera

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  3. Um tema muito interessante! Fiquei curiosa! :)

    www.amarcadamarta.pt

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  4. Olá!
    Seu blog é um espaço especial, parabéns.
    Comecei o meu blog da necessidade das pessoas conhecerem sobre minha família, com 3 portadores de doenças raras, convido você conhecer e se gostar seguir meu blog. Desde já agradeço imensamente.
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  5. Esta na lista para "ouvir" como audiobook *.*

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