2019 | 12 MESES, 12 PUBLICAÇÕES

Fotografia da minha autoria


«Escrever é a minha forma de mudar o mundo 
- pelo menos, o meu»


A caneta esteve quase sempre em movimento, atribuindo uma forma desenhada - a azul ou a preto - aos meus pensamentos. Às minhas memórias. Às minhas leituras. Aos meus sonhos. Porque é neste ritmo criativo que me encontro, desvendo e reinvento. Sou mais eu quando mergulho na infinidade de uma folha em branco, oferecendo asas à minha imaginação. E, por isso mesmo, As gavetas da minha casa encantada só podia ser uma extensão de tudo o que confidencio nos meus cadernos.

O ano passado, alcancei um registo inédito no arquivo deste blogue [365 dias, 365 publicações], mas não me permiti ficar presa a esse número, até porque não é isso que me motiva. Em 2019, mantive a mesma dinâmica diária, mas tive necessidade de fazer pequenas paragens, para desfrutar de oportunidades imperdíveis, descansando a mente e reorganizando a identidade que priorizo em qualquer circunstância. Por essa razão, sinto-me bastante orgulhosa do percurso traçado neste lar virtual e no conteúdo que partilhei em rede, uma vez que representa muito daquilo que guardo no lado esquerdo do peito. Num processo intimista de autoanálise, compreendi que evoluí e que continuei a reservar espaço para todas as minhas paixões. Além disso, entre projetos pessoais e iniciativas que me despertaram vontade de as abraçar, escrevi muito mais sobre cultura. E aprimorei a linha editorial desta casa, mas sem fechar a porta a novas aventuras.

Escrever é mesmo o meu dialeto. É a forma mais bonita e desafiante de me expressar. E coloco toda a minha alma em cada texto que produzo - seja ou não biográfico. Portanto, é sempre complicado enumerar aqueles que me realizaram mais, porque, honestamente, todos têm algo de especial. Ainda assim, há 12 publicações que se destacaram.

// JANEIRO //
Avenida dos Aliados | Diogo Piçarra: A noite estava fria. As luzes da cidade cobriam o céu de um tom quente. E, ao longe, enquanto me despedida da estação de S. Bento, avistava uma Avenida dos Aliados - tão familiar e sempre tão intensa na forma como nos acolhe no seu regaço - a ser preenchida por uma moldura humana plural, distinta e unida por um motivo comum: o concerto do Diogo Piçarra, que voltou a fazer história. Que privilégio acompanhar este momento [aqui].

// FEVEREIRO //
Desapegar & Destralhar: O peso do que nos mantém presos não fica mais leve. Muito pelo contrário. E as falsas raízes, que acreditamos serem genuínas e descomplexas, só nos atrasam. Por isso, a nossa vida tem fases. Tem processos. Tem ritmos. E tem capítulos que precisamos de avançar - ou de parar de escrever. Porque o desapego é poético, mas, caso não venha de dentro, é uma mera folha a esvoaçar sem direção. E eu sinto que estou numa etapa em que tenho que voltar a destralhar: a alma, o armário, o meu sentido. Mantendo a bagagem certa [aqui].

// MARÇO //
TBC | As Mulheres da Minha Vida: Mulher. Botão de camélia a florescer. Jardim em flor. Com o futuro em ascensão. Não me recordo de, algum dia, ter tido desejo de não ser mulher, por muito que, por vezes, parecesse mais facilitado ser homem - mas, neste contexto social, nunca o será, porque o preconceito não está só no género. Vem de dentro, de um lugar escuro de uma personalidade frágil e sem amor próprio. Porém, mesmo em menina, sempre senti um orgulho visceral - e inexplicável - de ser mulher. Num bem-estar pleno com a minha essência, com a minha feminilidade - nesta vaidade que nunca me retirou o doce traço de consciência e humildade [aqui].

// ABRIL //
Os Livros da Minha Infância: As palavras sempre foram uma constante no meu percurso, bem como as histórias. No entanto, talvez numa ordem inversa: primeiro, rendi-me às escritas e, só depois, às lidas. Porque os meus hábitos de leitura não eram tão prioritários como a minha relação com a criatividade que via crescer, através dos meus dedos pequenos e rechonchudos, em papéis que pareciam não ter fim. Apesar de tudo, houve livros que me marcaram e que ainda hoje faço questão de preservar, porque retêm memórias da minha infância [aqui].

// MAIO //
Azul e Branco é o Coração: O futebol nunca será só um jogo dentro de quatro linhas. É, pelo contrário, um espetáculo de emoções fortes, que me move, que me implica por inteiro, que me apaixona. E não permito que me quebrem a certeza de que esta festa pode renascer sempre da verdade. Há um lado enegrecido que é preciso combater, para que não contamine a raiz bonita que ainda sustenta o entusiasmo da massa adepta. E nesta chama azul e branca, que avança contra tudo o que a tenta apagar, eu sinto a mística de um clube sem igual [aqui].

// JUNHO //
Dez Anos // E Se Eu Não Tivesse Criado o Blogue?: A nossa mente é um lugar curioso. Por isso é que procurar responder a cenários hipotéticos nem sempre é intuitivo. Ficamos no limbo da nossa imaginação, a ponderar saídas, mas sem alcançar uma verdade absoluta. Eu sempre escrevi. Mas não tive sempre um blogue. Houve uma fase em que as minhas palavras apenas confidenciavam com o papel. No entanto, já começa a ser difícil recordá-la. Porque esta plataforma revolucionou o meu percurso. E tornou-o significativo [aqui].

// JULHO //
1+3 | Gestos que Fazem a Diferença: As letras são o meu dialeto. São o vínculo de comunicação que interliga os pensamentos periclitantes, o papel e o[s] destinatário[s]. Contudo, neste processo de evolução e maturação interior, é percetível a fragilidade da mensagem, uma vez que pode ser deturpada por intenções pouco genuínas. E se as palavras podem ser estudadas e camufladas, assumindo a forma do que se quer ouvir, os gestos têm uma reação mais imediata e menos polida. E num ambiente social, há manifestações que fazem toda a diferença [aqui].

// AGOSTO //
Alentejo: Uma História de Amor: O meu Alent[ej]o. A minha identidade divide-se entre duas cidades, ou não fosse eu filha de uma mãe de Gaia e de um pai do Porto. Mas algures no meu crescimento, sem saber explicar como, devo ter herdado uma costela alentejana. E como há lugares que sentimos como casa, quero sempre regressar [aqui].

// SETEMBRO //
Storyteller Dice // Chamada Suspensa: O toque. Sempre aquele toque estridente, às quatro da manhã, que me despertava em sobressalto. E eu insistia no mesmo ritual: levantar-me, ir até à sala, pegar no telefone e tentar compreender quem poderia ser e que brincadeira de mau gosto seria aquela. O problema é que, do outro lado da linha, apenas conseguia identificar um assobio sinistro. Então, desligava a chamada e a minha noite estava perdida, numa angustia [aqui].

// OUTUBRO //
A Minha Estante de 30 Livros: O minimalismo trouxe alguma paz de espírito à nossa casa interna e física, porque nos permitiu compreender aquilo que, efetivamente, nos pode ser útil. No entanto, somos feitos de emoções e temos uma capacidade singular para criar memórias nos mais diversos objetos e peças. Portanto, este processo nem sempre é intuitivo e célere. Requer desapego e auto-controlo. E uma perceção clara dos benefícios. Mas, quando o abraçamos, há um aconchego diferente. Há uma sensação de liberdade inspiradora e mágica. Só que tudo isto muda de figura quando chegamos a um compartimento muito específico: a nossa biblioteca [aqui].

// NOVEMBRO //
O Meu Pequeno Príncipe: Há doze anos, quando peguei em ti pela primeira vez, não tinha noção de que há amores que aprendemos a cuidar fora do peito. Que há medos - talvez - irracionais, que nos assaltam a paz nas ocasiões menos apropriadas. E que o nosso sentido de proteção se ativa a um nível desproporcional e impossível de definir, porque temos outra vida para além de quem somos. Mas é este compromisso que nos permite transbordar. De afeto. De luz. De amor [aqui].

// DEZEMBRO //
Christmas Is Coming | Solidariedade: O tecido que interliga os nossos sonhos é, também, um lembrete para o quanto não estamos nesta estrada sozinhos. Funcionamos no mesmo plano de ação, mas é essencial respeitarmos os diferentes ritmos, verdades e valores. E há poucas coisas nesta vida que sejam tão importantes como a empatia. Porque é a nossa capacidade de nos colocarmos no lugar do outro que permite que não desvalorizemos as suas lutas, estendendo-lhe a mão - ou amparando-o - quando o precipício parece mais perto [aqui].


Quais as publicações que mais gostaram de escrever?

Comentários

  1. Que no ano de 2020 a minha amiga não dê descanso à caneta e tenhamos como é habito novos e bons artigos.
    Um Excelente Ano de 2020 cheio de coisas boas.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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    1. Muito obrigada, Francisco! Farei por isso :)
      Um excelente 2020 para si e para os seus

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  2. Em Janeiro partilhei com os seguidores como foi conhecer o José Luís Peixoto em 2014; em Fevereiro partilhei como foi apresentar o segundo livro na minha cidade; em Março partilhei como foi a apresentação do livro "Em Teu Ventre" do José Luís Peixoto em Matosinhos e aquela sensação inexplicável de me sentar ao lado dele; em Abril recordei como foi o primeiro concerto do João Pedro Pais em 2005, em Maio partilhei o que descobri sobre o Word com a escrita, em Junho partilhei algumas entrevistas que fui dando a propósito da escrita, em Julho comecei a partilhar detalhes do último livro; em Agosto comecei a ler a trilogia 50 Sombras de Grey; em Setembro continuei a escrever sobre a trilogia da E. L. James, em Outubro o blogue fez anos e voltei a publicar com a Plataforma Capazes; em Novembro regressou a rubrica "Diário de Bordo" e por fim em Dezembro voltei à rubrica de música.

    Beijinho grande! :)

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    1. Que belo ano de publicações! Foi um privilégio lê-las :)

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  3. Querida Andreia
    Que o amor, a paz a harmonia, a solidariedade e a sabedoria, estejam em nossas vidas durante o próximo ano. Muita saúde, sucesso e prosperidade. Feliz ano novo para você e seus entes queridos. O meu afetuoso abraço e meu beijo recheado de poesia

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  4. Continua a dar asas à tua imaginação, Andreia, para prazer dos teus fiéis leitores 🍀

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  5. Que continues assim, com maravilhosas coisas para partilhar, espero que o novo ano traga só coisas boas
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

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  6. É tão bom olhar para trás e rever o nosso trabalho, gosto tanto de fazer isso, é como se fizesse parte de nós!!
    Feliz Ano Novo!!
    xoxo

    marisasclosetblog.com

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    1. É mesmo bom revisitarmos aquilo que fomos publicando ao longo do ano *-*

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  7. Penso tanto como tu, escrever para mim também é a minha forma de mudar o mundo, pelo menos o meu :) Gosto muito de te ler, por favor não pares ;)
    Beijinhos*

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    1. É um exercício maravilhoso em vários aspetos! Transmite-nos leveza e liberdade *-*
      Muito, muito obrigada <3

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  8. Andréia que em 2020 você venha compartilhar muito mais, que você não pare de usar a caneta, Andréia passando pra desejar um Feliz Ano Novo bjs

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    1. Muito, muito obrigada, Lucimar! Espero que tenha um excelente ano 🍀

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  9. Great review for a year!
    Welcome 2020, Happy New Year!

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  10. You are such a great writer, all the best for 2020 and Happy new year.
    Thank you for your feedback on my post.
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  11. Grata por te ter acompanhado em mais um ano cheio de publicações talentosas e com as quais me identifico sempre muito. Que nunca pares de escrever, enquanto puder, cá estarei para ler <3

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    1. E eu sinto-me extremamente grata por te ter sempre desse lado. Obrigada, de coração, por cada palavra, por cada visita, pelo constante incentivo e presença. Significa mesmo muito *-*

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