Cristina

«(...) De todas as promoções que foram criadas para definir a CRISTINA, há uma que me toca particularmente (da lavra da própria Cristina Ferreira): "Onde embrulhamos a vida". Diz tudo».

O primeiro número saiu no sábado, mas só ontem é que o comprei. E, confesso, já não tinha esperança de o encontrar, porque logo pela manhã estava esgotado em vários pontos.

Sou fã da Cristina Ferreira. Pelas origens que nunca escondeu. Pela profissional que se revela todos os dias. Por se desafiar e fazer acontecer. Não tenho um único par de sapatos da sua coleção, nem o MEU - cujo aroma já cheirei e adorei -, mas a revista tinha que a comprar. E com urgência. Porque a curiosidade sobrepõe-se à paciência para esperar. Quando era pequena obrigava o meu pai a comprar-me a Bravo e a Super Pop, e mais tarde a Futebolista - desta última ainda guardo religiosamente todos os números que me trouxe -, até que chegou o momento em que deixei de as pedir. Só quando, em raras exceções, vinha algum artigo sobre alguém que admiro é que quebrava esse regime. No dia em que a Cristina saiu, comentei cá em casa que a queria ler. A julgar pela quantidade de publicações que vi a dizer que já a tinham, não era a única. Tinha que aguardar. E rezar para que ainda existisse um exemplar à minha espera. Ontem, depois de regressar de Vila do Conde, e enquanto esperava que o meu pai fizesse umas compras de última hora, deixei a minha mãe no carro e fui à bomba de gasolina tentar a minha sorte. Voltei com a revista na mão. Não havia mais impedimentos, estava na hora de a folhear. E de me perder e prender às palavras

O meu maior receio era elevar as expectativas por ser o trabalho de quem é. Depois de ler do início ao fim não me sinto defraudada, muito pelo contrário. Adoro o produto final. Está tudo pensado ao pormenor, há diversidade e originalidade. Há uma imagem muito própria e um conceito que promete surpreender - e eu acredito nisso. Aborda temas bastante interessantes, que nos deixam a pensar. Tem relatos na primeira pessoa que nos obrigam a perguntar «e se fossemos nós?». As entrevistas são fascinantes. Incrivelmente bem escrita, com classe e requinte. Os únicos pontos negativos que posso apontar talvez sejam o preço e a publicidade. Mesmo sendo mensal, nem todas as pessoas estão dispostas a pagar três euros por uma revista. Quanto à publicidade, acho que podia ter menos, até porque a aposta em mais conteúdos de qualidade podia ser mesmo a grande diferença. Ainda assim, acho que está bem estruturada. Leve. Fresca. Admirável. E esta é a Cristina aos meus olhos.

Vou ficar à espera que «um dia destes» o Pedro Teixeira «venha nu». E para garantir que isso acontece e eu não perco, dia sete de abril volto com vocês.