365 Dias, 365 Publicações

Fotografia da minha autoria

«Gosto de criar frases de madrugada»

A minha estreia enquanto criadora de conteúdo - quando ainda não existia foco neste género de designações - foi feita sem rede. Tinha um propósito, sim, mas nenhum fio condutor. O meu plano editorial avançava consoante a pertinência de um tema e não por uma sequência cronológica inflexível. Portanto, não existia qualquer regularidade na partilha, ainda que procurasse não me ausentar durante um período de tempo longo. E sinto que esta fluidez, própria de quem está a começar, me permitiu perceber qual o registo que mais me desafiava e me deixava confortável para desfrutar desta aventura.

É difícil precisar o momento em que senti vontade de partilhar publicações diárias. No entanto, preservo uma certeza: surgiu com naturalidade e na ocasião certa. Porque não me exigi enveredar por essa rota. Os meus passos foram-se direcionando nesse sentido. E percebi que era exatamente o que precisava para tornar o blogue ainda mais meu. Porém, foi sempre importante para mim voar, mas manter os pés firmes no chão, pois é simples transpormos os limites da liberdade e chegarmos a um estado de automatização - o que, claramente, não me fazia - nem faz - sentido. As gavetas da minha casa encantada [bem como o extinto Parte do que sou] nunca foi uma obrigação, mas encaro este projeto com um enorme sentido de compromisso. Porque sou feita de palavras e é nesta construção de texto e nesta organização de pensamentos e opiniões que me sinto em casa.

Planear em avanço é um mecanismo que não dispenso, uma vez que me possibilita perceber os temas que quero abordar, escrevendo-os com antecedência e aproveitando o momento em que a minha criatividade e a minha disponibilidade - temporal e mental - estão alinhadas. Além disso, tenho uma margem de manobra maior, podendo alterar a semana de publicações que tinha idealizado, sem qualquer sensação de angustia e com a noção de que nada se perde. Em simultâneo, tenho plena consciência de que este ritmo só é possível porque passei a ter um caderno específico para o blogue, onde faço nascer as minhas ideias. E porque aprendi a priorizar melhor a minha rotina. Apesar de tudo, acredito, não existem fórmulas infalíveis e lineares. Existem prioridades e percursos distintos. Existem convicções e metas individuais. E, desde que cada um se entregue de alma e coração, não é a quantidade que interessa. É a mensagem. É a presença genuína. É a sua identidade. E é a conquista pessoal, inerente a cada conteúdo.

Em 2018, alcancei um registo inédito no arquivo deste blogue, abrindo uma nova gaveta todos os dias. Por mais que aprecie esta dinâmica, em anos anteriores, houve sempre um interregno, por compromissos académicos e/ou pessoais. E, para ser honesta, isso nunca me incomodou, porque foi por um bem necessário. Todavia, despedi-me do ano transato de coração cheio. E, embora não tendo sido planeado, sinto que este marco constitui uma superação, ainda para mais porque tive que gerir a avaria do meu computador e a consequente compra de outro. E, também, porque, no final de agosto, comecei a prestar algum apoio num centro de estudos, o que, como seria de esperar, reduziu o meu tempo livre. Pelo meio, optei por utilizar fotografias da minha autoria, o que significava trabalho acrescido. Mas todas estas mudanças valeram a pena. E provaram-me que sou capaz, mesmo que o esforço tenha que ser maior.

2019 é um livro aberto. E com muitas páginas em branco. Não sei se o futuro me permitirá mais 365 dias seguidos de publicações, mas estou serena. Porque há muitos tópicos em espera. Porque a minha vontade é inesgotável. E porque todo o respeito e carinho que nutro pela plataforma, em geral, e pelo meu lar virtual, em particular, levar-me-á a bom porto.