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Fotografia da minha autoria

«Sei que tenho os meus monstros, mas continuo a caminhar»

Três da manhã. E estão de volta os meus fantasmas. Embalam-me o corpo e eu dou voltas na cama, mas não adormeço, porque querem-me acordada. A deslindar cada fragmento. A criar mil cenários hipotéticos e psicóticos, quase como se abraçasse um surto de demência. E as minhas memórias tornam-se negras: pela falta de luz na rua, no quarto, em mim - sobretudo, em mim.

[Vivo às escuras

Quando os pesadelos atacam

São as minhas armas

Para conquistar um lugar

Ilusório de pertença]

Às três da manhã, são os meus monstros que se apoderam da minha tranquilidade. E, perturbando-me o sono, afligem-me o peito. Deixo de ser quem sou, para me transformar num fio frágil de existência. Porque os sons ficam mais intensos. Misteriosos. Assustadores. E, ainda assim, permaneço imóvel, sem qualquer plano de fuga. Sinto-me, portanto, insegura. Indefesa. Claustrofóbica. Quanto mais luto, mais me sinto a afundar. E eu não sei nadar. É uma angústia. Um desalento. Por continuar nesta ansiedade, sem calma aparente onde me possa socorrer.

[Tentas ir em frente

Respiras fundo

E descompensada

Já falta pouco para amanhã

E mantenho-te refém

Presa em assombrações]

Permaneço em insónia profunda, à espera que ataquem os monstros camuflados em mim. E sem forças para sossegar, desisto de me abstrair. Aguardo o pior, de olhar fixo numa mancha vaga que cobre o teto. Inspiro, vasculhando uma réstia de vontade de seguir. Porque pior que os meus medos é a clara ausência de coragem. Oxalá o dia clareie. E me traga paz. Porque, às três da madrugada, tudo me falta.