A nu de preconceitos

Fotografia de Capacidade de Ser

«E se eu despir minha alma?»

Dispo-me em palavras

Fico nu

Num tom seco

A máquina de escrever

Ecoa a minha liberdade

Deixo cair as amarras

As inseguranças

E os preconceitos

Tão meus, tão do mundo

São os olhares dos outros

Frios, intensos, julgadores

Que me encolhem os sonhos

Grito na minha mudez

Quebro a cegueira que me aprisiona

E renasço das cinzas

De alma exposta

E peito aberto

Com capacidade para ser

A mudança

A preto e branco

Pinto a minha existência

Sombria, solitária

Até manchar a tela

Que cubro pelas mãos dos demais

Rasgo os papéis e sou só eu

Sem filtros, nesta pele 

Que é, finalmente, a minha

Aquela que me satisfaz

E que me define sem medos

Sou tanto por dentro

Dispo-me de personagens

Aqui, a escrever

Prostrado, a nu

Sou de um mundo

Que é só meu

[O Capacidade de Ser lançou-me o repto de escrever sobre uma fotografia sua. 

E esta publicação é o resultado desse desafio]