livros que gostava de ter lido na infância

Fotografia da minha autoria



«Os livros são o mundo»


A hora de dormir não era antecedida pela leitura de uma história. Cá em casa, essa realidade não era um hábito e não guardo qualquer mágoa nisso, até porque é natural que alguns rituais não sejam repetidos se não forem adquiridos antes. No entanto, por outro lado, sei que isso também leva a que determinadas paixões possam surgir mais tarde, na nossa vida, uma vez que nos falta aquela representação no nosso contexto.

Neste Dia do Livro Infantil, decidi recuar no tempo e traçar uma alternativa. Se tivesse despertado para a leitura na infância, havia obras que gostaria de ter descoberto, porque cresceria com elas. Hoje, curiosamente, vou lendo mais histórias dentro do género e, claro, analiso-as sempre de um ponto de vista de adulto, com outra bagagem e lucidez. E, se calhar, é por isso que sinto que seriam livros com potencial para me encantarem.

A literatura tem o poder de nos dar mundo e de nos consciencializar sobre contextos distintos do nosso. E o melhor de tudo é que, cada vez mais, acredito que estas histórias são intemporais, trazendo diferentes aprendizagens para as várias fases em que nos encontramos. É como se os livros nunca estivessem concluídos na totalidade, renascendo na releitura, porque vamos acrescentando novas camadas à narrativa.

Na minha infância, nenhum destes cinco títulos estava publicado. Mas sei que, se estivesse alinhada com esta arte tão extraordinária na altura, teria sido maravilhoso embarcar nas aventuras que nos reservam.


livros que gostava de ter lido na infância


 a que sabe a lua?, michael grejniec
Esta história revela-nos um desejo, aparentemente, inalcançável, confrontando-nos com duas visões antagónicas, que contrapõem o marasmo e a iniciativa; a luz e a sombra; o real e o imaginário; o ceticismo e a crença. Com um final delicioso, cómico e reflexivo, demonstra uma atitude muito esclarecedora do ser humano, apelando às conquistas que são sempre mais prazerosas quando partilhadas; quando cooperamos em vez de subestimarmos os demais. Deste modo, destacando os pequenos Heróis, compreendemos que as pessoas não se medem aos palmos: é o nosso prosaísmo que nos limita e que, ainda, nos condena à inércia (aqui).

 o que veem as estrelas, nuno camarneiro
Esta obra, cuja estruturação textual não é igual em todas as páginas, corroborando a necessidade de invertermos a panorâmica e de a observarmos com outros horizontes, atribui voz à criança curiosa, que dá asas às suas questões e procura conhecer o mundo que a rodeia. Porque isso faz parte do seu processo de crescimento e é fundamental para fomentar a sua identidade. Através de ilustrações lindas, que complementam a dinâmica narrativa, sentimo-nos a caminhar pelo desconhecido e a retirar prazer do incerto (aqui).

 aventureira marielle e o dia da fotografia, nuna
Uma história encantadora, que se lê num sopro, mas que transmite uma mensagem importantíssima sobre aceitação, inclusão e amor próprio. Há características que contam parte da nossa história, mesmo que não nos definam por inteiro, por isso, é essencial sentirmo-nos representados. Porque é uma forma de quebrarmos barreiras e preconceitos; e porque é, também, uma maneira de as pessoas sentirem que as suas ideias, valores e inseguranças são válidos e partilhados por tantos outros. Pode ser um recurso de trabalho valioso.

 a contradição humana, afonso cruz
O olhar atento do narrador, uma criança bastante curiosa, mostra-nos as contradições que nos habitam. E, com humor, ironia e astúcia, faz-nos refletir sobre as dicotomias da nossa existência. Recorrendo a alguns jogos de palavras, a ilustrações encantadoras e a diferentes tamanhos e estilos de texto, envolve-nos nestes contrastes, que parecem tão óbvios, mas que, no entanto, se revelam sempre uma surpresa. Além disso, é uma obra excelente para aguçar o pensamento, para despertar a vontade de olharmos para dentro e para nos deixar mais interessados em relação ao que nos rodeia e aos comportamentos que tendemos a alimentar de uma forma quase mecânica. É um livro encantador, ideal para miúdos e graúdos, bem ao estilo de Afonso Cruz.

 no meu bairro, lúcia vicente & tiago m.
As histórias em forma de poema, acompanhadas por ilustrações lindíssimas, confrontam-nos com uma série de problemáticas sociais, muitas delas estruturais, que contribuem para o perpetuar de estereótipos. Mas, nestas páginas, a missão é clara: evidenciar a diversidade e fornecer ferramentas para que o respeito pela individualidade nunca seja comprometido. Assim, temos doze retratos que espelham a realidade de tantos mais, temos doze retratos que nos fazem pensar no nosso papel social, para que seja menos limitador (aqui).

6 Comments

  1. A hora de dormir ca é em casa é magica *.* Gostei muito das sugestões :)
    Tily✨💛🌷

    ResponderEliminar
  2. Confesso que também nunca li nenhum desses títulos na infância!

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. São todos relativamente recentes, mas acho que valem muito a pena serem descobertos. Por miúdos e graúdos 😍

      Eliminar
  3. Desde cedo que os meus pais me compraram histórias, algumas ainda guardo, no entanto, não tenho lembranças se líamos antes de adormecer. Gostava de ter descoberto o Principezinho mais cedo, acho que teria outro encanto. Mas estas sugestões também me parecem boas sugestões.

    Beijinho grande, minha querida!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, também não me importava nada de ter descoberto O Principezinho mais cedo *-*

      Eliminar