Moleskine | O Melhor de Janeiro

Fotografia da minha autoria

«A vida é feita de momentos colecionáveis»

Janeiro. O primeiro mês do ano começou em festa, não só pela transição para 2019, mas também pelo aniversário da minha tia. Por isso, recebi-o rodeada da minha fortaleza. No entanto, terminou com o meu coração um pouco em suspenso, mas tudo se compõe. Porque há uma certa tranquilidade que não permito que quebre - nem que me quebrem, pois é a única forma de permanecer sã de corpo e alma. Em retrospetiva, a balança ficou bem equilibrada. Não sei se é por estar ansiosa pela chegada de fevereiro, mas sinto que este mês foi demorado. Porém, em compensação, foi pautado por detalhes inesquecíveis e com uma luz tão boa, que me aconchega o lado esquerdo do peito. Com o intuito de os eternizar, numa das componentes que mais me identifica, a escrita, resolvi abrir uma nova gaveta: a do moleskine onde registo tudo aquilo que me aconteceu de melhor, pois acredito que é esta valorização que nos torna mais plenos, impedindo-nos de perder o Norte.

Aniversário do tio M: De há oito anos para cá, o dia quatro de janeiro tem um impacto agridoce, porque foi quando perdi a minha avó materna. Ainda assim, sinto que preservamos a memória dos que já partiram quando celebramos a vida de quem está perto - e que, de alguma forma, não permite que as lembranças vacilem. Por isso, reunimo-nos num jantar para festejar os 75 anos do meu tio. E foi maravilhoso.

Arrumar e organizar os meus livros: Esta vontade crescia de dia para dia. Portanto, aproveitando um fim de semana mais relaxado, direcionei a minha atenção para os livros, certificando-me que tinham o seu devido espaço. Continuo a precisar de investir numa estante, mas, pelo menos, a sala está muito mais harmoniosa agora. E consegui organizar as obras por autores, como tanto desejava.

Fazer panquecas: A minha habilidade na cozinha não é a mais perfeita. Mas é um momento terapêutico, que me afasta da rotina. E fazer panquecas, por mais simples que seja, é sempre uma ótima opção.

Passeios noturnos pelo Porto: A minha cidade-casa tem um encanto incomparável, que me desarma sempre que a contemplo. Poder desfrutar das suas ruas, para uma bela caminhada, não tem preço. E, durante este mês, pude repetir o programa vezes suficientes para me apaixonar ainda mais pelos seus recantos.

Pelo meio, o Mishlawi anunciou a data de lançamento do seu álbum, o Tomás Adrião partilhou a minha fotografia d' A Vontade e o Porto chegou à final da Taça da Liga [o meu orgulho é incondicional].

A História Secreta // Donna Tartt: Este livro sustenta-se na tragédia, na [in]sanidade, na mentira, na malícia, em estados de loucura e num jogo psicológico. E permite-nos viajar pelos limites da moralidade e da legalidade [Uma Dúzia de Livros // Janeiro].

O Monge Que Vendeu O Seu Ferrari // Robin Sharma: Envolta numa catarse profunda, potenciada por uma crise interior/espiritual e pela procura de sentido, esta obra partilha questões pertinentes [The Bibliophile Club // Janeiro].

A Cidade e as Serras // Eça de Queirós: Nesta história de contrastes, há uma análise social e um quadro de nuances psicológicas, que culmina com um regresso às origens.

Vem Voar Comigo // Margarida Rebelo Pinto: Sustentando-se na história de três mulheres, este livro é sobre «os caminhos do amor», num tempo em que a sociedade «anseia pela satisfação imediata».

Os Livros que Devoraram o Meu Pai // Afonso Cruz: É uma espécie de puzzle, de caça ao tesouro, para desvendar a história e compreender o que aconteceu. E é uma das obras mais carismáticas que já li. Tem tanto mundo dentro! E uma inesgotável ternura.

Regresso de Sherlock Holmes II // Sir Arthur Conan Doyle: São três os contos que compõe este volume. Apesar de distintos, todos transparecem um forte mistério e a mestria desconcertante de Sherlock Holmes.

FRIENDS: A melhor série de sempre - apesar de este dado ser bastante subjetivo - está de volta à Fox Comedy, uma vez que o canal vai transmitir todas as temporadas. Esta foi uma das novidades que mais me entusiasmou no final de 2018. No entanto, só em janeiro é que comecei a [re]ver. Está a ser incrível recordar as peripécias deste grupo tão especial. E é impressionante como há cenas que não abandonam a nossa memória. Esta familiaridade é indescritível.

Antárctida - Da Sobrevivência ao Resgate: Já perdi conta à quantidade de vezes que vi este filme, mas nunca lhe resisto. E há uma parte que me deixa sempre em lágrimas, mesmo que já a saiba de cor. Inspirado numa história real, é um argumento que nos deixa as emoções à flor da pele. A relação entre homens e cães é de perfeita simbiose e, acredito, marca-nos eternamente.

Fama: O musical de 2009 é uma regravação do original de 1980, que ainda não tive oportunidade de descobrir. Num ambiente altamente competitivo, é interessante desconstruir a dinâmica de um grupo talentoso, que procura vencer no meio artístico, mas que também tem que aprender a gerir questões morais e interpessoais.

5 Desejos para 2019: Há objetivos transversais. E há sonhos que não precisam de ser representados no papel para que tenham peso nos nossos passos. Contudo, há outros que necessitam de uma motivação extra para saírem da gaveta.

Avenida dos Aliados | Diogo Piçarra: O Porto é a minha cidade-casa. E este momento foi amor no estado mais puro. Só espero que os nossos caminhos se cruzem sempre que for possível.

Uma Dúzia de Livros // The Bibliophile Club: Este ano, para além do Reading Challenge, da plataforma Goodreads, decidi comprometer-me com dois clubes de leitura.

Inconfidências | O Desrespeito nas Redes Sociais: O discurso de ódio - com que tantas vezes nos deparamos nas secções de comentários das inúmeras plataformas - é uma consequência direta da intolerância. E revela uma falha socioestrutural profunda.

Identidade Cruzada #6: A minha memória é um fio de algodão: é tão fina e destrutível, que, sempre que se rompe, é como se uma parte da minha existência se fragmentasse.

A música é uma extensão diária da minha personalidade. E, este ano, até optei por criar playlists no Spotify, de modo a ter uma perceção mais clara dos temas-novidade que me acompanharam em cada mês.

Janeiro chegou e trouxe o belíssimo Uber Driver, do Mishlawi, que me conquistou ao primeiro acorde. Mas também ficou marcado pela parceria harmoniosa entre Antonio José e Diogo Piçarra, com a canção A Dónde Vas. Além disso, o primeiro mês do ano implicou o regresso d' Os Aurora, que lançaram a És Minha, num registo completamente diferente. Os Átoa brindaram-nos com Hoje e o Zé Manel, curiosamente, fez-nos chegar o tema Janeiro. Over [Lhast x 11 Lit3S], Gravidade [Dillaz & Lhast], Dancing With a Stranger [Sam Smith & Normani] e Play [Jax Jones and Years & Years] também fizeram o meu mês. E ainda houve tempo para o lançamento surpresa do álbum Uma Noite na Philharmonie Luxembourg, de Miguel Araújo.

Janeiro reservou, também, algumas linhas soltas, em áreas distintas.

Boutique: No meu armário predominam as calças de ganga, pelo conforto e pela versatilidade. No entanto, cheguei a uma fase em que me apetece arriscar e variar. E estas calças ao xadrez [com duas listas laterais] saem completamente da minha zona de conforto - o que é ótimo. E estou rendida ao tecido e à sua comodidade. Já nos pés, são as sapatilhas as minhas maiores aliadas. E tenho particular preferência pelas Adidas. Estas Campus em cinza são a minha cara e não me podia sentir melhor a usá-las. Uma das minhas últimas compras foi este soutien da Intimissimi e entrou diretamente para a minha lista de peças favoritas, porque é cómodo, faz o peito bonito e é em renda - também adquiri em azul-marinho. Para finalizar, não podia faltar o SuperStay Matte Ink, uma vez que o 75 tem sido uma escolha recorrente.

Agenda Solidária IPO 2019: Foi uma aposta ganha em várias vertantes, tanto a nível pessoal, como a nível solidário - já para não falar da componente prática e intuitiva. E acabou por ser a principal responsável pela criação desta rubrica mensal, uma vez que tem uma parte dedicada a tudo aquilo que não nos podemos esquecer de comemorar. É que a vida é demasiado preciosa!

Janeiro é o mês dos divórcios // Rui Maria Pêgo: Há pessoas que nos inspiram. E o Rui Pêgo é uma delas. Não só enquanto profissional, mas também por toda a transparência nas causas que defende. Este artigo é apenas um exemplo das suas observações pertinentes e bem estruturadas.

Os polícias são todos racistas // Diogo Faro: Mordaz e consciente, utiliza a sua vertente humorística para desconstruir temas centrais da sociedade, em geral, e do ser humano, em particular. Sou fã assumida do seu trabalho e não fiquei indiferente a mais esta crónica.

Uma conversa sobre feminismo // Girassol: Apesar de não acompanhar a Matilde há muito tempo - e de não o fazer de forma regular -, fico sempre encantada com o conteúdo que publica. E este texto devia ser lido por todos, pois é precioso.

Stand-Up Comedy: Daniel Carapeto e Guilherme Duarte disponibilizaram os seus primeiros solos no youtube, o que, para mim, é extraordinário e de uma generosidade tremenda. O Estúpido e Por Falar Noutra Coisa, respetivamente, têm registos muito particulares, mas conquistaram-me de igual forma.

Bumba na Fofinha: Falemos sobre a moda bizarra do ASMR e Como Hollywood Arruinou as Nossas Vidas são dois vídeos recentes da Mariana Cabral. Se o primeiro, por um lado, tem uma dinâmica diferente do seu conteúdo regular, o segundo, por outro, é a imagem de marca da Bumba. E cada vez mais tenho a certeza que ela consegue ser bastante camaleónica. Quanta genialidade!

Sozinho em Casa // Guilherme Geirinhas: Este projeto mais recente do humorista tem sido uma companhia fabulosa, até porque aborda temas interessantes, com um registo que não visa o lado da piada (ainda que possam existir segmentos cómicos). E tudo flui com bastante naturalidade, envolvendo-nos em constantes reflexões.

Aprendi - com o tempo e com a maturidade - que ser-se grato é uma das características mais bonitas que alguém pode preservar, não só por expressar o nosso agradecimento, mas também por caminhar de mãos dadas com a valorização: de pessoas, de momentos, de conquistas. Por essa razão, sou grata por...

... ter uma melhor amiga que regressou de uma missão em Moçambique - e eu sei o quanto esta experiência lhe fazia sentido.

... acreditar mais em mim. E por ter soltado o nó de assuntos pendentes.

... ser tão apegada às pequenas coisas.