uma mulher não é um homem, etaf rum
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Fotografia da minha autoria |
A forma que encontrei para assinalar o Dia Internacional da Mulher em 2024, no blogue, foi através de uma lista de autoras que pretendia descobrir nesse ano. Cumpri com alguns dos nomes, outros fui descobrir em livros diferentes dos destacados e outros acabei por adiar. Neste último grupo ficou Etaf Rum, por isso, socorrendo-me da subscrição do Kobo Plus, procurei redimir-me.
mulheres que continuam a ser silenciadas
Uma Mulher Não é Um Homem leva-nos numa viagem até à Palestina de 1990 e à Brooklyn de 2008, para nos mostrar o impacto que «a cultura patriarcal pode ter no seu silêncio», apesar de o tempo avançar e de estarmos num contexto, aparentemente, mais evoluído.
É impressionante como existem histórias transversais, como existem destinos que parecem repetir-se, por mais que se procure quebrar a corrente. Deya tem 18 anos e, embora não queira casar, os avós insistem em encontrar-lhe um marido, porque o seu futuro só depende disso. Anos antes, a sua mãe Isra passou pela mesma privação. Perante esse cenário, acaba por crescer em Deya uma vontade de alcançar aquilo que não foi possível para a sua mãe: liberdade e a possibilidade de traçar o seu caminho sem estar dependente de tradições «violentas e misóginas».
«De onde venho, aprendemos a esconder a nossa condição. Somos ensinadas a manter-nos em silêncio, silêncio que nos salvaria. Só agora, muitos anos depois, descobri que isto não é verdade. Só agora, enquanto escrevo a minha história, sinto a presença da minha voz»
Sinto que este livro precisava de amadurecer um pouco na forma como alguns dilemas são abordados, para que fossem mais claras as repercussões. Além disso, sinto que alguns acontecimentos foram explorados de um modo superficial e/ou célere, o que provocou um certo distanciamento com a protagonista e a sua luta. Houve partes que me revoltaram, que me deixaram frustrada e com lágrimas nos olhos (sobretudo, pela impotência e pela injustiça), mas gostava de ter encontrado essa intensidade ao longo de toda a narrativa.
Uma Mulher Não é Um Homem é, ainda assim, uma obra de máxima importância para que não nos esqueçamos do nosso privilégio e do quanto há mulheres que continuam a ser silenciadas. Gostei particularmente da reflexão sobre o quanto é difícil ser mulher em certas zonas, mas, no fundo, ser difícil em todo o lado apenas por sermos mulheres.
notas literárias
- Gatilhos: Violência
- Lido entre: 17 e 21 de fevereiro
- Formato de leitura: Digital
- Género: Romance
- Personagem favorita: Sarah
- Pontos fortes: A contextualização das motivações e a comparação de realidades
- Banda sonora: Raoui, Souad Massi | Bênção, Van Zee, Bispo & Mizzy Milles | Riverside, Agnes Obel | People Help The People, Birdy | Lose Yourself, Eminem
Hoje em dia a sociedade e até a família querem mandar no destino da mulher, Andreia é um bom livro, bjs.
ResponderEliminarVou levar a sugestão para a wishlist da BiblioLED.
ResponderEliminarBeijinho grande, minha querida.