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Fotografia da minha autoria |
«Durante um passeio pelo campo, após trinta anos de serviço em Darlington Hall, Stevens, o mordomo perfeito, reflecte sobre o passado...»
A diversidade da minha pequena biblioteca é algo que privilegio, por vários fatores. Só não a priorizo por uma simples razão: há nomes aos quais pretendo regressar sempre que for possível. E parece-me improvável passá-los para segundo plano, durante bastante tempo. Tento, no entanto, que não monopolizem as minhas escolhas. Porque é fascinante viajar por mundos desconhecidos e que poderão proporcionar-me experiências distintas. Quando escrevi a publicação sobre os sete autores que pretendo acrescentar à minha estante, mencionei Kazuo Ishiguro. E, meses depois, consegui cumprir esse desejo.
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«A terra gira em contramão»
Os Quatro e Meia têm um carisma inconfundível. Uma alma musical distintiva, cheia de qualidade e com um traço original, que nos conquista no primeiro acorde. Foi, para mim, um privilégio descobri-los por acaso, num daqueles momentos em que os astros se alinham para nos fazerem tropeçar em artistas que nos aconchegam o coração.
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«Saudade é a prova de que tudo valeu a pena»
As pessoas chegam à nossa vida de mansinho, quase como se caminhassem sobre uma nuvem de algodão. E, nesse silêncio intencional, deixam-nos o coração em alvoroço. Como numa casa, reorganizam-nos, mas sem o propósito de nos mudarem a essência. E nós fazemos o mesmo. Tornamo-las num lar e desejamos que os nossos destinos nunca parem de se cruzar. Embora, por vezes, a distância física nos impeça de estar perto com frequência. Porque compreendemos, com as amizades certas, que o estar assume inúmeras formas. E que existem demonstrações que estreitam os nossos laços. E, ainda, que é com elas - e por elas - que descobrimos a melhor definição de pertença.
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... Cavalos!
[Um dos meus sonhos de criança era ter um cavalo. Acho-os lindíssimos e com uma elegância sublime. Fico fascinada a observá-los na sua passada tão delicada e cheia de charme. Por isso, também não resisto a fotografá-los sempre que me é possível. Há uns anos, durante as férias de verão, a caminho de Vimioso, passamos por um extenso terreno onde se encontrava um cavalo branco. Como havia a possibilidade de o fazer, o meu pai parou o carro e eu aproximei-me, ligeiramente, da cerca. Ele estava longe, porém, não queria interferir com a sua rotina, nem assustá-lo. Para meu deleite, veio ao meu encontro, parando quase em pose para a fotografia. Foi um momento tão especial, que sei que me acompanhará para sempre. Nunca realizei o sonho de ter um - e muito menos sei cavalgar -, mas continuarão a ter um espaço privilegiado no meu coração].
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Os nós que nos prendem começam a desfazer-se. Porque o seu manusear inconstante, quebra-lhes a força. E a vontade de permanecerem inteiros.
#devaneio #divagação #ligação #laços #nós #nostalgia #quebra #soltar #relações #partilhaemocional #vontade #inconstância #enfraquecimento #vinculo #fragmentos
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«Jorge Amado descreve, em páginas carregadas de grande beleza e dramatismo, a vida dos meninos abandonados nas ruas de São Salvador da Bahia»
O desconhecido pode revelar-se uma descoberta fascinante ou, em contrapartida, ser uma desilusão. Mas acredito que devemos arriscar sempre que é possível, porque não sabemos o mundo que nos espera do outro lado. E isso é totalmente válido na literatura. Por isso, tenho uma certeza: caso não me identifique, fico com uma nova experiência; caso me conquiste, retornarei ao autor. Por mais que demore a fazê-lo, os nossos caminhos voltarão a cruzar-se. E após concluir O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá [aqui], percebi que Jorge Amado não mais sairia da minha vida.
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«Ouvi o assobio do vento e encontrei o silêncio que eu tanto precisava»
Um assobio. Sempre o mesmo assobio no parapeito exterior, a anunciar um toque de primavera. De leveza. De paz. E eu ficava imóvel, dentro de casa, a contemplar o teu retrato de olhar vazio e sorriso aberto. Essa expressão particular, de quem é tão antagónico no interior da alma, desconcerta-me desde o primeiro encontro.
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«Ninguém disse que ir ao Snooze era fácil»
As minhas viagens de carro são sempre feitas de rádio ligado, independentemente da distância a percorrer. Porque adoro música e porque sinto que este ritual torna o momento mais intimista. Além disso, a imprevisibilidade do reportório combina bem com os traços distintos do caminho. E é assim que vou despertando e abraçando esta experiência em pleno.
«Será só matéria em rotação?
É mistério, mera maldição
Desentristecer a custo e abrir mão
Duro vai ficando o coração
De quem não quer dar-se à dor
De ser quem é
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... Cogumelos!
[A minha relação com os cogumelos sempre foi inconstante: enquanto comida, só há pouco tempo é que aprendi a gostar, porém, continuam a não ser das minhas primeiras opções. Apesar disso, para fotografar, enchem-me as medidas. A sua forma particular tem um encanto diferente. E, depois, é impossível ignorar o lado mimoso dos mais pequenos. Durante alguns anos, cresceram-me selvagens no jardim cá de casa e, portanto, tinha um novo divertimento neste tempo mais frio. O ano passado não tive essa sorte, mas vou-me maravilhando com os que encontro durante os meus passeios]
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«(...) é seguramente um dos romances míticos do século XX, uma daquelas obras raras que alteram o modo como toda uma geração encara o mundo que a rodeia»
Os livros podem guardar histórias leves, como uma pena que voa e que pousa delicadamente. Em contrapartida, também podem esconder enredos complexos, como uma teia que nos prende aos seus fios. Cada um destes registos pode ter um momento próprio, dependendo do nosso estado de espírito. Pessoalmente, aprecio obras que estabeleçam um equilíbrio entre ambos, porque adoro a simplicidade que me permite relaxar intelectualmente, na mesma medida que procuro uma leitura que me desafie e alargue horizontes. E com Milan Kundera consegui atravessar essa ponte.
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A Revista Coliseus & Os Tvgas
A 27 de outubro de 2017, vivi um dos momentos mais mágicos da minha vida: o concerto do Diogo Piçarra no Coliseu do Porto. Esta sua conquista - consequência de todo o talento que o caracteriza e do seu trabalho árduo, que não o permite descurar dos seus objetivos -, foi também minha, porque tive a oportunidade de estar presente e de assistir a este sonho a ganhar forma.
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«Fotografar é uma maneira de ver o passado. Fotografar é uma forma de expressão, o "congelamento" de uma situação e seu espaço físico inserido na subjetividade de um realismo virtual»
É um conforto e uma grande sensação de liberdade passear perto da praia. O aroma da maresia e a extensão infinita do mar estabelecem uma parceria ímpar, que nos envolve no seu regaço imaginário. Por momentos, sinto-me a entrar numa bolha introspetiva. Absorvo aquele pedaço de natureza e reconecto-me, somente, com os meus pensamentos. E deixo-me ir. Sem pressas. Por um caminho que tem tanto de surpreendente, como de familiar.
O conceito de pessoas-luz, para além de maravilhoso, define muito bem algumas personalidades. Porque há, efetivamente, seres humanos que transmitem uma energia tão bonita, consequência da sua essência humildade e pura e de terem o coração no sítio certo, que nos conquista com toda a naturalidade. Aliás, estranho seria se assim não o fosse, uma vez que são eles que tornam o mundo num lugar melhor. E a Carolina Deslandes é um dos exemplos mais evidentes. Admiro imenso a sua voz, a sua música e a sua escrita. Porém, é igualmente fascinante ouvi-la a partilhar e a justificar os seus pontos de vista. Nesta conversa no Elefante de Papel, comprovou, sem filtros, o quanto é inspiradora. Que momento especial!
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«Seis comediantes arriscam a sua vida para testar material inédito e fresco»
O humor é uma arte - e uma arma. Tão subjetiva e tão fascinante. Muitos discutem quais são os seus limites e eu continuo a defender que são os nossos preconceitos que os estreitam ou que fazem cair esses muros. Há ocasiões nas quais, se calhar, inconscientemente, não estamos preparados para determinadas piadas. Porém, isso não as torna más ou desrespeitosas. Apenas não desencadearam uma identificação em nós. O que é necessário é compreender que o alvo não é, propriamente, o sujeito, mas a situação. E quando formos capazes dessa desconstrução, o julgamento gratuito deixará de ser uma constante. Porque mentes fechadas não têm graça.
«Sobe caracol
Muro branco lentamente
Sem pressa de chegar
Só para ver o mar
Bola de sabão a voar
Livremente até rebentar
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... Portas!
[Através da fotografia transmito muito daquilo que me fascina. E há sempre algo numa porta que me faz parar, principalmente, quando apresenta um traço distintivo e/ou uma cor mais particular, contrastando com toda a sua estrutura. Além disso, esconde inúmeras oportunidades. Resguarda o que é íntimo. E pode ser a entrada para a nossa bolha de segurança. Talvez imagine em demasia, mas sinto que uma porta é sempre mais do que a sua representação literal. E a olho nu ou atrás de uma máquina fotográfica, divago pelos vários significados que pode assumir]
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«Há espaço para novas oportunidades?»
Outubro é, por norma, sinónimo de regressos. É neste mês que a minha televisão volta a ser ocupada pelas minhas séries de eleição - tão desafiantes e familiares -, mas permitindo que outras sejam acrescentadas à lista, caso se justifique. Como mencionei nesta publicação, o grande problema associado a estes programas é que têm um prazo de validade - mais ou menos duradouro dependendo de vários fatores - e a despedida é sempre dolorosa. Custou-me bastante quando Castle chegou ao fim, mas acaba por ser um conforto extra perceber que os protagonistas não estão muito tempo longe do ecrã.
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«Paixão e distância, azar e destino, dor e prazer... qual o verdadeiro rosto do amor?
É com um enorme conforto no peito que desembrulho presentes que escondem livros. E a primeira razão é facilmente identificável, ou não fosse a leitura uma das minhas grandes paixões. Mas adoro, sobretudo, que me ofereçam livros porque é um elo que se estreita. Porque as pessoas acabam por, inconscientemente, projetar os seus gostos e por nos descreverem - a nós, mas também a uma realidade que se pode adequar ao nosso contexto ou a um caminho que faria sentido descobrirmos. E todo esse encanto acresce quando nos brindam com obras das suas bibliotecas pessoais, como se fosse uma passagem de testemunho, um tesouro que nos confiam para cuidar com amor.
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A Teresa Silva [Ontem é só Memória] e a Marisa Cavaleiro [Marisa's Closet], a quem agradeço antes de avançar, desafiaram-me a responder à tag 14 perguntas, há bastante tempo. Confesso que, apesar de não me ter esquecido, fui adiando esta publicação, porque acabei por priorizar outras temáticas. E, mesmo acreditando que as tag's são uma maneira descontraída e engraçada de conhecer um pouco mais de quem escreve, pessoalmente, prefiro partilhá-las de forma espaçada, para ir desvendando diversas particularidades aos poucos. E chegou, finalmente, o momento de concretizar esta nomeação. Como sabem, não selecionarei alguém para lhe dar continuidade, mas sintam-se à vontade para responder, se assim o desejarem [podem, inclusive, fazê-lo nos comentários]. Passamos às questões?
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«Não se pode esperar um final feliz de uma história de terror»
A rotina pode ser uma coisa enfadonha para quem a cumpre sem alterações - por mínimas que sejam. Em contrapartida, é maravilhosa para quem, como eu, se alimenta da desatenção e do medo de jovens indefesos, tão absortos nas suas vidas automatizadas, que nem tempo lhes dão para perceberem que o perigo as cerca. Aos poucos. De um jeito sufocante.
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«Llévame donde deje mi corazón»
A música portuguesa é quase uma extensão da minha personalidade, porque me acompanha desde sempre. Além disso, acredito e admiro a nossa língua, os nossos artistas e a qualidade que os caracteriza. No entanto, não sou extremista ao ponto de não me permitir apreciar o que é produzido no estrangeiro. Nem é esse o propósito. E não potencio uma rivalidade perfeitamente desnecessária. Em mim, há espaço suficiente para ambas as vertentes, mesmo que tenha tendência a escutar mais uma do que outra. Atendendo a que a minha curiosidade é transversal a qualquer idioma, vou descobrindo músicos que me arrebatam por completo.
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... Carrinha Pão de Forma!
[Há traços que nos definem. E o meu fascínio por este clássico da Volkswagen é um deles. Porque representa um sonho quase tão antigo como a minha existência. E porque simboliza viagens, família e liberdade. Não sei precisar o momento em que me perdi de encanto por ele, mas sei que foi bastante natural, enraizando-se na minha essência até hoje - e para sempre. Aos poucos, vou aumentando a minha coleção e continuo a alimentar a ambição de, um dia, adquirir um verdadeiro, por mais irreal que isso pareça. Não projeto muito o futuro a longo prazo, mas, por exemplo, adorava que este modelo tão mítico fosse o transporte do meu casamento. Se será possível? Aguardemos. Por agora, sou muito feliz com os que tenho em miniatura - não só em versão carrinha, mas também em diferentes variantes, como ímanes, postais, canecas, velas. E tenho a certeza de que serão, eternamente, uma parte de mim - e d' As gavetas da minha casa encantada]
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«O primeiro amor [após 19 tentativas vãs]»
A minha lista de desejos literários, como já confidenciei inúmeras vezes, aumenta mais do que aquilo que diminui. E, inevitavelmente, há títulos que se mantêm presentes, à espera da sua oportunidade de vir morar na estante cá de casa. Alguns conseguem esse feito, mas outros permanecem em suspenso, enquanto não chega o seu momento - se é que algum dia chegará - de me abraçarem com a sua história. Como a leitura anterior tinha sido tão positiva, decidi voltar a John Green, recuperando uma das suas obras que está há mais tempo no meu foco.
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«É que, meu bem, eu nasci livre»
Eu sei que prefiro andar às voltas, por becos intermináveis, em vez de seguir em linha reta. Mas, se jogasse sempre pelo seguro, nunca te teria conhecido. E, muito menos, te teria amado. Se tivesse continuado em frente, em todas as vezes que a rota se dividiu, não teria aproveitado os prazeres das ruas à direita, nem as tentações das que permanecem à esquerda; nem todo o mistério e todos os recantos que as completam e as tornam, minimamente, identificáveis - ainda que, em certas ocasiões, aparentassem ser iguais, sobretudo, quando o meu sentido de orientação fugia de mim.
andreia morais
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