Junho. O sexto mês obrigou-me a ser ainda mais reflexiva. A olhar para dentro. E a fomentar uma consciência crítica mais apurada sobre a minha voz social. Porque o desconfinamento deu lugar a outro tipo de caos, que sempre existiu, mas que, agora, «está a ser filmado». Além disso, mostrou-nos a todos, novamente, a urgência de tratarmos a saúde mental com prioridade. Infelizmente, ainda há quem acredite que é um capricho, mas não podiam estar mais longe da verdade. Portanto, é necessário estarmos atentos a todos os sinais que nos pareçam suspeitos e não termos receio de pedir ajuda. Com alguma apatia - que não sei bem de onde surgiu -, sinto que junho trouxe-me alguma instabilidade emocional, que me fez repensar algumas opções/escolhas. Apesar disso, o meu moleskine guardou momentos inesquecíveis, que serão o impulso certo para continuar a percorrer esta minha estrada.
Fotografia da minha autoria
Tema: Um poema com uma flor
Esgotei-te as palavras, meu amor
Perfeito, sem jeito
Pedaço de mar revolto
No meu regaço [im]puro
«Eu era livre como um passarinho
A esvoaçar de ninho em ninho
Fotografia da minha autoria
... Dormir com duas almofadas!
[Mais uma das minhas particularidades, quando chega a hora de dormir. Além de ter necessidade de adormecer com a televisão ligada, também tenho de dormir com duas almofadas. Caso contrário, sinto-me desconfortável. E não podem ser nem muito altas, nem muito baixas, para manter um nível equilibrado. Este ritual - que parece mais exaustivo do que é na realidade - é fácil de realizar, se estiver em casa. Quando vou de férias, por exemplo, pode ser um pequeno tormento. Não havendo a hipótese de obter uma segunda almofada, chego mesmo a dobrar a que tenho, mas claro que não faz o mesmo efeito. Ainda assim, vale a pena o esforço, só para não passar noites em claro e descansar]
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«O mundo será menos global e mais local»
A pandemia afetou a nossa saúde. Mas também teve repercussões graves na nossa economia, tal como se tem vindo a verificar com o encerramento de pequenas e grandes empresas ou com a rutura de vários postos de trabalho. Portanto, se sempre considerei que deveríamos valorizar o nosso país, nos tempos atuais é urgente escolher Portugal.
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«No amor descobrimos quem queremos ser.
Na guerra descobrimos quem somos»
O livro abre-se. E o traço ficcional pode conter sombras de acontecimentos históricos reais. Por isso é que a literatura é uma fonte inesgotável de aprendizagens e de apropriação cultural. Inspirada pelo projeto da Sandra Cavaleiro - Ler é Respeitar a História -, pude centrar-me na Segunda Guerra Mundial e resgatar da estante uma obra de Kristin Hannah, que estava ansiosa por abraçar.
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«Um projeto solidário»
O interesse manifestado aquando desta publicação, na qual partilhei um elemento decorativo muito particular, fez-me compreender que não era justo continuar a manter as fotografias dos guarda-chuvas de croché apenas guardadas no meu álbum fotográfico. E como o prometido é devido, resolvi recuperar os registos de uma iniciativa que pretendia combater o isolamento. E que trouxe outro encanto às ruas de Coimbra.
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«Amor é quando a gente fica»
A aventura começou há 11 anos, em plena véspera de S. João. Sem rede. Sem expectativas. Apenas com muita curiosidade e vontade de construir uma casa para os meus pensamentos. Em cada passo, tracei mais um pouco da minha identidade. Descobri a voz que pretendo priorizar. E permiti-me assumir um compromisso, mas sem me levar demasiado a sério. No fundo, quis voar alto, mas sem perder a noção do chão que me ampara.
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«A criatividade é a inspiração da inovação»
As pessoas conseguem ser inspiradoras. Sobretudo, quando atribuem uma voz à sua criatividade e não têm receio de arriscar em conceitos novos. Com uma capacidade única para nos entreter. Há uns meses, cruzei-me com uma publicação da @madganunescruz que me deixou encantada. E guardei-a, uma vez que senti que iria querer reproduzi-la. Porque consiste em criar um poema a partir de títulos de livros.
«Já não durmo e o tempo, aos poucos,
Começa a roubar-me a vida
Tanta porta para entrar
E eu quero encontrar a saída
Sinto que eu própria já não me reconheço
E quando escrevo a história,
Às vezes não me lembro
Quem era, como era
Fotografia da minha autoria
... Mulan!
[Uma das minhas personagens favoritas da Disney. A jovem irrequieta, determinada, de espírito livre ensinou-me a lutar pelas minhas convicções. Mesmo quando isso implica desafiar tradições, pilares e barreiras. Quebrando uma série de estereótipos, foi colocada à prova constantemente. Porém, nunca desistiu. E esta coragem inspirou-me sempre. O sentido de perseverança e o coração guerreiro permanecem enlaçados nos meus passos, bem guardados no coração. A jornada pode ser longa e curvilínea, mas os valores no sítio certo levam-nos a bom porto. E a Mulan, por mais que seja uma figura de ficção, não deixou de me dar a mão, ajudando-me a crescer e a querer ser alguém melhor].
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«Desfoca o seu umbigo e sente aquilo
que o seu próximo está sentindo»
Suspiro. Há algo que não consigo compreender: porque é que os teus problemas são mais sérios que os meus? Porque não sentes os danos que os meus infligem? Não é justificação. É que eu também não sinto os teus com a mesma propriedade e não é por isso que os menosprezo.
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Tema: Um livro que está na tua estante há mais de um ano
A simbiose entre as minhas metas de leitura e os temas mensais dos clubes literários que abracei tem acontecido sempre de um modo natural, mas entusiasmante. Porque me permite não desviar da rota idealizada, enquanto encontro mais uma motivação para observar a minha estante e priorizar aquele título que continuo a adiar. E para o The Bibliophile Club optei por selecionar um dos livros obrigatórios do secundário, procurando transformar a experiência num marco positivo.
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«Ler é magia. Escrever é milagre»
O meu traço reflexivo envolve-me em permanentes conversas introspetivas. Porque considero útil e bastante gratificante termos noção dos nossos passos. Da estrada que percorremos. E das metamorfoses que abraçamos. E procuro estende-lo a várias áreas da minha vida, se bem que algumas são mais intuitivas e evidentes. Portanto, vou priorizando componentes particulares, como a escrita.
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«Todos os artistas têm em comum a experiência da distância
insondável que existe entre a obra e suas mãos»
A arte tem múltiplas vozes. É uma extensão da nossa identidade. E um passaporte para a liberdade de ser, alargar horizontes, pensar de maneira diferente e, até, criar. Nem sempre temos uma noção clara da sua importância, mas a verdade é que é um refúgio quando a vida nos vira do avesso, colocando à prova a nossa resiliência. Constituída por figuras de vários departamentos, há personalidades que crescemos a admirar, enquanto outras nos surpreendem durante o percurso. Mas quando a realidade se revela antagónica à nossa perceção, existe uma questão que se impõe: seremos capazes de separar o artista da obra?
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Tema: Copo de Sumo + Hambúrguer
O meu terceiro ano fora. Parti sem rumo, à deriva, procurando um futuro confortável, ambicioso. Foi um risco mais ou menos calculado. E, hoje, o meu peito deambula sereno. Mas há algo que, por mais que esteja em paz, nunca deixa de ter peso nos meus passos: as saudades.
«Sabe tão bem poder contar contigo para jantar
Eu sei de cor os passos que vais dar
Amor, eu sei que podes não chegar também
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... Carrosséis!
[Não propriamente para andar, mas mais para fotografar. Porque adoro o formato, as cores, a cadência com que estes elementos se interligam e a beleza da sua ilusão, como se, por entre voltas e rodopios, embarcássemos numa viagem mágica. Sempre fui um pouco medricas, portanto, aventurava-me pouco nestes divertimentos - e, hoje, não arrisco de todo. Mas ficava - e fico - fascinada a assistir de fora]
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«Fotografar é uma maneira de ver o passado»
Viajar através de fotografias mais antigas - e mais recentes - é um dos meus passatempos favoritos. Não só pelo reavivar de memórias, mas também pelo despertar de novas perspetivas e pela possibilidade de conhecer determinadas histórias mais a fundo. Além disso, é uma excelente maneira de encurtar a distância emocional e de serenar as saudades. Durante a quarentena, aproveitei para revisitar alguns locais onde, talvez, não tenha a oportunidade de regressar em breve. E percebi que ainda tinha fragmentos das minhas férias perdidos no baú.
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Tema: Um livro adaptado ao cinema ou TV
Os livros são a minha casa. Esta afirmação não é uma novidade, mas também nunca será uma partilha excessiva, porque vale o mundo conversar sobre o que nos apaixona. E há histórias tão surpreendentes, que sabe-las adaptadas noutros formatos é sentir um aconchego duplo, pois significa mais uma maneira de a prolongarmos na memória. Portanto, para o tema de junho de Uma Dúzia de Livros, resolvi abraçar um clássico que tinha em falta, da autoria de Louisa May Alcott.
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«Sair é bom, mas ficar em casa assistindo séries é melhor ainda»
A produção artística nacional tem crescido na quantidade e, sobretudo, na qualidade. Há anos que não acompanho telenovelas, mas permaneço atenta a um dos formatos que mais me entusiasma: as séries. E, para mim, há uma verdade incontornável, que reside no facto de a RTP ter a aposta mais sólida e credível neste setor, apresentando argumentos surpreendentes e originais. O que me deixa bastante agradada, até porque somos um país cheio de talentos. Os nomes desta lista poderiam ser outros. Porém, há sete séries que merecem este reconhecimento.
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Tema: Uma folha em branco está a chamar-te. O que te diz?
Há uma memória nesta tela em branco
Pedaço de um suspiro vazio, em vão
Que grita num mar de sonhos destruídos
Em alvoroço, sem compromisso de honra
E as minhas lágrimas?
Onde ficam as minhas lágrimas em desespero?
Fotografia da minha autoria
«Racism isn't getting worse, is getting filmed»
A quantidade de vezes que reiniciei este texto é inacreditável. Porque parece-me desconexo. Porque os meus argumentos parecem gritar inutilidade. Porque faltam-me as palavras. Só não me falta o ar, porque a minha cor não me retira o privilégio de ser tratada com respeito e com justiça. Que humanidade é esta que segrega, ao ponto de um grupo específico de pessoas ainda ter que provar que a sua vida é tão preciosa quanto a dos demais? Não é nela que pretendo permanecer.
«Se o mundo acabar
Quem sou eu para
Querer ir ver o mar
Parece que o mundo
Agora são só números
Que alguém se lembrou de contar
Fotografia da minha autoria
... Guarda-chuvas de croché
[Corria o ano de 2013. Enquanto deambulava pelas ruas de Coimbra, observava o céu e cordas a prender guarda-chuvas decorativos. Este detalhe, por si só, é maravilhoso e já me tinha conquistado quando vi um cenário muito semelhante em Vila Nova de Cerveira. Mas na cidade dos estudantes havia um toque diferente, porque estes objetos eram feitos em croché. Com várias cores e padrões. E, mais tarde, descobri que esta iniciativa fazia parte de um projeto solidário, que pretendia combater o isolamento de idosos. Escusado será referir que a minha máquina fotográfica registou cada exemplar. Porque estavam incríveis]
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«Durante a guerra, ninguém é o que parece»
[pode conter spoilers]
A minha formação, sobretudo, do básico ao secundário não me preparou, totalmente, para a história do meu país. Recuando a 1941, Portugal não está em guerra, mas vai-se confrontando com rostos da tragédia. Enquanto a Segunda Guerra Mundial assola o continente, nós vivemos num aparente clima de neutralidade. Porém, a intriga diplomática adquire força e há portugueses a servir os Aliados, outros a apoiar o Eixo e os mais ousados a prestar contas a ambos os lados. Nesta batalha silenciosa, onde é evidente a luta pela sobrevivência, percebemos que as movimentações que ocorrem na sombra não são assim tão inocentes.
Fotografia da minha autoria
«Sinto uma vontade que me afaga»
A escrita não é um mero processo. É um refúgio. É a nossa voz. E a nossa força. Porque, no meio das palavras, há um pedaço benigno da nossa alma, que permanece são e isento de qualquer maldade. E, pelos laços da poesia, embarcamos à camada visceral da nossa história. Tecendo em rimas os sonhos adormecidos de uma vida imprevisível.
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«Hogwarts sempre ajudará aqueles que merecem»
As palavras entraram em minha casa cedo, através de um manto de histórias, que fugia pelos meus dedos irrequietos. Muitos foram os cadernos preenchidos com contos e poesia. E por ser tão focada nesta produção em letras, fui-me distanciando dos mundos construídos no interior dos livros. Não por descrédito, mas por acreditar, erradamente, que a leitura e a escrita são dissociáveis. Portanto, não tinha maturidade suficiente para compreender que se influenciam e que poderia acolhê-las quase em simultâneo. Porque coabitam em harmonia.
Fotografia da minha autoria
«Todas as rede social nascem boas,
são os seus usuários quem as estragam»
O mundo parece caminhar, vertiginosamente, para um palco de números. Esta faceta não é uma novidade, até porque, em muitos aspetos do quotidiano, o ser humano é medido por este indicativo, como se fosse o espelho de toda a sua competência. Por isso, seria de esperar que esta pressão minimizasse em plataformas que privilegiam o nosso conforto e entretenimento. No entanto, a competição, sinto, está mais tóxica do que nunca - ou, pelo menos, mais exposta. E será que a culpa é só das redes sociais? Ou haverá mais fatores a justificar esta tendência?
O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá