The Bibliophile Club // Janeiro
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Fotografia da minha autoria |
Tema: Não ficção e/ou Auto-ajuda
O estigma que se cria em relação a determinados géneros literários pode, inconscientemente, distanciar-nos dos mesmos. Até somos capazes de não o fomentar, sobretudo, se nos faltar um contacto direto, que nos permita elaborar uma opinião devidamente fundamentada. Porém, há uma dúvida permanente. Há uma semente plantada que nos faz hesitar. E sinto que isso é uma constante nos livros de auto-ajuda.
Pessoalmente, não é uma área em que invista, porque não me consigo identificar com a imagem de facilitismo transparente em certos exemplares. E reconheço o quanto estou a ser injusta, pois nem todos serão assim - e vou contra um dos meus princípios: não generalizar. Haverá, certamente, um número de obras inspiradoras, que valem a pena serem descobertas. Por isso, é uma questão de saber filtrar a oferta, adequá-la às nossas necessidades e gostos e confiar no nosso bom-senso. Quando vi o primeiro tema do The Bibliophile Club, percebi que seria uma excelente maneira de desconstruir preconceitos, encontrando um livro que quebre essa conotação, até porque é crucial lê-lo sem energias extremas: nem com demasiado ceticismo, nem com total deslumbramento. Porque só assim poderemos aceitar o desconhecido, mas sem perdermos sentido crítico.
A minha primeira escolha recaiu em A Arte Subtil de Saber Dizer que se F*da. No entanto, aventurei-me noutro título que já figurava na minha lista: O Monge Que Vendeu O Seu Ferrari, de Robin Sharma. E se há algo que retiro de máxima importância é que é essencial compreendermos que esta viagem é solitária, porque tem que partir do nosso interior. É dessa forma que alcançamos o que procuramos e que nos tornamos plenos. Portanto, é preciso iniciarmos a leitura com uma certeza: não existem verdades absolutas. Não há um caminho de sentido único. E muito menos existem soluções infalíveis. Existem, sim, conselhos e pistas que nos auxiliam neste processo de redescoberta pessoal. A rota que traçamos a seguir é da nossa inteira responsabilidade. Ademais, não podemos esperar resultados imediatos, porque, no fundo, vivemos numa constante maratona e tudo acontece no seu momento certo - ainda que possamos e devamos contribuir com uma entrega genuína.
Um aspeto que me agradou, em primeira instância, foi o facto de o autor desenvolver um enredo, partilhando uma história objetiva e direta. Sinto que esta dinâmica, que também contempla - em grande escala - uma conversa entre amigos, tem um impacto diferente, na medida em que não se limita a uma série de tópicos e fundamentos. Há um contexto, que poderia ser real, e uma exaltação de experiências, provocando uma identificação muito mais significativa. Além disso, diminui a sensação inicial de que mudar é simples e rápido, como se nos reorganizássemos e renascêssemos num sopro; como se, apenas seguindo uma lista, os nossos problemas desaparecessem. Em contrapartida, há uma clara demonstração de que estas situações são sempre mais profundas e estruturais. E que, maioritariamente, só percebemos o quanto precisamos de alterar o nosso foco e as nossas atitudes quando o nosso bem-estar, a nossa harmonia e a nossa saúde estão em risco. É quando a nossa vida fica em suspenso que ficamos alerta. Mas esta obra consciencializa-nos de que é central não atingirmos esse ponto - tantas vezes sem retorno.
Envolto numa catarse profunda, potenciada por uma crise interior/espiritual e pela procura de sentido, O Monge Que Vendeu O Seu Ferrari partilha questões pertinentes: como podemos gostar dos outros se não gostamos de nós? Como podemos fazer o bem se não nos sentimos bem? Como podemos amar o próximo se não nos amamos a nós? Com esta leitura, concluímos o quanto somos tóxicos connosco, sendo necessário cuidarmos da mente, expandirmos a imaginação e praticarmos o auto-domínio. Porque, independentemente do que nos aconteça, temos a capacidade de reagir. De crescer. E de criar a melhor versão da nossa personalidade. Numa constante dicotomia ceticismo-fé [que não tem que estar intimamente ligada à religião], a abordagem de Robin Sharma tem uma energia contagiante. E deixa a porta aberta para refletirmos sobre toda a informação explanada. Porque a nossa interpretação tem peso e influencia o nosso posicionamento nas mais diversas situações.
Contemplando uma componente mais prática e didática, há algumas técnicas que podemos implementar no nosso quotidiano, com o intuito de equilibrarmos o corpo, a mente e o espírito. Podem existir pontos óbvios [mesmo no decurso da narrativa], mas este chamamento às origens é fundamental, porque nos esquecemos e tendemos a desvalorizar o que é evidente. Neste livro, que não deixa de ser uma história de libertação, aprendemos a olhar de dentro para fora e a priorizar decisões, escolhas e estratégias que nos permitam manter fiéis aos nossos objetivos. E, principalmente, aos nossos princípios.
Deixo-vos, agora, com algumas citações:
«No instante em que parei de gastar tanto tempo a procurar os grandes prazeres da vida, comecei a desfrutar dos pequenos, como ver as estrelas a dançar ao luar, ou absorver os raios de sol numa manhã radiosa de verão» [p:25];
«O mundo, e isso inclui o meu mundo interior, é um lugar muito especial. Percebi também que o sucesso exterior não tem sentido, a menos que haja sucesso por dentro» [p:39];
«Faz o que quiseres, desde que esteja de acordo com a tua consciência e com o teu coração. Nunca tenhas vergonha de fazer a coisa certa; decide o que é bom para ti e assume-o. E, pelo amor de Deus, nunca adquiras o hábito tacanho de medires o teu valor pelos padrões das outras pessoas» [p:74].
Nota: O blogue é afiliado da Wook. Ao adquirirem os artigos através dos links disponibilizados, estão a contribuir para o seu crescimento literário. Obrigada ❤
parece muito fixe! super inspirador para nos fazer largar os bens materiais e dar mais valor a outra coisas!
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Mais um para a minha lista :)
ResponderEliminarMuito muito pela sugestão :)
Beijinhos
https://matildeferreira.co.uk/
Já li uma crítica de um dos livros: A arte subtil de dizer que se foda.
ResponderEliminarDo Monge que vendeu o seu Ferrari nunca tinha ouvido falar.
Vou procurar na biblioteca. Embora, se eu tivesse um Ferrari não o vendia.
Francamente, eu suporto conselhos sejam eles dos livros, dos familiares ou dos amigos. Eu também não dou conselhos a ninguém.
Claro está, que no comentário em cima falta um NÃO!!!
EliminarEU NÃO SUPORTO CONSELHOS!!!
Sim, eu percebi :)
EliminarOs conselhos certos, dados no momento certo e por alguém bem intencionado são sempre construtivos e maravilhosos
De pessoas bem intencionadas está o inferno 😈 repleto.
EliminarJá o li à uns anos e gostei, aproveito para desejar a continuação de uma boa semana.
ResponderEliminarAndarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
É uma leitura muito agradável :)
EliminarIgualmente*
Nunca li...
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Se tiveres curiosidade, aconselho :)
EliminarNão tenho por hábito ler livros de auto-ajuda, mas o título é interessante.
ResponderEliminarAndreia, continuação de boa semana.
Beijo.
Confesso que também não é o género em que invisto mais, mas há livros interessantes, como este :)
EliminarIgualmente
Confesso que também não é o meu género favorito, no entanto, acredito que se torne interessante e, pelo que enumeraste aqui, acho que poderia até gostar de lê-lo.
ResponderEliminarLá está, é preciso é ter em mente que nem tudo aquilo é a realidade nem temos de seguir o que lá diz, «existem, sim, conselhos e pistas que nos auxiliam neste processo de redescoberta pessoal».
R: Então reflete ahah :p Eu hoje, se calhar, devo publicar a parte que é mentira :p
Nunca li esse livro mas tenho um outro dele.
ResponderEliminarEu sou daquelas que acha que todos os livros tem alguma coisa para nos ensinar e portanto raramente nego um livro à partida, mas há alguns livros de autoajuda que realmente me faz duvidar da minha premissa. Osho por exemplo, não consigo entender como as pessoas gostam dos livros dele..
https://www.sonhamasrealiza.pt/
Sempre a conhecer as novidade, mais um que não conhecia
ResponderEliminarBeijinhos
Novo post //Intagram
Tem post novos todos os dias
Fico contente por ajudar de alguma forma :)
EliminarBoa dica!
ResponderEliminarAdoro o buda! :D
Obrigada :D
EliminarÉ uma ternura!
Gostei, acho que vou juntar à minha lista de livros a ler este ano! Beijinhos*
ResponderEliminarSe leres, depois diz-me o que achaste :)
EliminarSó pelo titulo já vale a pena!
ResponderEliminarBjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram
Fica no ouvido :)
EliminarParece muito interessante.
ResponderEliminarr: muito obrigada :)
É mesmo :)
Eliminarles Livros diferentes do que eu costumo ler mas isso é bom eu por exemplo estou a ler um que me ofereceram no natal é diferente estou a gostar. Bjinhu
ResponderEliminarQuando arriscamos noutras leituras, muitas vezes, acabamos por nos surpreender pela positiva :)
EliminarNão conhecia o livro mas fiquei mesmo muito interessada! Acho que lhe vou dar uma chance ahah
ResponderEliminarBeijinhos
THAT GIRL | FACEBOOK PAGE | INSTAGRAM | TWITTER
Aconselho, é uma leitura que se faz muito bem :)
EliminarTambém não sou fã do género literário, porém fiquei curiosa com o livro.
ResponderEliminarBeijinhos!
É dos livros que mais me recomendam, mas sou pouco dada a este género de livros. tenho de ler!
ResponderEliminarTHE PINK ELEPHANT SHOE
Compreendo-te, coração, também não são os livros que mais figuram na minha estante. No entanto, gostei bastante deste, recomendo :)
EliminarTenho dos livros de auto-ajuda a mesma opinião sobre livros que ensinam a criar filhos. Antes de ser inventada a escrita, a humanidade já sabia resolver os seus problemas, incluindo a criação e educação de filhos. Para mim, esse tipo de escrita destina-se a "auto-ajudar" os autores, que ganham a vida a escrever. Sobre os conselhos ali dados, comparo-os aos dados nas igrejas, sejam elas de que religião forem. Nada do que ali é dito me surpreende. O que me surpreende é que haja quem necessite de ir à igreja para aprender a ser boa pessoa, pois eu sou boa pessoa por minha conta e risco. eheheh
ResponderEliminarR:
EliminarFolgo ao saber que estou muito bem cotado, por aqui. eheheh
Não conhecia, mas fiquei encantada com as citações!
ResponderEliminarQue saudades que eu tinha de vir aqui ♥ Adorei a mudança de visual eheh, espero que esteja tudo bem contigo minha querida
r: Obrigada pelas palavras calorosas que me deixaste no cantinho, como sempre ♥
ResponderEliminarEste mês não participei no clube, mas espero participar em fevereiro. Acho que nunca li um livro de auto-ajuda, porque sinceramente sou preconceituosa com esses livros e não me interessam muito.
ResponderEliminarE esse detalhe aí do buda pequenino? Adorei!
R: Gostei tanto do livro que ainda estou toda entusiasmada. Pode ser que esta semana saia um vídeo no blog sobre a leitura.... xD
Não é o tipo de literatura que me entusiasme.
ResponderEliminarSe existem pessoas a quem esses livros ajudam, óptimo para elas, nada contra.
Por outro lado, por vezes é salutar sair da nossa zona de conforto.
Beijinho
Não conheço, o título parece interessante.
ResponderEliminarBjs
Sim, sem dúvida :)
EliminarNunca li. o importante é as pessoas sentirem-se bem consigo próprias.
ResponderEliminarEstou totalmente de acordo!
EliminarEsses livros, são de uma importância extrema para muita gente, pessoas a precisar de ajuda é o que há mais.
ResponderEliminarSó por acaso nunca li nenhum, mas sei que ajudam quem muitas vezes não sabe o melhor a fazer e não quer dizer que o faça exactamente o que lá está escrito, mas deve ajudar sim.
Beijinho linda.
Desde que esse livro foi publicado em Portugal que me lembro de vender muito, mas nunca o abri, agora fiquei com vontade!!
ResponderEliminarParece-me uma escolha interessante. Neste 2018 li alguns dessa área, a auto-ajuda, e não me arrependo, na verdade, porque sinto que não foi em vão, foram escolhidos com um propósito e não sinto que fosse aquela literatura barata e que só diz coisas superficiais e gerais...
ResponderEliminarIsso é ótimo! Além de que ajuda a demonstrar que nem todos os livros de auto-ajuda têm essa componente superficial
EliminarNunca tinha ouvido falar deste livro - nem tampouco do autor -, mas a descrição que teceste, em conjunto com a tua evolução acerca dos livros de auto-ajuda, plantaram em mim alguma curiosidade!
ResponderEliminarFico mesmo feliz pelo facto de te teres desenvolvido um pouco mais com o tema de Janeiro! Que assim continue, ao longo do ano!
Beijinhos,
LYNE, IMPERIUM BLOG
Tal como tu, não sou grande fã de livros desta categoria. Foi desafiante, ler um género ao qual não estou habituada e que, por norma, não tenho muito interesse.
ResponderEliminarNo entanto, acho que realmente o segredo está em saber escolher o livro à nossa medida. No meu caso, foi um tiro no escuro e saiu-me muito mal, como escrevi na minha publicação, ahah.
Ainda assim, fiquei com vontade de ler O Monge Que Vendeu O Seu Ferrari!
Beijinho