O mundo por olhos tom de castanha #43

Fotografia da minha autoria

«Fotografar é uma maneira de ver o passado. Fotografar é uma forma de expressão, o "congelamento" de uma situação e seu espaço físico inserido na subjetividade de um realismo virtual»

É um conforto e uma grande sensação de liberdade passear perto da praia. O aroma da maresia e a extensão infinita do mar estabelecem uma parceria ímpar, que nos envolve no seu regaço imaginário. Por momentos, sinto-me a entrar numa bolha introspetiva. Absorvo aquele pedaço de natureza e reconecto-me, somente, com os meus pensamentos. E deixo-me ir. Sem pressas. Por um caminho que tem tanto de surpreendente, como de familiar.

É mesmo agradável estacionar o carro, independentemente do sítio, e percorrer toda a extensão de praias em Gaia, cumprimentando-as, discretamente. Elas sucedem-se num traço de vizinhança unido, quase como se fossem uma só. Mas todas têm algo que as distingue, seja no areal, seja pela paisagem em redor. Há seis anos, durante as férias da minha mãe, decidimos traçar dois itinerários, a cumprir em dois dias seguidos: no primeiro, ir de Salgueiros à Afurada - e voltar; no segundo, partir da Afurada e ir até ao Cais de Gaia - fazendo, posteriormente, o percurso inverso. Foram caminhadas revigorantes, marcadas por inúmeros detalhes. E, claro, a minha máquina fotográfica tinha que nos acompanhar.

Em passo desacelerado, para desfrutar de toda aquela vista maravilhosa, procurei captar a sua essência. Nestes fragmentos que preservo com carinho, espelham-se lugares que me fazem sentir em casa.