Entrelinhas #24 - Especial Margarida Rebelo Pinto

Fotografia da minha autoria

«Formou-se em Línguas e Literaturas Modernas na Universidade de Lisboa e desde cedo colaborou em vários órgãos de comunicação social...».


Margarida Rebelo Pinto é uma das autoras que mais aprecio. Pela sua escrita leve, que nos agarra em pensamentos múltiplos. E por preferir falar de amor, num tempo em que parece que as pessoas se esquecem deste sentimento tão nobre, capaz de mover o mundo. E mesmo quando opta por romances históricos, é percetível que as histórias não são escolhidas ao acaso.

Na minha biblioteca improvisada, falta-me somente uma obra da escritora, A Rapariga que Perdeu o Coração. As restantes proporcionaram-me horas descontraídas, envolvida nos mais diversos enredos e argumentações. Naturalmente, não concordo com algumas das visões que partilha, nomeadamente as que dizem respeito ao sexo masculino. No entanto, é este lado controverso e provocatório que me atrai. E que me prende do início ao fim. Contrariamente, há muitos outros pontos de vista que me falam diretamente ao coração. Pela sua simplicidade. Pela verdade. E pelas inúmeras mensagens que conseguem transmitir. Até hoje, não houve um livro que me tivesse desiludido, sobretudo pelo facto de se reinventar. Quer na forma como aborda determinada temática, quer pela própria organização e estruturação dos trabalhos que publica. 

Estava na dúvida se devia fazer uma única publicação sobre as últimas obras que li de Margarida Rebelo Pinto ou se devia analisá-las separadamente, porque acredito que cada história merece um olhar individual. Porém, sinto que há tanto que as aproxima, que me fez sentido seguir a primeira opção. Assim, não farei uma crítica tão detalhada, mas focarei tudo aquilo que, na minha opinião, enriquece os títulos que tive a oportunidade de descobrir num período recente!

Os Milagres Acontecem Devagar: A primeira particularidade que destaco é a narrativa seguir a estrutura da Sonata - «composição para um ou dois instrumentos solistas em três ou quatro andamentos» -, o que confere uma dinâmica muito especial e original ao texto. Outra particularidade é a existência de personagens masculinas e femininas a relatar os assuntos, permitindo-nos conjugar o melhor de dois mundos e compreender as perceções que têm sobre os mesmos. Conforme vamos avançando, ficamos a conhecer melhor a bagagem de cada interveniente. E não deixamos de encontrar críticas sociais em diversas passagens. Esta obra acaba por funcionar como uma viagem de auto-conhecimento, em que chega a uma altura em que se percebe que pedir ajuda é crucial. Além disso, aborda questões tão atuais como o contraste de gerações, a diferença de idades numa relação e a entrega díspar das pessoas que estão num relacionamento. Cheia de encontros e reencontros, chegamos ao final a desejar que haja continuação, porque a curiosidade sobre o futuro de certas personagens é inevitável.

«Ter uma relação é estar nela. É vivê-la, integrá-la no dia-a-dia e construir alguma coisa com a pessoa que amamos» (p:38)

Mariana, Meu Amor: É baseado em factos históricos, uma vez que nos conta a história de Soror Mariana Alcoforado, «a freira portuguesa que conquistou o mundo com as suas cartas apaixonadas». E vamos descobri-la através de Alice, jornalista, que se encontra a lidar com um amor perdido. A parte interessante é que, à sua maneira, estas mulheres acabam por ter vidas muito semelhantes, o que justifica a constante alternância entre as duas histórias. Serem contadas na primeira pessoa atribui um maior dinamismo e dramatismo ao enredo. Fortemente marcado pelos sentimentos, é um livro que nos demonstra a força da fé. E que a maior luta é aquela que travamos connosco. A parte de Mariana Alcoforado é uma verdadeira inspiração, e adorava ler mais histórias narradas por esta personalidade tão cativante. Além disso, o contraste de realidades é, também ele, apaixonante!

«O passado é um lugar estranho, mas o futuro também. Nunca sabemos quem pode vir a lá morar. Ou quem pode para lá voltar» (p:133)

Quando Voltares para Mim: Começa com um belíssimo poema de Miguel Torga. E assim que abrimos o livro encontramos uma pergunta que nos deixa logo a pensar! Dividida em quatro capítulos e uma última carta, a estrutura desta obra transmite-nos a sensação de que estamos em permanente troca de correspondência. E focando-se em diversas temáticas, percebemos que há um misto de racionalidade e emotividade, como duas metades do mesmo caminho. O facto de conter várias vozes também nos permite acompanhar pontos de vista distintos, que podem ou não corresponder à nossa forma de ver o mundo. No fundo, este livro partilha uma forte relação de amizade, com todos os condimentos que a caracterizam.

«As respostas aparecem sempre, mesmo que não sejam as que queremos ouvir» (p:125)

Gugui, o Dragão Azul: Foi o primeiro livro infantil que li da autora. E aquilo que me atraiu foi o facto de aparentar ser uma história simples, mas estar cheio de camadas. Fugindo aos contos tradicionais, encontramos uma amizade improvável. E uma princesa um pouco diferente do habitual. Apesar de ser uma obra direcionada aos mais pequenos, enquadra-se muito bem no mundo dos adultos, onde vamos encontrar referências a outros contos e uma série de mensagens e valores importantes, como lutarmos por aquilo em que acreditamos e o quanto é valiosa a amizade.

«É importante que as pessoas aprendam a aceitar as diferenças para poderem ser felizes umas com as outras» (p:19)

O Meu Amor Existe: É um diário, como tal encontraremos textos sobre as mais diversas situações, como a saudade, o amor, a importância do silêncio, a morte. As temáticas não se esgotam e é interessante acompanhar as associações que a autora faz e a destreza com que as interliga. O carácter próximo deste livro deixa transparecer a verdade das suas palavras. E mesmo que exista uma componente maioritariamente ficcional, conseguimos enquadrar os vários textos (todos escritos em lugares distintos) em diferentes fases da nossa vida.

«E depois do depois/Vem a paciência/O regresso à casa vazia/A saudade/E o silêncio por companhia» (p:126)

Preservando e valorizando todas as diferenças, o certo é que distinguimos como pontos comuns a linguagem acessível, a capacidade de nos fazerem refletir, a existência de lugares comuns que têm todo o sentido, a facilidade e rapidez na sua leitura; o humor, a ironia, o sarcasmo, a esperança. E a constante aliança entre o coração e a razão.

Comentários

  1. Uma autora com muitos fãs, já li um livro dela.
    Um abraço e continuação de uma boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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  2. Confesso que só tenho um livro dela mas adorei o teu review :)
    Bjinhosss
    https://matildeferreira.co.uk

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  3. Por acaso não tenho nenhum livro dela... Acho que é um erro ahah

    Beijinhos
    THAT GIRL | FACEBOOK PAGE | INSTAGRAM | TWITTER

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  4. Livros não faltam para ler,
    quem de os ler tem vontade
    novidade não estou a dizer
    porque sabem que é verdade!

    Tenha um bom dia Andreia,
    continuação de boa leitura
    sem se falar da vida alheia
    viajando numa feliz aventura!

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  5. Andreia maravilhosos os livros da autora são livros que não podem faltar na estante, Andreia gostei muito das indicações dos livros, bjs.
    http://www.lucimarmoreira.com/

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  6. Li dois livros dela e confesso que não gostei.
    Mas há quem goste...
    Continuação de boa semana, amiga Andreia.
    Beijo.

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  7. Não tenho nenhum livro dela, o que imagino ser um erro :s.
    Já pensei várias vezes em adquirir, mas tenho livros na prateleira por ler e o tempo tem sido tão pouco :(.

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    Respostas
    1. É uma escritora que, apesar de tudo, acaba por dividir opiniões. Particularmente, gosto bastante do seu trabalho.
      Pois, e esses acabam por chamar logo à atenção

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  8. Hoje, aqui no Brasil comemoramos o dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil e o dia das crianças.
    Vim para lhe deixar um abraço, com esse pensamento.
    Nunca deixe a criança que existe dentro de você desaparecer, porque um pouco de inocência é bom .Se quer permanecer jovem, só tem um jeito, conserve viva a criança que existe dentro de você, um coração cheio de amor, se interesse pelas coisas que acontecem, perdoe, se alegre com as mínimas coisas, esqueça as ofensas, as tristezas e as quedas, sorria mais, tenha sempre um coração disposto a amar, abraçar o mundo inteiro, um coração que não se apequena e não se esfria.
    Enquanto conservar calor no coração, a alegria de viver, não envelhecerá.
    Que Nossa Senhora Aparecida lhe cubra de bênçãos e que essa criança que existe dentro de você permaneça viva e feliz. Abraços da amiga Lourdes Duarte.

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  9. Adoro recentemente comprei um que não me cativa nada "Há sempre uma primeira vez" não é uma história, como normalmente é...acho que é apanhados de todos os livros ou então excertos inspirados nas histórias. Não me prende nada :S e estive para trazer "os milagres acontecem devagar" bah tanta escolha que escolhi errado
    kiss

    http://inspirationswithm.blogspot.pt/

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  10. Ainda não li nenhum dela que falha minha
    https://retromaggie.blogspot.pt

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  11. Os únicos que li são os cliché, mas deixaste-me super curiosa com Mariana meu amor. Gosto imenso de romances históricos!

    THE PINK ELEPHANT SHOE // Ganha dois batons da Avon!

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  12. Obrigado, meu anjo <3

    Acreditas que nunca li nenhum livro completo dela?! Só mesmo excertos. E acredita que é dos poucos, mesmo sendo na vibe mais cliché, que me fazem verdadeiramente pensar :)

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  13. Foi das primeiras escritoras que comecei a ler lembro me que o primeiro livro que li dela foi Alma de Pássaro!
    Gostei muito do post.
    Beijocas, Sandra
    http://tudosobretudon.blogspot.pt/

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  14. Não consigo gostar :-(

    Mas gostei do teu texto ;-)

    Beijinhos

    https://atitica.wordpress.com/

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  15. Por acaso nunca li nenhum livro dela nem é uma escritora que me chame muito à atenção, mas fiquei curiosa com o "Mariana, Meu amor" e "Gugui, o dragão azul".

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  16. Já li um livro dela e li alguns trechos pela net, a maneira como ela retrata principalmente o amor, para mim, é uma coisa do outro mundo, é de ficar com o coração nas mãos!

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  17. Falar de livros... é tão bom!
    Só por isso, obrigada :)

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