THE BIBLIOPHILE CLUB // JUNHO
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Fotografia da minha autoria |
Tema: Um livro que está na tua estante há mais de um ano
A simbiose entre as minhas metas de leitura e os temas mensais dos clubes literários que abracei tem acontecido sempre de um modo natural, mas entusiasmante. Porque me permite não desviar da rota idealizada, enquanto encontro mais uma motivação para observar a minha estante e priorizar aquele título que continuo a adiar. E para o The Bibliophile Club optei por selecionar um dos livros obrigatórios do secundário, procurando transformar a experiência num marco positivo.
Felizmente Há Luar! denuncia a injustiça, a repressão e as perseguições políticas «levadas a cabo pelo Estado Novo». Por essa razão, a peça foi censurada e proibida, durante vários anos. Dividida em dois atos, há uma critica inerente à sociedade, ao sistema e à forma desumana como se forjavam provas para acusar inocentes, só pelo facto de expressarem opiniões contrárias. Retratando a realidade em Portugal - país esquecido e governado pelos poderosos, após as invasões francesas e «com a família real a viver no Brasil -, espelha bem a ganância e o fanatismo dos homens. A tentativa fracassada pela Revolta Liberal [1817]. E a hipocrisia que começa na igreja, usando Deus para fazer valer a luta pelo poder, manipulando almas indefesas.
Luís de Sttau Monteiro quase que criou duas narrativas em simultâneo, ora destacando as altas figuras do regime e as suas intenções, ora concedendo protagonismo ao povo, sempre injustiçado e desvalorizado. Mas o seu objetivo é claro, atendendo a que pretende que o leitor reflita acerca da dualidade de critérios, do sofrimento do outro, da ausência de moral e incitando-o a posicionar-se neste dilema. Porque «a sabedoria é tão perigosa como a ignorância». E uma sociedade que pense e que critique pode levantar demasiados problemas. Alimentando-se da intriga, das crenças, da aparente traição à Pátria, da falsa integridade, da miséria, da impotência e do escárnio, compreendemos que, em lados opostos da batalha, cada Homem está preso à sua maneira.
Houve uma questão que me marcou: Quem vive mais feliz? O que luta por uma vida digna e acaba na forca ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos? Tentando obter uma resposta elucidativa, esta obra é, também, um palco de descoberta, pois obriga-nos a olhar para quem somos, decifrando quais os valores que nos movem. Além disso, é a voz da consciência. E a prova de um grande amor. No meio de todo o sarcasmo e de toda a tristeza, a entrega e paixão de Matilde por Gomes Freire é surpreendente e inspiradora, mostrando-nos a bravura que cobre os nossos sentimentos.
Felizmente Há Luar! apresenta um duplo sentido. Ilustra a esperança, pois até na noite mais enegrecida há um farol que ilumina o nosso destino. E, permanecendo com um texto tão atual, será sempre um grito de revolta, de sacrifício, de resistência. Sempre em prol da mudança.
Deixo-vos, agora, com algumas citações:
«Este homem está aqui porque já não serve para nada. Ouviram?» [p:22];
«E condena-se um inocente?» [p:60];
«Vivi com ele os anos mais felizes da minha vida. Olhando para trás, parece-me que nunca conheci outro viver. Se alguém teve tudo, esse alguém fui eu» [p:92];
«Quando precisamos deles, dão-nos cinco réis! Quando precisam de nós, pedem-nos a vida!» [p:107];
«Há homens que obrigam todos os outros homens a reverem-se por dentro...» [p:137].
Luís de Sttau Monteiro infelizmente um escritor muito esquecido.
ResponderEliminarUm abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Acredito que sim, até porque contra mim falo, pois só conhecia esta obra.
EliminarObrigada e igualmente, Francisco
Há bastante tempo que não leio o livro, desde que o analisei nas aulas de Português. Na altura gostei muito da narrativa, até chegamos a ver a peça em vídeo. Tenho que o reler.
ResponderEliminarUm beijinho muito grande!
Foi o único contacto que tive com a obra também. E tenho pena, porque sinto que não a exploramos da melhor forma
EliminarBeijinho grande
Gostei tanto de ler esse livro quando o dei na escola :).
ResponderEliminarBeijinhos
Blog: Life of Cherry
Tenho pena de sentir que a demos muito a correr, nas minhas aulas. Mas foi bom revisitar esta obra :)
EliminarJá ouvi falar, mas nunca li :/
ResponderEliminarRecomendo :)
EliminarGostei muito dessa obra! :)
ResponderEliminarbeijinhos
www.amarcadamarta.pt
Tem uma mensagem muito pertinente!
EliminarUm livro que está na minha estante há muitos anos, isto é, já estava na estante dos meus pais. Luís de Sttau Monteiro infelizmente um escritor muito esquecido como diz um dos teus leitores.
ResponderEliminarTenho que me aventurar em mais obras da sua autoria. Embora também tenha este livro na estante há muito tempo, acabei por nunca explorar outros
EliminarÓtima resenha!
ResponderEliminarNovamente, a velha questão: o que vale mais: um covarde vivo ou um valente morto?
Não sei. Depende...
É daquelas questões que nos deixam sempre hesitantes.
EliminarMuito obrigada, Ana :)
Excelente sugestão :) Quero muito ler :)
ResponderEliminarAconselho, minha querida :)
EliminarQuero ler este livro porque seus motivos são bons. Obrigado por sua recomendação.
ResponderEliminarSaudações da Indonésia.
Eu é que agradeço pelo retorno :)
EliminarCumprimentos até à Indonésia
Posso dizer que ainda não conhecia mesmo esse livro, nem me lembra de ter ouvido falar
ResponderEliminarBeijinhos
Novo post
Tem post novos todos os dias
Acompanhou várias gerações na escola, pode ser daí :)
EliminarUm livro de leitura obrigatória.
ResponderEliminarContinuação de boa semana, querida amiga Andreia.
Beijo.
Tem aprendizagens tão importantes!
EliminarObrigada e igualmente, Jaime
Felizmente, um livro e espero que uma temática, que se ensina aos jovens.
ResponderEliminarCertamente que haverá professores a partilhá-la da melhor maneira com os seus alunos. Quando a estudei, não senti essa envolvência, mas, felizmente, sei que nem todas as abordagens são assim
EliminarLuís de Sttau Monteiro, um grande escritor. Faleceu novo (67 anos) a 23 de Julho de 1993. Acredito que o livro aqui falado, seja muito bom de ler. Não tenho esse livro
ResponderEliminar.
Um dia feliz
Cumprimentos
Agora que o reli, recomendo em pleno :)
Eliminar«a sabedoria é tão perigosa como a ignorância»
ResponderEliminarEsta frase só demonstra o quão actual é a sua obra nestes tempos que vivemos de vandalização da História!
xoxo
marisasclosetblog.com
A sabedoria é má para aqueles que pretendem governar sem alguém que os questione, assim como a ignorância é terrível para podia ter uma voz para o impedir e não consegue
EliminarEsse aí é verdadeiro clássico!
ResponderEliminarBjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Pois é :)
EliminarPor acaso uma de nós já leu no secundário o livro
ResponderEliminarBeijinhos 😊 , Damsel.me-Clique Aqui
Também foi na altura em que o li, mas não fiquei com a melhor experiência, confesso
EliminarOlá,passei aqui para deixar o novo link do meu blog, pois apaguei o outro, e se quiseres seguir outra vez o link é este:
ResponderEliminarhttps://oblogdapimenta.blogspot.com/
Muito obrigada pela partilha! A maior das sortes com o nosso projeto :)
EliminarOi boa tarde tudo bem? Aceita um seguirmos o blog do outro? Podemos fazer parceria entre os nossos blogs. https://viagenspelobrasilerio.blogspot.com/?m=1
ResponderEliminarAgradeço o contacto :)
EliminarJá ouvi falar e acho que já li :)
ResponderEliminarhttps://blogda-joana.blogspot.com/
É bastante provável, sim :)
EliminarAndreia,
ResponderEliminarSeu blog é repleto de cultura e entretenimento.
Gostei também da formatação e das artes.
Um belo espaço, de alguém que sabe colocar a “cuca para pensar, sem esquentar a mufa!” 😉
Um abraço!
Fico muito feliz por ler isso. Obrigada!
EliminarNunca li, mas fiquei curiosa.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Recomendo :)
EliminarNão conhecia esse livro. Tenho dois livros de parcerias de autores daí de Portugal.
ResponderEliminarSe não for querer saber de mais, quais é que tens?
EliminarLembro-me pouco do livro :(. Acho que merecia ser lido novamente e absorver aquelas palavras com uma nova maturidade.
ResponderEliminarDaquela altura ficou-me a viagem ao Porto para assistir à peça. Adorei!
Também já não tinha grandes memórias da história, confesso.
EliminarSim, sinto que merece essa experiência :)
Por acaso, acho que nunca cheguei a assistir à peça.
Eu adorei ver a peça. Ajudou-me imenso na altura. Não sou muito fã do género dramático e custou-me a ler. Ver a peça permitiu-me uma maior compreensão do texto e das particularidades da história.
EliminarAcredito, até porque dá para ter outra ideia da carga emocional e das expressões. Depois de terminar a leitura, fiquei com a sensação de que iria gostar ainda mais da peça
EliminarTal como falámos, este é um livro que gostava muito de reler. Na altura lembro-me de ter gostado, mas acho que seria interessante perceber o que acho agora, sem a "obrigação" de o ler.
ResponderEliminarA Sofia World
Sim, acredito que te permitirá descobrir outros recantos da obra. Se puderes, acho que vale a pena a releitura :)
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