Feira Alternativa | As Palestras

Fotografia da minha autoria

«Mente, Corpo e Espírito»

O mundo é um lugar de partilha. Foi com este pensamento que uma das oradoras terminou a sua palestra. E, sem qualquer conhecimento prévio, foi com esta sensação que entrei no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, disposta a absorver o máximo de experiências. Porque acredito que é desta maneira que evoluímos e que traçamos o nosso caminho. Só posso garantir que aquela rota não é a minha se, primeiro, avançar nela. E isso acontece com tudo. E mesmo sem ter descoberto um destino de sentido único, consegui rever-me em cada um dos encontros realizados na Feira Alternativa.

Soluções naturais para uma vida saudável: Anabela Correia partilhou algumas noções e «ferramentas práticas para nutrir o corpo, a mente, o coração, a alma». Há, cada vez mais, uma necessidade de desintoxicar, de procurar alternativas que nos libertem de substâncias tóxicas e que potenciem o bem-estar da casa e da família. E isso é algo que podemos obter através dos óleos naturais [componentes aromáticas presentes em diversas partes das plantas]. Existem vários, mas destacam-se dez: Limão [alcaliniza, ajuda na limpeza de superfícies], Lavanda [acalma], Peppermint [ajuda a acordar, a arrefecer], Air/Breathe [é uma mistura de óleos, indicado para problemas respiratórios], Zengest [aparelho digestivo], Melaleuca [antifúngico, sistema imunitário], Frankincense [regeneração celular, ajuda na meditação], Oregano [anti-inflamatório], On Guard [mistura de óleos, que funciona como antibacteriano, combate gripes e constipações] e o Deep Blue [exclusivo para massagens, aliviando dores musculares]. Estes óleos podem, portanto, ter várias utilizações e há três formas de os administrar: aromática, tópica e interna. Desta maneira, afastamo-nos de uma abordagem moderna, que só sem preocupa em eliminar os sintomas, e aproximamo-nos de uma abordagem natural, que vai à raiz do problema.

Biodescodificação: Jorge Malheiro procurou explicar o mecanismo por trás das «doenças». Sustentando-se na Nova Medicina Alemã, que consiste nas cinco leis biológicas de Dr. Hamer, mostrou-nos que tudo se desenvolve por um conflito interno e não por fatores externos - como a alimentação, a exposição solar, entre outros. Nunca tinha tido conhecimento deste ponto de vista, confesso, mas foi realmente surpreendente perceber a sua mensagem e desconstruir algumas teorias. Inicialmente, parece surreal, por ser tão antagónico ao que estamos acostumados a ouvir. Porém, senti que tem fundamentos fascinantes. E, certamente, estarei atenta a determinados sintomas. A título de exemplo, para os destros [nos canhotos inverte], todas as dores no lado esquerdo estão relacionadas com o pai e com o trabalho, enquanto as do lado direito dizem respeito à mãe e à casa; quando existe desvalorização - pessoal ou por parte de terceiros -, desencadeia-se um problema de ossos; um conflito de pele corresponde a um conflito de separação e o acne está relacionado com um conflito de imagem. Agora, naturalmente, é importante compreender que depende muito das pessoas e da forma como encaram as situações. Para contextualizar, as cinco leis são as seguintes: Lei Férrea do Cancro [dividida em primeiro critério, segundo critério, terceiro critério e lateralidade], Lei das duas fases [fase fria, que corresponde ao conflito, e fase quente/fase da cura, que corresponde à resolução], Sistema Ontogenético [correlação entre a psique, o cérebro e o órgão afetado], Papel dos micróbios e a Quintaessência. De acordo com esta perspetiva, não existem doenças propriamente ditas, mas antes «mecanismos biológicos de defesa que entram em funcionamento em determinadas alturas, dependendo do conflito».

Eco Life Experience: Sofia Fonseca sempre foi ligada ao meio ambiente. E por ser uma pessoa de causas, procura «viver de uma forma mais sustentável e consciente, com profundo respeito e equilíbrio com a Natureza e a Biodiversidade». A mudança mais significativa ocorreu após a sua viagem, de mochila às costas, à Venezuela. Porque, apesar de todo o contacto com a natureza, começou a ter noção de todo o lixo visível. Portanto, estava na hora de agir e de implementar alterações progressivas e menos abrasivas. É que, por muito que o queiramos, as coisas não são permanentes, muito menos se insistirmos em não cuidar delas. Assim, desenvolveu um projeto - Eco Life Experience - que estabelece uma ponte entre as pessoas que pretendem mudar o seu estilo de vida, regressando às origens, à Terra, e aquelas que já vivem de uma maneira mais ecológica, sobretudo, em Eco Aldeias. Esta experiência de reconexão pode ser feita através de Artes & Ofícios, Terapias, Voluntariado, Caminhas, Yoga & Meditação, Sharing day, e Retiros. Para uma transição em pleno, que implica a aceitação nas Eco Aldeias, é preciso cumprir certos requisitos, porque a comunidade tem que estar em simbiose e ter noção do que essa mudança implica. O processo de integração dura, no mínimo, um ano e, dependendo do projeto, pode ter características mais particulares. Mesmo que só se queira fazer uma visita, também há aspetos a considerar.

Biologia Emocional, Saúde & Prosperidade: Carla Louro, enquanto oradora, partilhou o seu traço de entusiasmo pelas suas áreas de estudo, o que, pessoalmente, me agradou e me deixou mais predisposta para embarcar no tema. Em primeiro lugar, contextualizou os princípios da Epigenética [estudo da expressão genética sob a influência dos sinais informativos emergentes do micro e do macro ambiente, em que o fenótipo muda e o genótipo permanece igual] e avançou para questões que elucidam quanto ao facto de tudo no universo ser energia e de ser o meio ambiente, e não os genes, a controlar a Biologia. Além disso, abordou o triângulo mágico [ser-fazer-ter], a assinatura vibracional [fruto dos nossos pensamentos, das nossas ações, das nossas emoções], a coerência, a congruência e as leis do universo, concentrando-se, particularmente, em duas: na Lei da Criação [tudo se cria duas vezes e a primeira é na mente] e na Lei da Vibração [atraímos o que somos, não o que queremos]. No final, houve tempo para um pequeno exercício de meditação.

O Impacto da Psicologia Positiva no Contexto do Nosso Dia-a-dia: Susana Silva teve uma interação bastante próxima com o público e criou um momento teórico-prático, se assim o pudermos definir. A palestra começou com um breve exercício de reconhecimento, para evidenciar uma postura muito comum: tendemos a focar-nos somente no problema/na questão e deixamos de observar o que nos rodeia e, consequentemente, de procurar soluções. Em simultâneo, também comprovou que o tipo de pergunta realizada pode obrigar-nos a focar mais num determinado problema ou dor. Por essa razão, foi importante estabelecer a diferença entre Psicologia Tradicional [que se centra, sobretudo, na dor emocional, na doença mental] e Psicologia Positiva [que se centra na felicidade, no bem-estar do indivíduo, oferecendo-lhe ferramentas que o permitam prosperar]. Segundo Martim Seligman, há cinco passos para a felicidade: Emoções positivas, Envolvimento/entrega/compromisso, Relações positivas, Sentido na vida e Realização. E todos eles implicam conhecer os nossos limites e ter noção de conceitos como a resiliência; e alertam-nos para o facto de que não devemos ter vergonha de pedir ajuda. Temos, sim, que agir, mas com um plano de tempo, para não adiarmos a nossa saúde e a nossa sanidade.

A Comunicação como Meio para o Autoconhecimento: António Pedro Martins iniciou a palestra com a leitura de um poema sobre a paz, uma vez que o seu objetivo era abordar a Comunicação Não Violenta [desenvolvida por Marshall Rosenberg], que se baseia em três pilares: Empatia, Expressão honesta e Gratidão. E que se sustenta em quatro componentes: Observações [≠ Julgamentos], Sentimentos [≠ Pensamentos], Necessidades [≠ Estratégias] e Pedidos [≠ Exigências]. As palavras têm impacto, porque aquilo que expressamos «pode originar discussões violentas». E é crucial perceber que «a forma como comunicamos com os outros traduz o nosso diálogo interno». Uma ideia interessante é que as palavras podem ser muros ou podem ser janelas, dependendo da utilização que lhes atribuímos. O ser humano tem uma capacidade inata para contribuir para o bem-estar dos seus pares e quando entender que todos partilham as mesmas necessidades, então, parará de agredir o outro.

Foi, sem qualquer dúvida, um evento inspirador, que me permitiu refletir acerca de algumas temáticas menos presentes na minha realidade, ainda que procure mudar hábitos e agir com maior consciência. Regressei a casa com uma bagagem cheia de aprendizagens!

Foram à Feira Alternativa? Se sim, estiveram na de Lisboa ou na do Porto?