MOLESKINE 2020 // O MELHOR DE FEVEREIRO

Fotografia pessoal

«A vida é feita de momentos colecionáveis»

Fevereiro. De amor. De folia carnavalesca - embora não me entusiasme assim tanto. De aniversário do meu pai. De descoberta. De renovações. De cultura. Este mês passou num sopro, mas trouxe-me uma vontade imensa de apostar - e cuidar - mais em mim, arriscando em áreas que não são uma prioridade, como o caso da maquilhagem. E percebi, neste balanço, que foram mais os dias em que preferi arranjar-me, mas sem dispensar o lado confortável e prático que tanto privilegio no meu quotidiano. Além disso, comprometi-me a fazer renascer o projeto Rotas Singulares. Com muita tranquilidade e energias renovadas, despeço-me com a sensação de dever cumprido. E uma bela dose de motivação extra.

Aniversário do meu pai: Herdei muitos dos seus traços de personalidade, para além de ser a sua cara chapada. E isso deixa-me mesmo orgulhosa, porque é uma das melhores pessoas que tenho na vida. Por isso, nunca me fez tanto sentido uma letra de uma música, como a da Irma quando canta «somos da mesma versão». O meu pai celebrou a chegada aos 56 anos e, claro, fomos comemorar no Bibó Porto!, com uma francesinha deliciosa e, depois, com um bolo irresistível. Bem sei que me repito, porém, se for metade do ser humano maravilhoso que ele é, então, estou a seguir a direção certa. Adoro-te, Super Herói.

Pão de Forma // Viseu & Serra da Estrela: A primeira semana de fevereiro terminou serena, mas com níveis de entusiasmo elevados. Porque o aniversário do meu pai abriu portas a dois dias longe da rotina. Sou muito apaixonada pelas minhas cidades - de origem e de coração -, mas adoro partir à descoberta. E, felizmente, o nosso país transborda de destinos ótimos e imperdíveis, que nos sabem acolher como se fossemos parte da sua identidade. Com as malas na Pão de Forma imaginária, rumamos até Viseu - onde, também, pernoitamos. E ainda houve tempo para um regresso a uma Serra da Estrela sem neve, para me perder com a vista da Lagoa Comprida [publicação completa aqui].

Golo do Sérgio Oliveira: Há anos que acompanho a sua carreira futebolística e sempre me angustiou o facto de não ter conseguido singrar na equipa principal do Porto. No entanto, por ser dos que mais sente o clube e ter imensa competência, acreditava que a sua oportunidade iria chegar. Porque a sorte nem sempre protege os audazes, mas, desta vez, o destino não seria esse. A prova disso é que, esta época, está a superar todas as expectativas. E bem merece estas conquistas. Frente ao Benfica, marcou um golaço que dificilmente será esquecido, mostrando mais um traço do seu enorme talento.

Querido, mudei a estante: Perdoem-me o trocadilho, mas não resisti. Contudo, para ser honesta, não foi uma mudança, foi mais um acréscimo, porque tinha um canto da minha sala inutilizado, que poderia funcionar melhor se o aproveitasse. A hipótese mais óbvia foi uma estante, permitindo-me organizar os meus livros de uma forma harmoniosa. Para tal, desloquei-me ao IKEA e encontrei o modelo ideal, o Billy, para o espaço em questão, com um preço bastante simpático [35€]. No que concerne à sua componente prática, consegui desocupar toda a divisória sob a minha secretária e eliminar o aglomerado de obras em dupla fila. Visualmente, está apelativo. Todavia, o mais importante é que se revelou uma opção muito funcional, até porque me facilitou o acesso aos meus livros, pois consigo ver perfeitamente onde se encontram.

Roda Bota Fora // Hard Club: A primeira vez que escrevi sobre este grupo de comédia, partilhei a minha esperança de os saber a realizar uma tour que incluísse o Porto. As minhas preces foram escutadas e, no ano transato, conforme mencionei nesta publicação, tive o privilégio de os ver atuar ao vivo, superando qualquer pensamento com que entrei no Hard Club. Quis o destino - ou, neste caso, eles - que nos voltássemos a encontrar, precisamente na mesma sala. E, bem, foi ainda melhor! A base do espetáculo continua a ser a mesma, contudo, o jogo final sofreu uma pequena alteração, o que lhe atribuiu mais dinâmica. Se depender de mim, podemos reencontrar-nos, no mesmo lugar, em 2021.

O Cemitério de Raparigas // Miguel Esteves Cardoso: A  sua energia dicotómica simboliza uma viagem emocional, de autoconsciência, que quase nos obriga a olhar para dentro de quem somos. Porque cada reação é o espelho da essência humana. Assim, refletimos sobre a solidão, sobre a toxidade dos vínculos que estabelecemos e o seu lado descartável, sobre os sentimentos mornos e fugazes, sobre o ciúme, a obsessão, a rejeição e a morte [física e espiritual]. Em simultâneo, evidencia a necessidade de eliminar o passado - e a concorrência - e o quanto o amor nos consome, entrando numa espiral de urgência, intensidade e excitação [Uma Dúzia de Livros // Fevereiro]

Ao Teu Lado // Ana Ribeiro: Esta obra tão doce mostra-nos que não são as nossas diferenças - nem o berço - que nos separam. E é neste traço honesto que se cumprem promessas inquebráveis, mesmo quando somos confrontados com obstáculos de elevada dificuldade. Porque não há vicissitudes que afastem quem nasceu para viver de mãos dadas. Até ao fim do fim. Num grito de amor constante, no mesmo compasso de tempo e de vontade, valorizando a ponte mais especial que algum dia poderemos edificar: a amizade [The Bibliophile Club // Fevereiro].

O Segredo de Chimneys // Agatha Christie: Encontrei este livro numa feira em segunda mão, em Aveiro, o ano passado, a três euros. Mas só agora me predispus a descobri-lo, porque estava mesmo a precisar de um enredo da rainha do crime, sempre tão cheio de detalhes que nos inquietam. Que nos enganam. E que deixam a nossa mente em constante movimento, a tentar unir as peças do puzzle. Contudo, tenho que admitir que não foi a obra que mais me entusiasmou. A sequência é vertiginosa e, até certo ponto, viciante, mas faltou-me algo.

Harry Potter e a Criança Amaldiçoada // J. K. Rowling, John Tiffany & Jack Thorne: A energia deste livro é completamente diferente. E é claro que gostaria que seguisse a linha dos sete volumes anteriores, pois proporcionar-nos-ia uma experiência mais arrebatadora. Mas ter bem presente o facto de ser um guião ajudou-me a receber a história com outro compromisso e entusiasmo. Senti falta de algumas personagens, de uma transição menos abrupta entre cenas, de ler mais descrições e de sentir toda a emoção que J. K. Rowling consegue destinar a cada momento. No entanto, fui surpreendida. E gostei mesmo de perceber e de acompanhar a cadência entre os protagonistas de diferentes gerações. Porque, no meio da fantasia, há uma voz muito real. Além disso, deixou-me com vontade de ver a peça de teatro.

1Q84 Vol. 1 // Haruki Murakami: O escritor japonês era um dos que mais curiosidade me despertava. Portanto, na Feira do Livro do Porto, em 2018, aproveitei para adquirir a trilogia 1Q84. O problema é que esteve guardada na estante até este mês, porque acreditava que ainda não tinha chegado o momento certo para mergulhar no seu mundo fantástico. Finalmente, aventurei-me. E a viagem foi espetacular. A atmosfera é distinta, original, e permite-nos deambular por realidades paralelas, com a certeza de que se cruzam em algum ponto. Neste primeiro volume ainda não é clara a dimensão desta componente, mas é um impulso estimulante. Em simultâneo, sinto que as descrições e as constantes reflexões interiores das personagens ajudam a tornar o enredo mais sólido. E cativante, até pela naturalidade do enredo.

O Adeus aos Nossos Heróis: A morte de Kobe Bryant abalou-me profundamente, uma vez que foi sempre uma referência no Basquetebol - desporto que me fascina desde que tenho plena noção de quem sou - e por toda a capacidade de entrega, de superação, de união. Pois só alguém verdadeiramente especial poderia criar a onda de amor que se fez sentir em todo o mundo. Depois do choque da notícia, chorei. Chorei muito. E em silêncio. A ler as homenagens que foram sendo publicadas e a recordar fragmentos da sua carreira brilhante.

Rotas Singulares // Parque Quinta das Devesas: A portada verde, cor de esperança, abre-nos os seus braços invisíveis. E recebe-nos num lugar com uma energia mística. Romântica. Desarmante. E curiosa. Porque as ruínas não impedem que se desenhe toda a beleza intrínseca à sua arquitetura. Outrora, transbordou de vida. Hoje, inquieta-nos com a sua história. Permite-nos escutar um silêncio tão cheio de paz. E convida-nos a explorar os seus trilhos inigualáveis, que só descobrimos se deambularmos pelo coração da minha cidade.

Storyteller Dice // Cartas de Amor: Meu coração hospedeiro, abre as tuas asas de sonho-paixão, mesmo que permaneças inseguro no voo. Não tenhas medo de cair, porque os arranhões também nos ensinam a crescer. A colar a resiliência à pele. E a saber que, algures nos nossos passos, encontraremos um solo seguro para construirmos um lar. Talvez demore, porém, chegaremos sempre onde nos aguarda o destino: com um tapete de serapilheira a indicar que a nossa casa é aquela onde existe um pedaço vitalício de paz. Por isso, vai. Ainda que partas hesitante.

Inconfidências // O Desporto Não Tem Cor: O grito de revolta do Marega carrega muitas vozes dentro. E é uma luta que está longe de terminar. Mas, enquanto formos mais por ele - e como ele -, desistir não é uma rota viável. No desporto, a cor é só uma questão de equipamento. Para todos os que insistem em alimentar atitudes de merda, alerto-vos para descerem do vosso pedestal. É que, no fim, morremos todos, independentemente de se sentirem inatingíveis. Juntem-se aos bons: aos que veem para lá das diferenças. Aos que não pisam. E que tornam o ambiente desportivo na celebração que lhe corre no sangue.

1+3 // Post Scriptum: Todas as Cartas que me Deveria ter Escrito: A minha alma transborda palavras. São o meu dialeto. A voz que me sai do peito, sempre cheia de cadência. De amor. De empatia. De força, mesmo quando a noto enfraquecida. Além disso, são o meu refúgio. O meu colo. O meu trampolim interior. Porque acredito no poder que preservam em cada letra. Portanto, estando consciente de que há momentos em que necessitamos de uma prova física de motivação e esperança, poderia ter recorrido ao papel e à caneta sempre que senti a minha vida no limbo.

O mês de fevereiro, como mencionei no parágrafo inicial desta retrospetiva, ficou marcado por um regresso ao Bibó Porto! Porque a comida é sempre maravilhosa e o atendimento irrepreensível. Já me sinto em casa e isso só demonstra o quanto a equipa sabe receber. Por outro lado, no fim de semana que passamos fora, tivemos a oportunidade de ir almoçar ao Serra da Estrela, no Palácio do Gelo Shopping, e de jantar no restaurante O Pateo, localizado na Rua Direita. E só posso tecer os maiores elogios a ambos, tendo em conta que tanto as refeições, como o serviço em si proporcionaram-nos um belo momento gastronómico. Apesar disso, como gulosa que sou, tenho que referir que o ponto alto foi mesmo o Cheesecake, d' O Pateo, que é divinal. Se tiverem oportunidade, provem. O difícil será não quererem repetir.

O chá é, inegavelmente, a minha bebida de eleição. Portanto, estou sempre à procura de novos sabores. Nos últimos dias, acrescentei mais dois à minha lista de favoritos: Exotic Passion [Pitaia, Maracujá e Aronia] e o Vibrant Raspberry & Pomegranate - ambos da Lipton.

Por fim, mas não menos importante, ando viciada nos Gressinos, que são pequenos palitos de pão torrado, polvilhados com ervas aromáticas. Compro os meus no Auchan, mas tenho que experimentar fazer cá em casa.

Bases Ilustradas: Conheci a Sofia através da blogosfera. E tenho estado atenta aos seus passos no Instagram, onde criou uma conta mais profissional, vocacionada para os seus serviços de ilustração, design gráfico e invenção «de coisas fofas»: A Sofia Chiclete. Quando anunciou que teria bases pintadas à mão, retive esta novidade. Após alguma hesitação, enviei-lhe uma mensagem a perguntar se seria possível fazer-me uma raposa, um balão de ar quente e uma carrinha Pão de Forma. A resposta foi imediata e positiva. E eu não podia ter ficado mais encantada com o resultado [publicação completa aqui].

Tily's Things: Apoiar negócios de pessoas especiais tem sido a minha missão ultimamente, porque acredito que devemos investir no trabalho daqueles a quem reconhecemos empenho, verdade e mérito, como é o caso da Matilde, que transborda talento e criatividade. Há muito tempo que andava a namorar este marcador de livros e, finalmente, foi uma compra prioritária. Além disso, aproveitei para adquirir mais um par de brincos, em forma de caçador de sonhos, com uma combinação de cores que adoro: azul e laranja. Tenho usado e abusado destas duas peças.

Solidariedade | Nuvem Vitória: Há projetos com dinâmicas maravilhosas, até porque transmitem - e transbordam - cuidado e sensibilidade. Para além do mais, revelam-se de máxima importância, uma vez que concedem um conforto maior àqueles que se veem obrigados a lutar contra adversidades sérias e, muitas vezes, desgastantes. E a Carolina Nelas escreveu, precisamente, sobre um exemplo muito prático desta questão, mostrando o impacto positivo do voluntariado [publicação aqui].

Corte, Costura & Maquilhagem: Se, há uns meses, me dissessem que iria utilizar calças de ganga que não fossem skinny, o mais provável seria rir-me, porque este modelo tem sido um verdadeiro aliado. Porém, como já diz o ditado, o peixe morre pela boca. E eu perdi-me de amores por umas Straight Leg, da C&A, que são a coisa mais confortável de sempre - e adoro a lavagem. Fosse possível e passava a viver dentro delas.

Para complementar o meu vestuário, até porque tenho procurado arriscar um pouco mais no meu estilo, adquiri, finalmente, um casaco vermelho. Embora não seja a peça mais quente, protege nos dias menos rigorosos.

No campo da maquilhagem, surpreendentemente, preciso de destacar dois produtos que têm feito parte da minha rotina, quase, diária: o batom Les Chocolats no tom 842 e a máscara de pestanas Size Up.

 

Paliativo, Por Enquanto: O Tiago André Alves é doente oncológico, com um cancro estádio IV, cujo prognóstico é bastante reservado. Tem 30 anos. E, para ele, «é uma questão de tempo». Numa altura em que se discute tanto sobre a Eutanásia, aconselho a lerem o seu artigo para o Observador, porque ser contra é limitar o caminho, «impondo uma série de ideologias e valores» que vão de encontro aos das pessoas que pretendem, pelo menos, ter um final digno [artigo completo aqui].

Fevereiro não se poupou nas sonoridades e nos dialetos, permitindo-me uma nova viagem por vários géneros, nesta miscelânea que faz todo o sentido para o meu coração. Com algumas novidades e nomes que já são uma constante, houve uma explosão de ritmo. E de emoções fortes. Numa playlist com 15 canções, houve espaço para absorver várias realidades, sensações e pontos de vista. Para tornar a experiência auditiva muito mais completa, o meu gira-discos virtual manteve-me presa a dois álbuns cheios de vida: Abensonhado [Jimmy P] e Madrepérola [Capicua].

A surpresa: Everything I Wanted 🔺 Melhor duo: Hotel 🔺 A mais aguardada: Know Your Worth 🔺 A favorita: Canção do Metro

Ponto Final, Parágrafo: A premissa deste podcast é muito clara. Pode um «programa de rádio ter uma lombada? Podemos folhear uma frequência radiofónica? Os ouvidos podem ler?» Aqui, sim. Portanto, em cada episódio, acompanhamos a Magda Cruz numa conversa com escritores, editores, autores, jornalistas, especialistas, estudantes e amantes de livros. Tem sido uma descoberta fabulosa, que recomendo a todos. Afinal, sabe sempre bem ouvir falar sobre literatura - e sobre a vida.

Rádio Comercial // Cortar aos Pedaços: O Rui Maria Pêgo e a Ana Martins conduzem um talk show radiofónico - Era o que faltava -, onde «entrevistas de vida com grandes personalidades portuguesas culminam num jogo de dilemas morais». Uma das convidadas mais recentes foi a Maria Botelho Moniz. E este fragmento contribuiu para reforçar a imagem positiva que tenho dela. Que ser humano inspirador!

Rádio Comercial // 10 em 1: A equipa das manhãs deu forma ao segmento 10 em 1, no qual testam os seus convidados com uma série de perguntas. Embora não assista regularmente, não podia perder o episódio com o Bruno Nogueira - por quem nutro uma enorme admiração. Não sou de intrigas, mas foi dos momentos mais hilariantes. E memoráveis.

Rui Sinel de Cordes // Maluco Beleza: O encontro anual, como parece, aconteceu. E o Sinel de Cordes regressou ao liveshow do Rui Unas para conversar sobre o seu novo espetáculo - O Início. Podem não se identificar com o seu tipo de humor, mas não deixem de ouvir, porque a conversa divagou por temas muito interessantes. E pertinentes.

O segundo mês do ano chegou sereno e manteve-se como uma bolha de paz. Marcado por momentos aconchegantes, este fragmento de gratidão espelha isso mesmo. Porque nunca é de mais agradecer as boas oportunidades que a vida nos coloca no caminho. Portanto, sinto-me grata por...

... Ter conseguido ir de fim de semana.

... Ter sentido o grito de revolta - e de coragem - do Marega!

... Todos os jantares semanais com os meus afilhados.

... Ter visto Roda Bota Fora, no Hard Club.

... Saber de mais uma conquista da minha afilhada.

... Continuar firme nos meus objetivos.

Como foi o vosso mês?