Identidade Cruzada #7
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Fotografia da minha autoria |
«Obsessão é uma paixão negativa»
O meu casamento está a ruir, mas preservo um trunfo: o filho que carrego no ventre. Quanto souberes da novidade, acredito, não terás coragem para abandonar esta casa, nem para desistires de mim. Porque o sonho de teres um descendente corre-te na alma, há anos. Além disso, não estou preparada para te perder, mesmo que digas que já não me amas e, pior, que já não me olhas com respeito. Argumentas que enlouqueci. E que vivo numa bolha de obsessão. Discordamos: só faço o que tenho ao meu alcance para que não vás embora.
Magoa-me, claro, ouvir o desprezo na tua voz. Mas um filho irá mudar tudo aquilo que temos vivido. Estamos a precisar dessa dádiva. E sei que, por ele, vais acabar por reconsiderar. Afinal, é um elo que nos ligará para sempre. E mais vale fazer o esforço de continuarmos juntos, do que destruirmos o lar de uma criança inocente - que abraçarei com todo o amor e que chegará para nos reaproximar; para nos relembrar de como começou a nossa história encantada. Já só imagino o momento em que, dentro destas quatro paredes, serena, te observarei com o nosso tesouro - menina ou menino - nos braços, cantarolando temas inusitados, que só tu pareces saber de cor, transformando-os em poesia. Meu bem, não vês o erro que seria deixares-me?
Confio que não o irás fazer. Há uma crença no meu peito. Caso não seja por amor, será pelos teus valores vincados. Conformo-me com o que te mova, porque o nosso presente está longe de ter um fim. Não pode ter! Ainda para mais agora, que tenho algo para te prender a mim, eternamente. E quando voltares - e eu te mostrar o teste -, os teus olhos refletirão lágrimas de felicidade. Seremos plenos. E recuperarei o traço emocional da nossa relação. Só peço que não te demores, não tens ideia do que te espera. Mas eu perdoo todos os teus devaneios, todas as vezes em que, de cabeça perdida, afirmaste odiar-me; todas as ocasiões em que te limitaste a dar-me prazer, sem qualquer sentimento associado. Foi numa dessas noites desapaixonadas que concebemos o nosso futuro. Num golpe de mestre, consegui que assinasses a tua sentença. E que belo será o que o destino nos reserva.
Ouço as chaves na porta. Estou nas nuvens. E já não consigo aguardar mais pela tua reação, por isso, corro até ti. Permanecerás meu, aqui, neste casamento que recomeça agora - e do qual não conseguirás fugir.
[Lara, 27 anos, em plena obsessão]
Um filho não salva uma união...
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Estou absolutamente de acordo, Isa Sá!!!
EliminarMuitas mulheres cometem o erro de agarram os homens com uma criança e pagam bem caro essa idiotice.
Aqui é mais uma impressionante história da nossa talentosa amiga, infelizmente, há casos destes vida real que resultam torto.
Pode transmitir essa ilusão, mas quando as ligações estão quebradas de base, nada altera isso.
EliminarInfelizmente, é bem verdade, Ematejoca. Vão à procura de recuperar algo que se perdeu, mas fazem-no da pior forma. E, depois, quem sofre é quem menos tem culpa
EliminarOlá Andreia
ResponderEliminarPois o filho pode salvar a relação algum tempo, mas não todo o tempo.
Xoxo
marisasclosetblog.com
Exato, porque o problema é muito mais profundo. Perdeu-se uma ligação e quebrou-se a base da relação
EliminarGostei um belo texto minha amiga, aproveito para desejar uma boa semana.
ResponderEliminarAndarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Muito obrigada!
EliminarBoa semana, Francisco
A Lara nem saberá o que lhe espera... Não acredito que ele lhe disse-se o queria ouvir...
ResponderEliminarA espiral de obsessão é tão profunda, que o discernimento deixou de ser claro. Possivelmente, mais tarde, poderei escrever o lado dele - e também acho que isso não acontecerá
EliminarGostei do texto, faz-nos pensar naquilo que podemos pensar mas que na realidade é bem diferente. Quando a minha relação estava menos bem, um dia um amigo meu disse-me "façam um filho que essas discussões acabam" e eu só pensei que ele só podia estar louco!!! Beijinhos*
ResponderEliminarMuito obrigada!
EliminarAcredito que antes de avançar para uma decisão dessas, há aspetos que precisam de ser conversados. Há arestas a limar. E é preciso que o casal esteja em sintonia. Porque, caso contrário, os problemas continuarão a existir. E é a criança que vai acabar por sofrer
Depois de ler os outros comentários, compreendi que, FELIZMENTE, as tuas outras leitoras também pensam inteligentemente.
ResponderEliminarA tua fotografia é fantástica!!!
Não é para me gabar, mas tenho mesmo! E já tinha descoberto isso há muito tempo :D
EliminarDepois de ler os outros comentários, compreendi que, FELIZMENTE, as tuas outras leitoras também pensam inteligentemente.
ResponderEliminarA tua fotografia é fantástica!!!
P.S. Muito obrigada!
EliminarAs portas do Porto dão ótimas fotografias *-*
Todas sabemos que um filho não une casal nenhum mas continuamos a ter casos destes, muitos até. Adorei.
ResponderEliminarMaggie
Infelizmente, é bem verdade. Sinto que há pessoas que procuram um milagre, depositando toda essa esperança num filho, mas esquecem-se que precisam de trabalhar muitas questões antes :/
EliminarMuito obrigada!
Um filho não salva uma união mas pode torná-la mais forte❤️
ResponderEliminarMuito obrigada minha querida, por começares a semana com um texto tão bonito ❤️
Beijinhos
https://matildeferreira.co.uk
Sim, pode, quando a base da relação não está comprometida. Quando já não há respeito, nem amor, ter um filho para prender o companheiro só adia o inevitável. E, aí, os danos podem ser ainda mais graves :/
EliminarObrigada, minha querida ❤️
Gostava muito de saber o resto da história...
ResponderEliminarFilha de pais divorciados acredito plenamente que oa filhos são mais felizes com pais separados do que presos num casamento infeliz.
Claramente a Lara não sabe o que isso é e não sabe que não se pode forçar algo que não está lá, nem mesmo com um filho.
É provável que, mais tarde, escreva a versão dele :)
EliminarClaro que falo sem conhecimento de causa, mas também sinto o mesmo. Porque deve ser angustiante viver num ambiente em que se percebe que os pais não se amam e, pior, que já não se respeitam.
Quantas Laras não existirão por aí, infelizmente
Gostava muito de ouvir a versão dele.
EliminarNão garanto que seja a próxima, mas, certamente, trabalharei nesta Identidade :)
EliminarOh acho que vai depender muito, mas há casos que sim, outros nem por isso
ResponderEliminarBeijinhos
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Posso estar a ser extrema, mas acho que ter um filho só para prender o companheiro não é saudável, para nenhuma das partes
EliminarArrepios com este texto! Só o que tenho a dizer. Mentes obsessivas são muito difíceis de entender e fáceis de julgar. É necessário que sejam acompanhadas com atenção e empatia para que não se fechem cada vez mais nas suas ilusões e esqueçam que a realidade por norma não corresponde.
ResponderEliminarMuito obrigada pelo retorno!
EliminarSim, concordo, é necessário acompanhar atentamente, para compreender a origem do problema e ajudar com pertinência. Porque, claramente, uma pessoa como a Lara não está bem. E pode fazer mal a si e aos outros
Até me deixou com calafrios... e nem de propósito com um dos meus posts recentes?
ResponderEliminarBeijinhos,
O meu reino da noite
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Quando li o teu texto, lembrei-me logo desta Identidade Cruzada!
EliminarÉ uma realidade extremamente delicada :/
que texto forte, tbm acredito que filhos nao sao capazes de salvar uma relação por mt tempo nao...
ResponderEliminarwww.tofucolorido.com.br
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Obrigada pelo retorno!
EliminarTambém acredito que não, porque os problemas são muito mais profundos
Uma séria candidata a "mãe solteira"...
ResponderEliminarMuito provavelmente! Ou, então, durante um tempo ainda passa pela experiência de ter uma família junta. No entanto, isso só adiará o inevitável
EliminarQuando o amor não é mútuo não é amor e não é um filho que muda essa forma de sentir o amor. Mais uma excelente história =)
ResponderEliminarBeijinho grande!
É isso mesmo, minha querida. Não diria melhor!
EliminarMuito obrigada ❤️
Conheço casos de mulheres que pensavam desta forma que tão habilmente descreveste na história. Hoje em dia têm os filhos mas estão separadas. Ter um filho é algo em que o casal tem que concordar. Se não for assim pode destruir qualquer relação. Cheira-me que a Lara se vai desiludir!
ResponderEliminarMuito obrigada!
EliminarAcredito que a separação seja extremamente dolorosa, sobretudo, quando imaginamos o nosso futuro com aquela pessoa. Mas a verdade é que não é um filho que vai remendar o que está quebrado na base. Porque, lá está, é como tu referes: o casal tem que concordar e têm que estar confiantes com a relação.
Ainda não escrevi a Identidade Cruzada dele, mas sinto o mesmo!
Será que esse filho ou filha,
ResponderEliminara essa união deu continuidade
fortalecendo-a com mais alegria
confiante no amor e na felicidade?
Bom Carnaval Andreia.
Ainda não lhe dei continuação, mas acho pouco provável
EliminarObrigada e igualmente!
Até pode haver um esforço no início, mas um filho não vai salvar nada...
ResponderEliminarSinto o mesmo, porque a rutura é muito mais profunda. E quem acabará por sofrer com esta ilusão será, precisamente, a criança
Eliminarr: Muito obrigada linda, boa semana ❤️
ResponderEliminarObrigada e igualmente, minha querida ❤️
EliminarObsessão por algo, por alguém não é bom! e um filho não salva casamento.
ResponderEliminarBeijinho linda.
Não podia estar mais de acordo contigo, minha querida!
EliminarBeijinho grande
Oi, Andreia, boa noite!!
ResponderEliminarUm texto forte, que mostra com clareza o que tanta mulher faz, na maioria das vezes de forma inconfessa. Não há como dizer qual forma de obsessão, masculina ou feminina, é mais maléfica. A masculina é virulenta, cruel, muitas vezes criminosa contra a mulher. E, entre outras, essa forma da obsessão feminina expõe uma vida inocente.
A obsessão é um desejo tão insano quanto paradoxal, porque, quanto menos opressão um relacionamento tenha, alguma chance poderá existir de conquista; no caminho inverso, quanto maiores os truques, os golpes e a opressão empregados como meio de 'conquista', maior o desgosto que se aprofunda no coração de que se esperava amor.
Um abraço carinhoso
Ângelo Feinhardt, Fe
Muito obrigada!
EliminarSinto que, independentemente do género, qualquer forma de obsessão é maléfica, porque demonstra um lado negro da nossa personalidade e porque contribui para um desgaste das relações. No entanto, também é preciso acompanhar estes casos com atenção, porque chegado a este nível, penso, é sinal de que a pessoa não está bem e é importante não a desamparar
Beautiful story!! Kid can save relation but it has to be Love not only responsibility of kid.
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Muito obrigada! Acredito que um filho pode fortalecer a relação quando esta não está quebrada na base
EliminarSe a relação estiver bastante quebrada, não acho que um filho vá salvar!
ResponderEliminarMas ainda há muitas pessoas que acham que um filho salva um casamento, e acho que por vezes engravidam nesse sentido, e não pensam que se calhar a criança vai sofrer nesse meio.
Partilho da tua opinião!
EliminarCompreendo que a separação seja difícil, mas incutir uma responsabilidade nessas numa criança não é justo. Além de que, infelizmente, acabará por sofrer com isso
Infelizmente, ainda há muitas pessoas que pensam que um filho salva uma relação amorosa. Noutros tempos, sim, as pessoas ficavam juntas, porque "ficava bem" e não desgraçavam o nome de família, mas não significava que a relação teria renascido. Hoje, estamos num século em que nada disso faz sentido. Pelo menos, na minha perspectiva.
ResponderEliminarGostei bastante do texto!
Era uma questão de conveniência; era mais vergonha de ver o seu nome manchado que outra coisa. Felizmente, os tempos mudaram. Mas há mentalidades que continuam bem presentes
EliminarInfelizmente muitas mulheres usam esse facto para salvar o casamento, mas no fim todos saem a perder.
ResponderEliminarConcordo contigo!
EliminarBeijinhos
Uau.. belo texto!
ResponderEliminarRealidades assustadoras que nao devemos ignorar nem podemos fingir que não existem. Esta Laura pode ser uma irma, uma amiga, uma vizinha, um familiar, um estranho que cruzemos na rua.
Muito obrigada *-*
EliminarPrecisamente, temos que estar atentos, porque, infelizmente, não faltam "Lauras"
Lara em plena obsessão... e em plena ilusão...
ResponderEliminarMas adorei o texto!... Não havendo amor... também não são os filhos, o instrumento que salvará qualquer casamento... mas ainda haverá muita gente, com esse tipo de pensamento...
Beijinho
Ana
Muito obrigada!
EliminarNão diria melhor, até porque acho que um filho só fortalece um casamento quando a relação do casal é sólida
Infelizmente, sim
Mais um texto de elevada intensidade. É tão triste quando as pessoas se perdem desta forma, quando se iludem e vivem na obsessão de que um filho será a salvação. Não acredito nisso, pois quando o amor e o respeito já não caminham de mãos dadas, algo se perdeu há muito.
ResponderEliminarE o pior, é que, a maior parte das vezes, é quem trazem ao mundo que mais sofre com isso. As consequências podem ser tão devastadoras.
Obrigada, minha querida ♥
EliminarMostra-nos um lado pouco humano das pessoas. Acredito que seja extremamente doloroso lidar com uma separação, mas depositar esperanças num filho para salvar um casamento é atribuir um peso gigante à criança. Não faz sentido, até porque, infelizmente, como tão bem mencionaste, vai ser ela a principal prejudicada
Bem... está forte e real! Infelizmente há situações assim, mas que, inevitavelmente não acabam bem. E a criança acaba por sofrer muito também!
ResponderEliminarMuito obrigada ♥
EliminarInfelizmente, não é uma realidade assim tão distante e isso assusta. Pois é, é a criança que acaba por sofrer