#BLACKLIVESMATTER

Fotografia da minha autoria


«Racism isn't getting worse, is getting filmed»


A quantidade de vezes que reiniciei este texto é inacreditável. Porque parece-me desconexo. Porque os meus argumentos parecem gritar inutilidade. Porque faltam-me as palavras. Só não me falta o ar, porque a minha cor não me retira o privilégio de ser tratada com respeito e com justiça. Que humanidade é esta que segrega, ao ponto de um grupo específico de pessoas ainda ter que provar que a sua vida é tão preciosa quanto a dos demais? Não é nela que pretendo permanecer.

UMA LUTA UNIVERSAL

É fácil ocultarmos um contexto das nossas preocupações, uma vez que não somos a vítima. E, embora não seja intenção desvalorizá-lo, não sentimos o seu verdadeiro impacto. Não nos dói com a mesma força. Por mais que me posicione para lutar contra este mal comum, porque é meu dever enquanto ser decente e social, não deixa de me ser mais fácil gerir a revolta, pois não se sucede no meu quotidiano, nem no dos meus. Recebo-o indiretamente, sobretudo, pelo facto de não conseguir fechar os olhos a quem é tão humano quanto eu. Além disso, parece errado apropriar-me de um problema para o qual não tenho bagagem. Contudo, esta história não é minha. E, mesmo assim, não deixa de ser.

A HISTÓRIA QUE NÃO SE PODE REPETIR

O racismo não aparece, somente, representado nas artes. Estudamos na escola, em História, séculos de um passado xenófobo, onde os maltratos a minorias serão sempre repugnantes. Hoje, temos acesso a informação, a vários tipos de Educação - formal, informal, não formal - e a uma estrada imensa para mudarmos mentalidades. Apesar disso, sinto que nunca fomos tão ignorantes. Tão incultos. Tão vazios - de empatia e de valores, principalmente. E eu questiono-me se é esta a resposta e o legado que pretendemos perpetuar, quando tantos morreram a lutar para que a sociedade fosse una. Com deveres e direitos transversais.

A nossas vidas não se cruzam por acaso. Basta deste desrespeito. Desta discriminação. Porque ninguém deveria ter que se preocupar - não nestes condições - com a cor da sua pele. Sentirmo-nos todos seguros não deveria ter traços de utopia. Deveria ser a nossa realidade. Sem sofrer o peso de correntes divisórias. Porém, isso só será possível quando aprendermos a partilhar a dor do outro, em prol da liberdade.

A NOSSA VOZ

Há momentos em que não queremos que as nossas plataformas sejam mais um campo de batalha. E a neutralidade protege-nos do desconforto, do ódio, de palavras distorcidas. Mas batalhar por uma causa é só o topo do decoro que nos deveria orientar. E não temos que nos limitar a fazê-lo em rede. Existem muitas outras maneiras de nos manifestarmos, de sermos a diferença que procuramos no mundo. Para obtermos resultados, não podemos ficar por atos isolados. Porque nada justifica a injustiça. Porque um sistema corrompido não pode ser mais forte. Porque, não obstante o silêncio ser uma arma poderosa, há ocasiões em que necessitamos de nos erguer e fazer barulho. E usar a nossa voz, o privilégio que nos mantém livres, para sermos mesmo parte da solução.

Façamos desta missão um propósito. Para que possamos respirar. Para que os fundos pretos não sejam um mero gesto simbólico, que, mais tarde, teremos que reproduzir. E tudo começa, impreterivelmente, na Educação. Na empatia. No saber que a minha cor, a minha raça, a minha orientação não me superioriza. Somos humanos. Comportemo-nos como tal.

REPRESENTATIVIDADE

Cada pessoa pode ter um papel ativo nesta incumbência conjunta. Só precisamos de decifrar a melhor forma de contribuirmos para a causa. E acredito, tal como a Rita da Nova mencionou nesta publicação, que partilhar fontes de informação fidedignas e conhecimento ajuda. É útil. E é o primeiro passo para estarmos conscientes desta realidade.

Para aprendermos
- @i_weigh [Jameela Jamil].

Para lermos
- Sou Um Crime, Trevor Noah;
- O Ódio que Semeias, Angie Thomas;
- Se Esta Rua Falasse, James Baldwin;
- Mataram a Cotovia, Harper Lee;
- A Cor Púrpura, Alice Walker;
- Americanah, Chimamanda Ngozi Adichie;
- Esse Cabelo, Djaimilia Pereira de Almeida;
- Racismo no País dos Brancos Costumes, Joana Gorjão Henriques.

Para ouvirmos
- EP 11 - Eu, Ser Humano, Mulher Negra, de Cabelo Crespo [Congresso Botânico // Carolayne Ramos];
- ask.tm #153 [Pedro Teixeira da Mota].

Para vermos
- Aos Olhos da Justiça, Ava DuVernay;
- A 13ª Emenda, Ava DuVernay;
- Baltimore Rising, Sonja Sohn;
- Eu Não Sou o Teu Negro, Raoul Peck;
- Dear White People, Justin Simien;
- True Justice: Bryan Stevenson's Fight For Equality, Peter Kunhardt, Teddy Kunhardt, George Kunhardt.

Para ajudarmos/sensibilizarmos
- Black Lives Matter Foudation [secure.actblue.com];
- Ler Com Cor [Quem Me Lera & @banal.girl].

Comentários

  1. Recomendo Become da Michelle Obama, se Eu já a admirava como ser humano, passei a fazê-lo ainda mais. No dia em que o racismo deixar de existir passaremos todos a viver muito melhor e em harmonia! Eu acredito que esse dia vai chegar, chamem-me sonhadora, não me importa, quero continuar a ver o mundo aos olhos do meu filho. Educar e Respeitar são as palavras de ordem!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também quero muito ler o livro da Michelle Obama. Tenho a certeza que vou adorar! Vou acalentando a mesma esperança, até porque dá outra motivação a esta luta. Não sei se seremos sonhadoras ou ingénuas, mas, pelo menos, continuamos a caminhar, a investir na educação e formação. Porque serão sempre das melhores armas para combater comportamentos ignorantes

      Eliminar
  2. Excelentes dicas sobre o tema, minha querida! Veio-me à memória o filme "12 anos escravo" que talvez se enquadre nesta temática. Excelente filme.

    Um beijinho grande!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigada, minha querida!
      Sim, também me ocorreu esse filme. Já tive a oportunidade de o ver algumas vezes e nunca deixa de me impressionar

      Eliminar
  3. O racismo é um vírus mundial.
    A morte de Floyd resultou numa série de protestos contra o racismo. Alguns foram marcados por distúrbios nas ruas e confrontos violentos entre manifestantes e a polícia.

    No romance To Kill a Mockingbird — vencedor do Pulitzer — o advogado Atticus Finch é um homem tolerante, enquanto que o pai de Harper Lee era um verdadeiro racista.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. «O racismo é um vírus mundial», assino por baixo! E, infelizmente, parece que a cura ainda está longe.
      É a desumanidade a ganhar força e visibilidade. Não acredito que se combata violência com violência, nem ódio com ódio, mas chega a um ponto em que é preciso fazer alguma coisa que choque, para ver se as pessoas acordam desta dormência; se compreendem, de uma vez por todas, que ninguém é melhor só pela sua cor de pele.

      Tenho esse livro para ler ainda este ano. E mal posso esperar para o fazer! Não sabia dessa particularidade referente ao pai da autora

      Eliminar
    2. Um filme magnífico, um livro ainda melhor.

      Sou contra os confrontos violentos, saques e incêndios, sobretudo em lojas de luxo de Beverly Hills.

      Eliminar
    3. Tenho imensa curiosidade em relação à história!

      Esses confrontos acabam por desviar a atenção para a verdadeira luta

      Eliminar
  4. Bom dia:- Boas leituras
    .

    Boa semana
    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  5. Yes, they matter just as any other life. Wish the looting would stop, it isnt doing the real protesters any favors.

    https://aab-edu.net/

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Righ, but most of that lives aren't constantly at risk.
      Unfortunatly, there's always excesses. I wish this too. Is the best for that cause

      Eliminar
  6. Oh que tens aí umas boas dicas para tentar ler e ainda assistir, mas no momento não me lembro de ter assistido a um que fala-se desse tema
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. As manifestações artísticas são ótimos meios de informação!

      Eliminar
  7. Este assunto é tão complexo. O que me aborrece é que muitos dos que se manifestam estão lá arrastados por outros e quando lhes perguntas as razões porque lá estão embrulham-se todos e não dizem nada!!

    Beijos e abraços.
    Sandra C.
    bluestrass.blogspot.com

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Temos que estar conscientes das nossas causas e das lutas que queremos defender, independentemente de terceiros. Para que não se perca o verdadeiro propósito da missão

      Eliminar
  8. Não consigo perceber como é possível tamanha tacanhez de espírito para considerar seres humanos inferiores devido à sua cor de pele.
    Foge à minha compreensão.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Estou contigo, Magui. É, simplesmente, ridículo e desumano. Somos pessoas. Ponto!

      Eliminar
  9. Cada um defenda a sua cor sem dela ter complexos de inferioridade ou de superioridade. Porque as cores da pele existem e não se podem mudar. Que negros e brancos entendam. Tudo o que foi feito por Deus. Jamais poderá ser alterado.

    Tenha uma boa noite Andreia.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não é a nossa cor que nos torna mais ou menos que alguém. E é lamentável que este tipo de pensamento ainda persista no presente

      Eliminar
  10. Eu tenho uma opinião muito própria sobre esye assunto e também tenho um post agendado.
    Acho que mais que a cor o que importa são os seres humanos, eu não sou negra e já fui muitas vezes discriminada na minha vida!! Acho que aquela manifestação nos moldes em que foi feita só demonstra uma coisa: Irresponsabilidade!!
    xoxo

    marisasclosetblog.com

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É verdade, o que importa são os seres humanos. Mas, quando tens humanos [?] a discriminar outras pela sua cor de pele, algo de mundo errado se passa. Provavelmente, todos nós já vivemos algum episódio em que sentimos essa afronta, portanto, longe de mim desvalorizar, até porque estaria a ir contra os meus princípios e aquilo que defendo, mas estamos a falar de pessoas que têm que lutar diariamente para mostrar que a sua vida conta; pessoas que têm que lutar contra um sistema que as coloca constantemente em desvantagem. E isso não é justo. Nunca será.
      Pelo que soube, as manifestações até estavam bem pensadas/organizadas/conscientes das normas de segurança, mas acabaram por aparecer mais pessoas do que as que estavam pensadas inicialmente. Apesar disso - e de não me esquecer da situação que estamos a viver, porque ainda exige cuidados - fez todo o sentido as manifestações terem acontecido. E caso não fosse o Covid, certamente seriam criticadas por outro motivo qualquer

      Eliminar
  11. Independentemente da cor somos todos humanos....mas muitos não querem perceber isso...infelizmente.
    Isabel Sá  
    Brilhos da Moda

    ResponderEliminar
  12. É triste que, em pleno século XXI, ainda seja necessário fazer esse tipo de afirmações.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Estas afirmações deveriam ser inatas. Não o sendo, infelizmente, parece que o ser humano não aprende. É tão revoltante!

      Eliminar
  13. Caramba tive quase a apanhar o livro da Harper Lee em segunda mão, mas depois fugiu-me!

    Podes acrescentar aos filmes para ver " American History X " e aguenta o coração!

    Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Oh, que pena! Pode ser que voltes a encontrá-lo :) estou mesmo desejosa de o ler
      Obrigada pela sugestão, Titica

      Eliminar
  14. Adorei, adorei, adorei! És linda!
    Por mais dicas como as tuas, por mais consciência.
    Que sejamos cada vez mais a remar para o mesmo lado <3

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Temos que ser mais, sem qualquer dúvida, porque só assim conseguiremos fazer as mudanças necessárias. Em pleno 2020, estas questões já nem deveriam ser equacionadas, mas visto que ainda há um grupo considerável de pessoas [?] que se acham superiores só pela cor da pele, continua a ser imprescindível lutarmos.
      Obrigada <3

      Eliminar
  15. Isto, isto, isto! O mundo tem tanto a aprender ainda, há tanta luta por fazer e é tão triste ver a dimensão de toda esta situação em pleno século 21 :(
    Lutar é a palavra, a nossa voz tem de voar por esses cantos todos, havemos de melhorar <3

    Para veres: When They See Us (prepara-te para um bom aperto de coração!) <3

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É isso que não entendo [uma das coisas, vá]. Porque estamos no século XXI, cheios de oportunidades para nos educarmos, com acesso a inúmeras plataformas para compreendermos o mundo que nos rodeia e, mesmo assim, insistimos em comportamentos e ideais descabidos. Não faz sentido! Enquanto ser humano, preocupa-me o futuro da humanidade.
      Assino por baixo, minha querida <3

      Tenho andado a adiar por causa disso. Mas vou ter que ver!

      Eliminar

Enviar um comentário