Espelho

«Qualquer dia, qualquer hora, tem o teu nome (...) E se disseste que nunca fui bom a ser quem quiseste ter foi porque nunca soube olhar-te, tocar-te, amar-te. Nunca soube olhar-te, beijar-te, mostrar-te o que perdi na margem do teu amor».

Chegou o dia! O sonho passará a ser uma realidade. Há artistas e artistas. E depois há o Diogo, que se supera constantemente, que rapidamente se tornou um exemplo de persistência e que carrega dentro de si um talento interminável que nos inspira e comove. O álbum Espelho é lançado hoje e o sentimento de orgulho é inesgotável.

Esperei por este momento desde que o ouvi pela primeira vez, com a sua voz calma, mas poderosa, a interpretar uma das músicas portuguesas mais bonitas - «Se fosse um dia o teu olhar», do inconfundível Pedro Abrunhosa. Conquistou-me naquele instante e em todos os outros que se seguiram a esse. Cresceu tanto desde então. E é um privilégio enorme acompanhar todos os seus passos. Subiu degrau a degrau rumo a um objetivo que nunca escondeu. E se a minha vontade era de vê-lo chegar a este patamar, facilmente se percebe que a dele era - e é - bem maior. Conseguiu, até porque lutou sempre por isso. E se há alguém que o merece é ele. Sem qualquer dúvida! Isto é só o começo, porque sendo este o mundo dele não deixará de nos surpreender. 

Todos os dias ficávamos mais perto da data de lançamento, mas, mesmo assim, o vinte e três parecia ainda muito longe. A ansiedade não parava de aumentar, sobretudo depois de termos visto um bocadinho do que nos esperava através da «Volta» e da «Tu e Eu». Quem pensa que já viu tudo o que o Diogo tem para nos mostrar engana-se. A própria sequência de músicas parece um crescendo a nível de genialidade. Nunca duvidei de que seria um trabalho especial, grandioso, bem à altura dele. É bem mais do que isso.

Não resisti. Assim que soube que já o poderíamos ouvir no Spotify (aqui) tive que desvendar o mistério. Tenho-o ouvido em constante repetição e cada vez gosto mais. A sua escrita é fascinante. Transporta-nos para diversos lugares, realidades e estados de espírito. E as sonoridades que acompanham as palavras tornam-nas ainda mais belas. A expressividade com que canta, com que compõe, acrescenta-nos. A nós e à música portuguesa. Temos músicos extraordinários e o Diogo encaixa nesse grupo sem dificuldade. 

Atrevo-me a dizer que a minha música favorita é a Margem, ainda que existam outras que também possam ocupar esse estatuto, e que não consegui controlar as lágrimas quando a ouvi pela primeira vez. Mas não há uma que não goste, até porque todas elas são incríveis, com ritmos maravilhosos e mensagens fortes. E tudo combina, desde a imagem à produção. Este Espelho vem carregado de histórias, emoção, personalidade. É a recompensa por toda a dedicação, esforço e trabalho. É a concretização e a conquista de mais um feito. A sua identidade, alma e coração. Afinal a perfeição existe. Encanta-nos. Vicia-nos. E não fica por aqui.  

Hoje é o dia D. De Diogo Piçarra!