Setembro. O meu ano novo. O mês dos recomeços, dos reencontros, do regresso à rotina de energias renovadas. É um dos períodos temporais que mais me aconchega o lado esquerdo do peito e, este ano, voltou a não desiludir. Aliás, proporcionou-me aventuras extraordinárias, com várias aprendizagens associadas. Além disso, rasurei alguns objetivos da minha lista e comecei a dar forma a ideias que foram crescendo dentro de mim. Setembro trouxe, ainda, no regaço uma das minhas estações favoritas e reforçou a certeza de ter as melhores pessoas do meu lado. Fui muito feliz. E estou pronta para fechar este álbum de memórias bonitas, abrindo a porta de um novo capítulo.
«Passo à frente e não me vês
Um passo em frente sem porquês
A vida fala sem saberes
É para quem pode
Não para quem quer
Fotografia da minha autoria
... Formação!
[«Quero ficar sempre estudante» é um fragmento musical que me define. Porque sempre adorei a escola. A possibilidade de aprender. E o compromisso de estudar. Por isso, investir na minha formação académica era uma prioridade. E nunca equacionei a hipótese de não me candidatar à faculdade. Aliás, gostava, inclusive, de tirar outro curso. E tenho ponderado aventurar-me numa especialização, que complemente a minha área de base - a Educação Pré-Escolar. Neste momento, não é possível, mas não é um objetivo descartado. Quando se proporcionar - e farei tudo o que estiver ao meu alcance para que tal se realize -, voltarei a este ritmo que tanto me inspira e motiva. Pois permite-me crescer]
Fotografia da minha autoria
«Fotografar é uma maneira de ver o passado»
A minha Pão de Forma, em viagem, faz inúmeras paragens. Porque gosto de descobrir o máximo de cada local, absorvendo traços, detalhes e pedaços de património. E quanto mais distintos forem, mais rica será a experiência, uma vez que expando memórias, emoções e horizontes. Por terras alentejanas, esta vontade adquire ainda mais força. Por isso, partimos sem rede. E permitimo-nos envolver em cada essência.
Fotografia da minha autoria
Tema: Livros Banidos
A literatura deveria ser uma arte livre, porque representa distintas realidades e identidades. Além disso, em muitos exemplares, é a nossa voz, quer nos sonhos, quer nas denúncias. No entanto, a censura - evidente ou camuflada - continua a existir. Hoje, talvez menos, mas não foi totalmente erradicada - atentem, por exemplo, no que aconteceu na Bienal do Livro, no Brasil. Porque os livros têm poder. A começar pelo facto de nos predisporem à argumentação e ao pensamento próprio. E isso pode ser assustador para entidades que não nos pretendem tão cultos. Assim, idealizando um desafio diferente, o tema deste mês para o The Bibliophile Club privilegia os livros banidos, independentemente do motivo e da altura em que sofreram essa condenação.
Fotografia da minha autoria
«Gostávamos que partilhasse o nome do livro
que lhe ficou na memória»
O Natal, dizem os entendidos, é quando a humanidade quer. E o meu chega, quase sempre, em setembro, embrulhado num dos melhores eventos da cidade do Porto: a Feira do Livro. Houve edições em que apenas fui passear para os Jardins do Palácio de Cristal, absorvendo o ritmo frenético, os olhares atentos e toda a atmosfera literária dos inúmeros pavilhões. No entanto, nos últimos anos, tenho procurado investir naqueles exemplares que se mantêm alicerçados na minha lista interminável. E, para 2019, adotei o mesmo plano de ataque.
Fotografia da minha autoria
«É preciso ver o que não foi visto,
ver outra vez o que se viu já»
Monsaraz arrebatou o meu coração. A vila «perto do céu» preserva o seu traço medieval e uma magia absolutamente inspiradora. Antes de me aventurar no interior das muralhas, deixei-me deslumbrar pela vista do miradouro, que nos alarga o horizonte pelas belas e carismáticas planícies alentejanas, também cobertas por água, graças à Barragem do Alqueva, cuja construção potenciou a origem de um dos maiores lagos da Europa. Além disso, é visível o orgulho em ser Montesarense, porque somos recebidos por uma Escultura de Homenagem do Povo «ao Homem que precisava de sonhos para existir», acontecendo o «Cante».
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«O mundo precisa de gente que se preocupa com o próximo»
A expressão «ter o coração no lado certo» é uma das que mais me inspira. Porque, para efeitos práticos, todos temos um, mas há sempre quem não tire o melhor proveito desse traço humano, privilegiando uma certa escuridão nos valores e no cuidado com terceiros. Ainda assim, movo-me pela empatia. E acredito que somos mais a seguir esta estrada. Como tal, não podia ficar indiferente a uma iniciativa que traduz aquilo que existe de melhor no mundo: pessoas que procuram fazer a diferença na vida de alguém, providenciando algum tipo de conforto.
«Pus-me a pé, fui comprar o pão
Fiz café e aspirei o chão
Mas não foi sempre assim
Se calhar, é uma fase
Que me está a fazer cantar coisas
Para te rires assim de mim
Fotografia da minha autoria
... Farol!
[O significado que certas estruturas têm pode não assumir um impacto literal na minha perceção, porque gosto sempre de idealizar entrelinhas. No caso dos faróis, preservo um misto, pois admiro-os pela sua funcionalidade, pela imagem tão distinta e por me permitirem recordar e associar pessoas-luz. Porque a vida fica mais plena quando, na escuridão, há algo ou alguém que nos guia]
Fotografia da minha autoria
Há um certo charme nas palavras que tu não dizes, mas que eu consigo ouvir-te pronunciar
O mês de setembro, mais do que janeiro, soou-me sempre a recomeço. A renovar de energias. Ao doce retomar de uma rotina escolar - com toda a magia que isso implicava. Por consequência, significava o reencontro com as minhas pessoas-coração. E isso só podia ser um excelente presságio. Portanto, por mais que as mudanças não fossem substanciais, havia um lado imprevisível e de desafio, que me permitia reiniciar. Inspirada pelo nono tema de Uma Dúzia de Livros, optei por recomeçar a minha saga favorita - Millennium -, idealizada por Stieg Larsson.
Fotografia da minha autoria
«Se vens trazer fofoca de lá para cá,
faz-me um favor e vira a boca para lá»
Plutónio é uma presença constante na minha rotina musical. Portanto, de expectativas elevadas, fui descobrir o seu mais recente tema, que conta com a participação do humorista Pedro Teixeira da Mota. Independentemente de podermos - ou não - identificarmo-nos com o seu estilo e com o seu ritmo [que me conquistaram de imediato], são a letra e a mensagem que fazem toda a diferença. Numa sociedade tão online e que vive, cada vez mais, de aparências, será que vale tudo? Além disso, quanto daquilo que partilhamos é verdadeiro? Por muito que a música seja um modo de entretenimento, que nos permite desligar do mundo, o certo é que também é uma arte que expõe determinados filtros. Por isso, não deixem de ver e de ouvir este Vergonha na Cara. Porque nos faz questionar o caminho que estamos a traçar em rede.
Fotografia da minha autoria
«Cozinhar é só um jeito diferente de amar»
O traço aventureiro, dentro de todos os compartimentos da minha identidade, não é o mais vincado. E isso estende-se à gastronomia, uma vez que não arrisco assim tanto em receitas fora da minha zona de conforto. No entanto, estava desejosa de experimentar sushi. Visualmente, deixou-me sempre curiosa e queria perceber o contraste das texturas. Mas fui adiando por receio, por falta de companhia, por não ter referências ao nível de locais apropriados. Até que, desafiada pela minha melhor amiga, fiz a minha estreia no Lama's Temple.
Fotografia da minha autoria
«Trazes na pele a luz e a calma das manhãs»
Ela é pedaço de mar
É o ir e o voltar
À raiz, à terra, ao sonho
Ao doce e lento pôr do sol
À deriva num barco de cartão
«Rumo na life
E agora é vê-los com tosse
Eu vivi high, noites a mais
Mas nunca perdi o meu norte
Fotografia da minha autoria
... Amarelo!
[«O que seria do amarelo se todos gostassem do azul» é daquelas frases clássicas, que funciona, muitas vezes, como argumento para justificar que os nossos gostos podem ser bastante divergentes e que, se preferíssemos todos o mesmo, não seríamos mais do que fotocópias. No entanto, embora seja dispensada por várias pessoas, a cor amarela sempre foi das minhas favoritas, até porque transmite uma luminosidade diferente. E, durante este ano, revesti o meu armário com peças que a privilegiam. Sinto que só me faltam umas sapatilhas para compor o conjunto. Mas vou no bom caminho]
Passear pelo Alentejo é saber, previamente, que qualquer lugar nos prenderá a atenção. Porque tudo nesta região tem uma beleza e uma essência especiais. Tem um brilho inesquecível. E, na maior parte das vezes, lamento estar apenas de passagem, pois haverá sempre algo para ver. Algo para descobrir. Algo para sentir.
Fotografia da minha autoria
«Um romance sobre um conflito eterno»
Janeiro trouxe-me um desafio literário particular, uma vez que teria um convívio de família em Tormes, local onde se situa a Fundação Eça de Queiroz. Por imprevistos pessoais, esta viagem [ainda] não se realizou, mas foi uma ótima maneira de abraçar A Cidade e as Serras, obra de um dos maiores romancistas portugueses. Atendendo a que a localidade do concelho de Baião é um dos palcos desta narrativa, fez-me todo o sentido procurar contextualizar o espaço, para, depois, ser capaz de observá-lo com outra consciência. E, assim, atribuir um maior significado à leitura. Às vivências. E à mensagem.
Fotografia da minha autoria
«É preciso ver o que não foi visto,
ver outra vez o que se viu já»
Elvas. Cidade de duas faces: uma dentro e outra fora de muralhas. No interior desta fortaleza, senti-me num conto de fadas moderno, onde as paredes caiadas fazem sobressair apontamentos de um amarelo-sol e um azul-céu, que aconchegam a alma. Fiquei maravilhada a calcorrear as suas ruas. E, inclusive, tive a sensação de estar próxima de Santa Catarina, no Porto, pela envolvência e pela disposição dos vários estabelecimentos. Exaltando a essência alentejana, revelou-se um pequeno pedaço de sonho ao qual faço questão de regressar.
Fotografia da minha autoria
«Check-In»
As nossas férias têm sempre um traço aventureiro, a começar pela própria gestão dos locais onde pretendemos ficar a dormir. Atendendo ao aumento do turismo em Portugal, sei que é arriscado e, até, inconsciente não fazer reservas prévias. No entanto, já tinha saudades desta adrenalina. E de, no fundo, através de uma certa dose de nostalgia, regressar a momentos passados. Graças a esta opção de ir sem rede, descobrimos três alojamentos que nos conquistaram.
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«Há um número desconhecido a ligar-me»
O toque. Sempre aquele toque estridente, às quatro da manhã, que me despertava em sobressalto. E eu insistia no mesmo ritual: levantar-me, ir até à sala, pegar no telefone e tentar compreender quem poderia ser e que brincadeira de mau gosto seria aquela. O problema é que, do outro lado da linha, apenas conseguia identificar um assobio sinistro. Então, desligava a chamada e a minha noite estava perdida, numa angustia aflitiva, com receio de não estar sozinha.
«Eu, por mais que eu
Tente entender
A falta que fazes aqui
Nunca vou conseguir
Fotografia da minha autoria
... Costa Nova!
[Tive sempre um fascínio por esta zona, quer pela proximidade ao mar, quer pelas casas típicas às riscas. As cores garridas atraem e despertam um aconchego muito sereno. Além disso, é a sua simplicidade que me conquista. Recentemente - e depois de algum tempo sem passear por lá -, regressei à Costa Nova e a sensação de pertença foi imediata. Os seus pormenores nunca deixarão de me encantar]
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«Lindo é quando alguém escolhe pousar ao teu lado podendo voar»
Vou dar de beber às minhas fraquezas
Alimentá-las para que não sejam fracas
E para que não se agigantem
Causando o caos dentro de mim.
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«Coletânea de poesia [e muito mais]»
A leveza das palavras escritas por alma de poeta pode ser só a ilusão que esconde a angustia de uma realidade muito mais profunda. E é este toque delicado que nos embala, como se os problemas fossem uma brisa, para depois nos colocar no centro das questões, desconstruindo conceitos, valores, dores e convicções. Permitindo-me absorver a luz que nos transmite a poesia, sei que deambulei por camadas densas e inesgotáveis, que me deixaram no limbo da interpretação, mas sempre com a certeza de que o mundo cresce para lá daquelas linhas. Foi a minha estreia na obra de Rupi Kaur, porém, conquistou-me por inteiro.
Fotografia da minha autoria
«Fotografar é uma maneira de ver o passado»
A nossa primeira noite de férias foi passada em Campo Maior, que recordarei sempre pelo aroma agradável a café. Foi o traço que mais me marcou. E, neste reencontro, voltou a aconchegar-me. Esta vila alentejana, tão pacata e simpática, desperta uma sensação de paz inesgotável. E leva-nos numa interessante viagem pelo seu património.
Fotografia da minha autoria
«É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já»
A brisa serena, que me ondula os caracóis. A luz, ainda enfraquecida, que começa a colorir o céu azul, que me define a alma. Ao abrir a janela, é este cenário de paz que encontro. Por isso, abraçando o silêncio de uma rua adormecida, ligamos a Pão de Forma imaginária e partimos quase sem destino, mas com uma região em mente: o Alentejo esperava por nós. E Portalegre foi a nossa primeira paragem.
Fotografia da minha autoria
«Gratidão não custa nada e tem um valor imenso»
As gavetas da minha casa encantada, de peito aberto, chegaram ao sexto aniversário. E esta estrada tem tido inúmeras rotas alternativas, que me têm permitido compreender qual é o meu rumo. O meu ritmo. E o meu conteúdo. Embora nem sempre tenha privilegiado a celebração desta data especial [21/08], procuro ser mais sensível neste analisar de caminho, até porque é uma forma de perceber o que fica marcado em arquivo e tudo aquilo que ainda pretendo explorar. Porque há sempre paixões por descobrir, traços para escrever e mais por onde evoluir.
O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá