MOLESKINE | O MELHOR DE SETEMBRO

Fotografia da minha autoria

«A vida é feita de momentos colecionáveis»

Setembro. O meu ano novo. O mês dos recomeços, dos reencontros, do regresso à rotina de energias renovadas. É um dos períodos temporais que mais me aconchega o lado esquerdo do peito e, este ano, voltou a não desiludir. Aliás, proporcionou-me aventuras extraordinárias, com várias aprendizagens associadas. Além disso, rasurei alguns objetivos da minha lista e comecei a dar forma a ideias que foram crescendo dentro de mim. Setembro trouxe, ainda, no regaço uma das minhas estações favoritas e reforçou a certeza de ter as melhores pessoas do meu lado. Fui muito feliz. E estou pronta para fechar este álbum de memórias bonitas, abrindo a porta de um novo capítulo.

Formação sobre Crianças com NEE'S: No início do mês, através do Centro de Emprego, surgiu a oportunidade de frequentar uma Unidade de Formação de Curta Duração [50h], que contempla uma temática crucial para uma Escola Inclusiva. Crianças com necessidades educativas e/ou específicas existem e não têm menos direitos que as demais. Por isso, é fundamental, enquanto profissionais de Educação, estarmos constantemente atualizados e conscientes das respostas que podemos dar, de modo a não comprometer as suas qualidades, as suas competências e o seu currículo. Naturalmente, atendendo à durabilidade desta UFCD, houve muitos aspetos que não puderam ser explorados e aprofundados. No entanto, sinto que derrubamos mais um muro, porque concluímos esta etapa com mais sensibilidade e ferramentas de ação. Além do mais, acredito que o sucesso da formação também ficou a dever-se à formadora e à turma em que calhei [havia duas]. Porque, embora estivéssemos todos em patamares e níveis de experiência distintos, tínhamos em comum a humildade e a ânsia de saber mais e melhor. Em nenhum momento houve uma luta de egos. Houve, sim, muita partilha genuína. E empatia. Ao olhar ao meu redor, percebi que teria o maior gosto em trabalhar com qualquer uma daquelas pessoas. E sei que cresci muito também por elas - mesmo que não tenha sido capaz de o dizer pessoalmente. Naquela sala reforcei os motivos que me fizeram ingressar nesta área: porque podemos mesmo fazer a diferença.

Estreei-me no Sushi: Estava desejosa de experimentar este prato japonês. Mas fui adiando por receio, por falta de companhia, por não ter referências ao nível de locais apropriados. Até que, desafiada pela minha melhor amiga, fiz a minha estreia no Lama's Temple. E posso garantir que adorei, ficando rendida a esta iguaria. A mistura de texturas e sabores é, sensorialmente, muito rica e deliciosa. Estava receosa de não gostar, mas as minhas expectativas foram superadas com muito sucesso. E mal posso esperar para repetir. Os astros estavam mesmo alinhados a meu favor. Tanto que, antes do jantar, ainda tive a sorte de assistir a um pôr do sol de tirar o fôlego.

VI // Passatempo de aniversário: As gavetas da minha casa encantada chegou ao sexto aniversário, no dia 21 de agosto. Entre as férias e alguns passeios acrescidos, adiei a verdadeira celebração, porque queria fazer algo diferente. Assim, usufruindo do facto de ser afiliada da Bertrand, entrei em contacto com a sua Assistente de Direção Comercial para saber se seria possível disponibilizarem um exemplar d' Os Homens que Odeiam as Mulheres, pois é uma das minhas obras de eleição. A resposta foi positiva, o que me deixou muito grata. E quis acrescentar mais alguns artigos que me definem. O vencedor foi apurado e anunciado no passado dia 21 [sábado], sendo a Marisa Vitoriano [Insert.Title] a feliz contemplada. Foi a primeira vez que criei um passatempo, mas acho que correu muito bem.

Feira do Livro // Porto, 2019: O Natal, dizem os entendidos, é quando a humanidade quer. E o meu chega, quase sempre, em setembro, embrulhado num dos melhores eventos da cidade do Porto: a Feira do Livro. Nesta edição, voltei a privilegiar o meu plano de ataque, que consiste em aproveitar os livros do dia, que estão com um preço ainda mais em conta. Apesar de só ter podido ir na última data, fechei com saldo positivo, pois regressei a casa com cinco obras [e não três, como tinha idealizado] e uma poupança de 32,55€. Passear pelos Jardins do Palácio de Cristal é sempre especial. Mas quando a Avenida das Tílias se cobre de pavilhões e de livros é mágico. Ali, sinto-me plena. Porque é o meu dialeto. E a minha essência.

Por um sonho: No último sábado deste mês, tive a oportunidade de ir até ao Vitalis Park, na Constituição, porque o Oliveira do Douro, clube onde joga o meu afilhado, teve jogo contra a Dragon Force. O resultado não foi o mais favorável, uma vez que perderam, mas senti a equipa muito mais unida, organizada, comunicativa dentro de campo e com outra raça. Estão a crescer. A limar arestas. E a abraçar um espírito de cooperação e responsabilidade maior. Porque lutam por um sonho. E tenho a forte convicção de que só poderão melhorar. Num plano mais individualizado, sei que sou suspeita, mas sinto que o meu afilhado nasceu para jogar futebol, mesmo que a vida lhe reserve outro caminho, pelo talento e pela entrega. Que orgulho desmedido.

Neste dia, porque há coincidências bonitas, o Futebol Clube do Porto celebrou 126 anos. De existência. De identidade. De um amor sem igual. Porque «jamais podem apagar a nossa história».

O regresso à rotina implicou, também, uma diminuição na quantidade de obras lidas. Contudo, permitiu-me redescobrir personagens que me conquistaram para sempre. E estrear-me num universo que marcou tantos leitores. Pelo meio, consegui completar a Saga Millennium, que por circunstâncias incontornáveis, foi escrita a duas vozes.

Os Homens que Odeiam as Mulheres // Stieg Larsson: É o primeiro volume da Saga Millennium. E abre-nos a porta a uma premissa original, intrigante e complexa, que ultrapassa a componente policial, privilegiando o jogo psicológico constante. Percebemos, de imediato, que há um ritual que se repete ano após ano. E que isso levanta suspeitas, pois é impossível que o seu remetente corresponda ao indicado. No entanto, se há algo que fica claro durante toda a narrativa é que nem tudo é o que aparenta ser. É um livro que nos agita por dentro [Uma Dúzia de Livros // Setembro].

Harry Potter e a Pedra Filosofal // J. K. Rowling: Esta obra leva-nos a descobrir um mundo mágico. Deslumbrante. E rico em contrastes. Tinha receio de não me identificar com o enredo, por se iniciar numa fase da vida das personagens que já não é a minha, mas descobri que era uma preocupação infundada, sentido-me mesmo a crescer com o seu desenvolvimento, pois há uma carga emocional e de aprendizagem que se cola à nossa pele. E foi maravilhoso abraçar todo o imaginário criado pela autora, uma vez que nos faz ter uma breve ilusão de estarmos no centro de cada ação [The Bibliophile Club // Setembro].

A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo // Stieg Larsson: É o segundo volume da Saga Millennium e ficamos a conhecer bem melhor o passado da protagonista Lisbeth Salander. Numa constante corrida contra o tempo - e seguindo um plano de vingança -, a criminalidade é figura central, fazendo-nos compreender a podridão do sistema e a influência que determinadas entidades exercem sobre os vários serviços sociais. É preciso algum estofo para acompanhar certas passagens, mas a escrita permanece misteriosa e viciante.

A Rainha no Palácio das Correntes de Ar // Stieg Larsson: Neste terceiro volume não posso deixar de destacar a parte humana. Porque, mesmo num mundo corrompido, onde a desconfiança e a corrupção parecem ser faces da mesma moeda, há sempre quem esteja disposto a dar-nos a mão, correndo riscos e não se poupando a esforços. Porque a justiça tem que prevalecer. Os contratempos multiplicam-se, mas existe uma força e uma resiliência que não permitem que os envolvidos quebrem.

Sul: Esta série «decorre em Lisboa, em plena crise financeira». E promete ser mais que um enredo policial, ainda que a premissa explore um conjunto de mortes suspeitas no Rio Tejo. Com um elenco de luxo, desenrolar-se-á por nove episódios e eu fiquei completamente interessada nesta aposta televisiva, até porque em Portugal há imenso talento e criatividade. Estreou no passado sábado, na RTP, por isso, acompanharei com atenção o seu enredo e consequente desenvolvimento.

Entrelinhas | O Sol e as Suas Flores: A leveza das palavras escritas por alma de poeta pode ser só a ilusão que esconde a angustia de uma realidade muito mais profunda. E é este toque delicado que nos embala, como se os problemas fossem uma brisa, para depois nos colocar no centro das questões, desconstruindo conceitos, valores, dores e convicções. Permitindo-me absorver a luz que nos transmite a poesia, sei que deambulei por camadas densas e inesgotáveis, que me deixaram no limbo da interpretação, mas sempre com a certeza de que o mundo cresce para lá daquelas linhas. Foi a minha estreia na obra de Rupi Kaur, porém, conquistou-me por inteiro.

Storyteller Dice // Chamada Suspensa: O toque. Sempre aquele toque estridente, às quatro da manhã, que me despertava em sobressalto. E eu insistia no mesmo ritual: levantar-me, ir até à sala, pegar no telefone e tentar compreender quem poderia ser e que brincadeira de mau gosto seria aquela. O problema é que, do outro lado da linha, apenas conseguia identificar um assobio sinistro.

Ela é do Mar: Ela é pedaço de mar / É o ir e o voltar / À raiz, à terra, ao sonho / Ao doce e lento pôr do sol.

Campanha Despensa Solidária: A Vera Gomes pensou numa maneira distinta para celebrar o seu aniversário. Portanto, aventurou-se a organizar uma campanha solidária, que visa ajudar a Crescer Bem e, consequentemente, as crianças e as famílias que passam pelo Hospital da Estefânia, pelo Hospital Santa Maria e pelo Hospital Beatriz Ângelo. A Campanha em questão decorrerá entre 24 de setembro e 23 de outubro, tendo como principal objetivo a angariação de produtos mais urgentes, que poderão ser entregues em pontos de recolha específicos. Vamos sensibilizarmo-nos para esta causa?

Lama's Temple: Localizado na Rua Brito Capelo, em Matosinhos, este restaurante de cozinha japonesa surpreendeu-me logo pela sala: ampla, de teto alto, bem aproveitada no que se refere à organização do espaço e com uma decoração elegante e delicada. O que proporciona um ambiente bastante agradável e sereno. Além disso, o atendimento foi irrepreensível, tanto pela simpatia, como pela disponibilidade para nos auxiliarem em qualquer questão. A carta adapta-se a quase todos os gostos e sentia-se a qualidade e a frescura do peixe, assim como a atenção no empratamento. O Lama's Temple revelou-se uma surpresa maravilhosa, que recomendo totalmente. E à qual voltarei.

O tempo começa a ficar mais fresco, portanto, é a altura de trocar o chá gelado por uma opção quente. E um dos meus sabores preferidos é o de Jasmim. Na minha última ida ao Jumbo [agora Auchan], trouxe uma saca bem cheia. Por norma, encontro sempre na secção dos produtos avulso. E é raro o mês em que não reponho o stock. 

O regresso às aulas implicava sempre um ritual mágico: comprar material escolar. Há dois anos que me despedi dessas andanças, mas, graças à Formação que integrei no início do mês, voltei a sentir a adrenalina do momento, pois precisei de adquirir alguns artigos. Assim, investi num estojo para transportar o meu material de escrita, numa capa para os documentos que iria necessitar e num caderno para anotar toda a informação relevante, até porque sou muito visual e é desta forma que me organizo melhor - e estruturo o meu pensamento. Não perdi a cabeça nas compras, sendo bastante consciente das minhas necessidades, mas todas as desculpas são boas para adquirir material escolar. Além disso, como preparo todas as minhas publicações em papel, optei por escolher uma capa de recargas, em vez de continuar nos cadernos. Pois fica mais económico e a durabilidade é bem maior.

Lancheira Pão de Forma: Cá em casa somos muito adeptos das marmitas. Tendo em conta que, durante a semana da formação, eu iria precisar de almoçar fora de casa - e que a minha lancheira estava a precisar da reforma -, encontrei uma que é a minha cara. Custou 5€ e comprei-a no Continente. O material é ótimo, tem bastante espaço e trouxe um detalhe extraordinário, que veio colorir a minha hora de almoço.

Recordações com amor: As minhas pessoas-luz sabem que faço coleção de dedais, por isso, sempre que vão de viagem, procuram trazer-me um como lembrança. Recentemente, a minha prima foi de férias para Palma de Maiorca e surpreendeu-me com um belo exemplar, que tem a catedral na parte superior. Passo a passo, a minha vitrine deixa de ter lugares disponíveis, mas o meu coração aumenta com tanto mimo.

Uma amiga de família está quase a aventurar-se num negócio próprio e, entre várias áreas, também terá acessórios à venda. Depois de enviar algumas fotografias, disse-lhe que seria a sua primeira cliente, porque tinha um colar com uma Mão de Fátima, exatamente como eu procurava. Na semana passada, pediu à minha mãe para me entregar uma caixa. Assim que a abri, percebi o que o seu interior continha. E fiquei mesmo sensibilizada, até porque adoro o simbolismo da peça. Simultaneamente, foi o gesto em si que me comoveu. Tenho usado e abusado deste colar. E sei que será uma aposta constante.

Não deixes a poesia morrer // Bem-Me-Quer: A escrita da Carolina encanta-me sempre, porque transparece uma sensibilidade ímpar e que inspira. Neste texto, essa característica não foi exceção. Porque é mesmo um pedaço de poesia que nos acalenta.

Amor || Solitude Partilhada // Bobby Pins: Tropecei nesta publicação da Inês por acaso, mas foi impossível não me identificar com ela de imediato, porque representa a minha visão sobre as relações. Há uma partilha constante que é preciosa e é imprescindível encontrar programas conjuntos, que fortifiquem os elos, a confiança e o amor. Mas é, igualmente, importante que as duas partes do casal não percam a sua individualidade. Porque não há mal em quererem fazer coisas diferentes. E respeitar esse espaço deve ser prioritário.

Setembro, contrariamente a agosto, foi um regalo discográfico, enchendo-me as medidas pela sua qualidade, pela sua diversidade e por serem já um traço vincado na minha essência. Contudo, também tive boas surpresas com canções soltas, expressando o que se faz de melhor nesta arte tão emotiva e transformadora, que carrega mensagens inspiradoras.

Faixas: Embora o álbum dos Bon Iver esteja fantástico, foi a Hey, Ma que ficou com o meu coração. Burna Boy, por seu lado, começa a conquistar um espaço regular nas minhas escolhas e a prova disso mesmo é que tenho mais dois temas prediletos, sendo eles Ye e Omo. Plutónio surpreendeu com o seu enérgico Vergonha na Cara e o Hex lançou o incrível e viciante Paranoia. Os Átoa aliaram-se ao Valas e criaram O Nosso Tempo. Coração é o mais recente tema de Diogo Piçarra e é, para mim, uma das suas criações mais bonitas, porque ele tem mesmo «o coração no lado certo». Os We Find You e a Bárbara Tinoco ofereceram-nos o lindíssimo Lembra-me. E, por fim, mas não menos importante, Antonio José encantou-me com o seu Me Equivocaré.

Álbuns: Post Malone foi o primeiro a entrar na corrida, com o seu extraordinário Hollywood's Bleeding. S. Pedro, que transborda talento, chegou com Mais Um. E Tiago Nacarato levou-nos para um Lugar Comum bastante especial e identitário. Sem grande alarido, apanhando-nos a quase todos de surpresa, Slow J. disponibilizou You Are Forgiven, que tenho para mim que será um dos discos do ano. Castello Branco, com uma sonoridade irrepetível, lançou um refrescante Sermão.

Ask.tm #113: O ask.tm é um dos podcasts que ouço religiosamente. Posso não concordar com todos os pontos de vista de Pedro Teixeira da Mota, mas gosto sempre da forma como os expõe e fundamenta. Neste episódio em particular, não posso deixar de destacar o momento em que analisa a postura de Fernando Rocha face ao que aconteceu com o ator Ângelo Rodrigues, porque evidencia a incoerência em que podemos cair. O humorista fez uma publicação a criticar todos aqueles que fizeram piadas com a situação, a questão é que não se pode esquecer de todas as vezes em que sustentou o seu material humorístico nestes temas mais fáceis. Antes de criticarmos, temos que olhar para as nossas ações.

Terapia de Casal: Rita da Nova e Guilherme Fonseca lançaram um podcast. Acompanho o lado criativo de ambos e fiquei mesmo entusiasmada com esta novidade, até porque sinto que têm uma dinâmica muito engraçada. Neste projeto em comum, discutirão temáticas sobre as quais discordam profundamente. E os episódios contarão com dois formatos distintos: ora terão a presença de «terapeutas» para os auxiliar, ora responderão a perguntas enviadas pelos ouvintes. Para além do episódio piloto, onde apresentam o conceito, também já se encontra disponível o episódio com a convidada Joana Marques, que guiou e mediou esta sessão de terapia. É um podcast que promete.

Radio Comercial // Tou Preguiçoso by Vasco Palmeirim: O regresso ao trabalho custa sempre. E a mensagem deste vídeo prova-o de um modo muito peculiar. Com muita graça e boa disposição, chorei a rir com a atuação da equipa da Rádio Comercial, que deu um toque hilariante à letra escrita por Vasco Palmeirim, partindo da música da Blaya.

Os dias nem sempre nos trazem luz, mas quando nos iluminam por dentro não há melhor sensação. Por maiores ou mais insignificantes que pareçam os contratempos, é importante aprendermos a tirar o melhor de cada situação, para nos fortalecermos. Embora tenha sentido alguma nostalgia, porque me faltou aquele regresso tão natural à ESE, que me permitia sossegar em relação ao futuro, setembro foi muito tranquilo. E não me trouxe situações de maior cuidado. Trouxe-me, pelo contrário, o reforço de estar agradecida por...

... Saber que há pessoas que ficam para sempre. E que são fonte de desafios - para além de segurança e de colo.

... Ter a oportunidade de investir na minha área de formação.

... Poder acompanhar de perto o sonho do meu afilhado.

... Ter vizinhos que, por saberem e partilharem o meu amor pela leitura, não se esquecem de mim, surpreendendo-me com um exemplar de A Mulher que Correu Atrás do Vento autografado por João Tordo.

Como foi o vosso mês de setembro?