Entrelinhas #6


«Apesar do milagre da medicina que fez diminuir o tumor que a atacara há alguns anos, Hazel nunca tinha conhecido outra situação que não a de doente terminal, sendo o capítulo final da sua vida parte integrante do seu diagnóstico. Mas com a chegada repentina ao Grupo de Apoio dos Miúdos com Cancro de uma atraente reviravolta de seu nome Augustus Waters, a história de Hazel vê-se agora prestes a ser completamente rescrita».


A vida não corre sempre como estamos à espera. No entanto, aquilo que a torna entusiasmante ou meramente suportável é a forma como encaramos os nossos problemas; como os aceitamos ou como nos escondemos neles para ficarmos parados sobre o mesmo pedaço de insegurança. Nada é fácil, nunca é - e já alguém dizia que o melhor da vida não o pode ser -, mas será que precisamos de viver dentro de uma redoma de sofrimento? Não seria melhor encararmos a nossa condição em vez de nos afundarmos nela?

Ao ler «A Culpa É Das Estrelas» reforcei a minha teoria: ou vivemos ou deixamos que a vida nos passe ao lado. Naturalmente, isto nem sempre é linear, porque, além da vontade, precisamos que determinados fatores conspirem a favor. E quando a saúde nos falha ficamos quase sem chão. Ainda assim, há quem consiga reverter a situação. E em vez de seguir em linha reta até ao final acrescente algumas curvas pelo meio, intensificando os momentos e as vivências que nunca se esquecerão. 

É uma história de amor, mas principalmente um exemplo de força. Apesar de não ser baseada em personagens reais, acredito que muitos são os heróis que, em fase terminal, se recusam a desistir e a esperar pelo seu destino. Fiquei presa às palavras do início ao fim, até porque considero que não cai no exagero: nem desvaloriza a situação como se fosse tudo um mar de rosas nem dramatiza ao ponto de ficar uma leitura pesada. Há, na minha opinião, o equilíbrio certo. 

O livro faz-nos sonhar, rir, querer aproveitar as oportunidades, acreditar no amor e perceber que por maiores que sejam os nossos obstáculos teremos sempre alguém ao nosso lado. É impossível deixar de lado a relação de Hazel e Augustus. As peripécias que os acompanham, a magia dos momentos e o sentimento que cresce. Mas também é impensável não destacar a amizade de Augustus e Isaac. O apoio dos pais. O sofrimento dos mesmos. Os medos que aparecem, mas que depressa se tornam em motivação. E as relações que se estreitam e ficam mais sólidas.  

Em muitos momentos fiquei a pensar que aquilo que estava a ler poderia facilmente ouvir de alguém muito próximo. Estamos todos de passagem. O melhor é fazê-la valer a pena.


Agora deixo-vos algumas citações: 

«Ora bem, vou desde já admitir: Ele era uma brasa. Quando um rapaz que não é uma brasa nos fita de modo persistente, isso é, na melhor das hipóteses, constrangedor e, na pior, uma forma de violação. Mas no caso de um rapaz que é uma brasa... bem» (pág. 16);

«- Augustus, talvez queiras partilhar os teus medos com o grupo.
- Os meus medos?
- Sim.
- Tenho medo do esquecimento - disse ele, sem sequer um momento de pausa. - Temo-o tanto como o proverbial cego que tem medo do escuro.
- Cedo demais - disse Isaac, rasgando um sorriso.
- Fui insensível? - perguntou Augustus. - Consigo ser bastante cego em relação aos sentimentos dos outros.
Isaac ria-se...» (pág. 18);

«Hoje não parei de lhe dizer "para sempre", "para sempre, para sempre, para sempre", e ela não parou de falar por cima de mim e não mo disse em resposta. Foi como se eu já tivesse partido, sabes? O "para sempre" era uma promessa! Como é que se quebra assim uma promessa?» (pág. 55);

«Augustus dirigiu-se para ele e olhou para baixo. - Sentes-te melhor? - perguntou
- Não - balbuciou Isaac, com o peito arfante.
- É o problema da dor - disse Augustus, olhando depois de relance para mim. - Exige ser sentida» (pág. 57);

«Tinha saudades do futuro. Como é óbvio, antes da sua recorrência eu já sabia que nunca iria envelhecer ao lado de Augustus Waters. Mas, ao pensar em Lidewij e no seu namorado, senti-me roubada. Provavelmente, eu nunca mais iria ver o oceano a mais de nove mil metros de altitude, tão alto que não se conseguem distinguir as ondas nem os barcos, de modo que o oceano é um monólito enorme e interminável. Podia imaginá-lo. Podia recordá-lo. Mas não podia tornar a vê-lo, e ocorreu-me que a voraz ambição dos humanos nunca é saciada pela concretização dos sonhos, porque existe sempre a ideia de que tudo pode ser feito de novo e melhor» (pág. 246). 

Comentários

  1. Li o livro e vi o filme gostei muito de ambos.

    Beijinhos!

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  2. O livro é muito giro! Não sou muito de livros tipo "chick flick", sabes?
    Mas o John Green tem alguma coisa que me faz amar os livros dele! (:
    Beijinhos
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  3. Eu já li e gostei muito e realmente é como dizes, há que fazer valer a pena. Sempre pensei assim e, apesar de saber que em condições como as das personagens pode ser difícil, se há coisa que sempre me irritou no meu pai (com cancro há 13 anos) foi o facto de mesmo tendo estado já cara-a-cara com a morte nunca ter valorizado as segundas oportunidades que esta lhe deu. Ele esteve em remissão durante 7 anos mas não viveu, não vive, simplesmente sobrevive, não faz nada por ele mesmo e isso irrita-me! Como é que alguém que já esteve tão perto da morte consegue não aprender nada? Não retirar nada desse susto? Dessa vitória? Como? Muitas vezes me imagino no lugar dele e não consigo compreender. Se eu tivesse uma segunda oportunidade para viver ia fazer com que valesse ainda mais a pena pois já sabia o que era estar prestes a perder a vida!

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    1. r: exacto, não significa que tenhamos de nos tornar grandes malucos, apenas aproveitar as simples coisas da vida. Olha, por exemplo, ele tem amigos que o estão sempre a convidar a ir ao Norte (onde eles vivem) e ele nunca aceita, não sei porquê, há 13 anos que não viajamos, nunca se vai para lado nenhum nas férias. Ele quando está de folga do trabalho em vez de ir andar um pouco ou fazer alguma coisa que lhe dê gosto não, levanta-se da cama para se ir deitar no sofá e dorme o resto do dia -.- nem sei como consegue sequer dormir tanto. Outra coisa que me irrita é a alimentação, ele sabe que devia ter cuidado com a alimentação mas achas que tem?? Nada disso! No outro dia comeu dois gelados grandes (Magnum) um a seguir ao outro depois do jantar!! Até fiquei parva... Ainda por cima é diabético, e não tem cuidado nenhum. E agora o cancro voltou e parece que ainda tem menos cuidado. Quer dizer, em vez de se esforçar por ser mais saudável não, toca de comer tudo o que é porcarias para ver se se morre mais depressa -.- aaaaffff!

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  4. Não li o livro nem vi o filme....a verdade é que muitas vezes deixamos que a vida nos passe ao lado...e quando olhamos para trás já não há nada a fazer.

    Isabel Sá
    https://brilhos-da-moda.blogspot.pt

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  5. Li o livro e amei e assisti claro que tem muitas diferencia,
    mais o futuro pertence a DEUS devemos confiar mais no momento
    no agora que tudo estar nas nossas m˜åo so resta reagi, tomar atitude,
    tenha um bom final de semana
    Curta e siga o meu canal:
    https://www.youtube.com/watch?v=sg_8KAdIhe8

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  6. Ainda não li o livro mas estou ansiosa :)

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  7. Eu ainda não tive a oportunidade de ler o livro, e nem assistir o filme, mas quero ter a oportunidade de assistir o filme, já ouvi falar comentários muito bom a respeito, beijos http://www.blogdaxavier.com.br/

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  8. Não li o livro nem vi o filme..Mas pelo que li das tuas palavras parece ser um bom livro :)

    O blog mudou de url. Se não estiveres a ver os meus novos post's na tua lista de blogs actualiza a url :)
    Women's Stuff

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  9. vi apenas o filme e chorei baba e ranho ! é lindo

    r: espero que hoje estejas melhor ; obrigada , vou ver se em breve faço mais :)

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  10. Obrigada fofinha, hoje já acordei bem melhor, finalmente! :)

    r: espero que hoje estejas melhor e que esses dias maus não venham tão cedo!

    Em relação ao teu post. Eu tenho o livro e já vi o filme 'a culpa é das estrelas'. Este filme é incrível. A sua história mostra que nem sempre temos um final feliz como desejamos, mas não implica que não possamos viver as coisas com a maior intensidade, com felicidade e com um sorriso no resto. Na verdade, só me mostro que devemos aproveite a vida ao máximo porque não sabemos como será o nosso amanhã!

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  11. A culpa é das estrelas,
    porque será então
    no céu brilhantes vê-las
    em noites de escuridão.

    O livro faz sonhar,
    de alegria faz sorrir
    fora não se deve deitar
    nem o amor deixar fugir!

    no campo, na cidade ou na aldeia,
    aproveita bem o que a vida te proporciona
    para você menina Andreia,
    desejo um bom fim de semana!

    Um abeijo.

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  12. r: Má disposição e os alunos é que pagam!
    Sem dúvida *-*

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  13. r: Tenho que ficar melhor para domingo fofinha! :)

    Leste o livro? É fantástico a forma como as pessoas conseguem transmitir nos filmes as coisas que se passam hoje em dia na nossa sociedade. E a capacidade como nos sentimos, a forma como interpretamos as coisas. Cada vez mais percebo que os filmes não são apenas coisas que as pessoas gostam de fazer, mas sim gostam mais do q sentimos.

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  14. :)

    Essa história é triste. Chorei muito!

    Ótima sexta, Andreia!

    Beijo! ^^

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  15. Sem dúvida que não devemos deixar com que a vida apenas passe por nós. Devemos aproveitá-la, fazer algo de extraordinário e que valha a pena. Por acaso, este é um dos meus objectivos e ainda hoje conversei com uma amiga a respeito disto.
    Eu vi o filme e, sinceramente, não gostei. Quanto ao livro, espero poder lê-lo quando tiver um bocadinho de tempo :p

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  16. Ainda não li esse livro, gostei das citações :)
    http://retromaggie.blogspot.pt/

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  17. Exatamente, eu penso assim. Já estive bastante tempo atrás de máscaras por medos, por inseguranças, mas hoje em dia, vivo sem esconder atrás de um. E acredita que sou muito feliz assim, sou muito mais mulher e humana. E graças a deus, arrisco naquilo que quero e acho que será o melhor para mim, pelo menos, nos meus pensamentos. Sei que posso vir a cair, mas também estou mais forte que nunca para me levantar.

    r: Este filme, ajuda-me a perceber o sentida da vida. Não devemos perder tempo com coisas que nos magoa ou nos faz triste. Mais vale enfrentar os medos, os fantasmas e sobreviver e aproveitar a vida ao máximo. Será tão bom se isso acontecer.

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  18. Ahahahah, parece que as calças de ganga nunca são demais. Aliás, se há coisa que gosto de comprar são calças de ganga porque nunca são iguais!!! :P Também quero ver se compro uma camisa!

    Estou a ler este livro e tenho chorado tantoooo! OMG. É absolutamente lindo!

    InstagramFacebook Oficial PageMiguel Gouveia / Blog Pieces Of Me :D

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  19. Li o livro e chorei rios. Vi o filme e chorei mares. Pela história, pelas recordações que me trouxe. Tornou-se um dos livros da minha vida!

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  20. Para mim a frase que mais me marcou foi a na escala da dor ter guardado o 10. Isto sim, fez-me pensar.

    Li o livro também, mas estava em português do Brasil e vi o filme. Gostei imensa da perspectiva, até porque é assim que eu vejo que temos de ser.

    Beijinho do,
    Oito

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