Moleskine | O Melhor de Março

Fotografia da minha autoria

«A vida é feita de momentos colecionáveis»

Março gritou saudade. No mês de aniversário da minha avó materna - que é mais uma estrela no meu céu -, deixei-me invadir por uma onda de melancolia. Mas também sacudi esta possível apatia e revesti o coração de luz. Abri uma nova gaveta e fui bastante acarinhada. Embarquei numa viagem virtual, descobrindo um destino que não estava na minha lista de preferências. Custou-me não ter ido ver Lugar Estranho [Diogo Faro] e Depois do Medo [Bruno Nogueira]. Adquiri bilhetes para dois outros espetáculos. E aproveitei a campanha da Wook, para celebrar o dia da Mulher, e colori a minha estante com novas obras literárias. Num traço sereno, mas com memórias que não esquecerei, este terceiro capítulo recheou a minha vida com novos detalhes inspiradores.

Storyteller Dice | O Projeto: Quando encontrei estes dados para contar histórias, senti logo vontade de criar uma iniciativa que me desafiasse ao nível de escrita e de criatividade; e que pudesse englobar participantes - bloggers ou não. Fiquei mesmo feliz pela aceitação e pelo interesse de algumas pessoas, que se mostraram entusiasmadas para enveredar nesta aventura. O primeiro tema já saiu e as partilhas, tão distintas entre si, encheram-me o coração. Que continuemos a crescer juntos!

Porto nos quartos de final: A permanência na Liga dos Campeões parecia bastante difícil, mas é nas horas de maior pressão que a mística deste clube tem um impacto acrescido, porque há uma força de acreditar diferente. Há uns anos, escrevi que é quando nos julgam adormecidos que nós mostramos a nossa essência. Comprovou-se, Guerreiros!

Regressar ao Jardim das Camélias: Desta vez, com as flores em destaque, num manto de camélias coloridas, distintas e de uma beleza singular. Este local tem um encanto particular, mas não vou desenvolver muito, até porque abril traz novidades.

Jantar com a Gémea: A nossa disponibilidade esteve um pouco desencontrada desde que a minha melhor amiga regressou de missão. No entanto, março foi generoso e proporcionou-nos este reencontro maravilhoso. Foi na troca de um abraço demorado que compreendi o quanto as saudades eram infinitas. E, tal como acontece sempre, imperou a certeza de que nunca estivemos distantes. Sou uma sortuda por a ter na minha vida. Além disso, acredito que é desta que vamos dar asas a um projeto que tem ficado em suspenso.

Orgulho e Preconceito // Jane Austen: Esta narrativa tem uma crítica social clara. Através da ironia e da sátira, expõem-se a ganância, a ociosidade, a conveniência, o jogo de interesses, a hipocrisia. Num plano oposto, partilha também o peso dos sentimentos, a fragilidade humana e o papel da mulher - e os parâmetros a que tem que corresponder [Uma Dúzia de Livros // Março].

O Diário de Anne Frank: No mês que se exalta o género feminino, mergulhei na história de uma menina que não pode tornar-se adulta, uma vez que lhe foi negado esse acesso; uma vez que lhe veteram o direito a uma vida em liberdade [The Bibliophile Club // Março].

Filhos do Abandono // Torey Hayden: Regressei a uma das autoras que mais me inspira. E fiquei a conhecer a história difícil de duas crianças e uma idosa. O trabalho que Torey desenvolve é surpreendente, de máxima importância e desarma-nos. Porque não há filtro na sua partilha. Há, sim, muita verdade. E muito amor por aquilo que faz - e pelas pessoas com quem se cruza, dando-lhes sempre o melhor de si.

O Livro da Tila // Matilde Rosa Araújo: Este tempo primaveril fez-me escolher um livro leve, que me permitisse libertar da intensidade do anterior. Assim, optei por um exemplar que explorei durante a minha licenciatura. Em poesia, existe um mundo por descobrir.

Paula // Isabel Allende: É um testemunho desconcertante, até pela sua base verídica. O poder da escrita e o amor profundo deixaram-me sem palavras para descrever tudo o que senti ao abraçar esta história. Por mais que tente, sei que estou longe de partilhar na integra a dor que a autora sentiu, mas consigo imaginar um pouco desse sufoco, uma vez que perder alguém que nos é tanto nunca pode ser fácil. Apesar de tudo, conseguiu transmitir recordações muito bonitas.

Absentia: A segunda temporada regressou esta semana, mais concretamente, na terça-feira. E o primeiro episódio deixou-me agarrada ao ecrã. Se esta série já era surpreendente, sinto, agora, que ainda não vimos nada. A tensão e o mistério são quase palpáveis. E é impossível não destacar a interpretação genial de Stana Katic, que dá vida a Emily Byrne - personagem principal da ação.

Ruth & Alex: Cruzei-me com este filme por acaso, mas ainda bem que decidi ver, porque tem um argumento encantador, apesar de não estar isento de contratempos, angústias e hesitações. Mudar de casa não é um processo simples, sobretudo, quando há tantas memórias na bagagem, mas revela muito daquilo que somos enquanto seres individuais e enquanto parte de um casal. Ruth e Alex partilham 40 anos de vida em comum. E a sua relação é um dos exemplos mais bonitos do que é o amor.

TBC | As Mulheres da Minha Vida: Sem qualquer desprimor pelos homens da minha fortaleza, porque são um exemplo máximo, a verdade é que cresci - e continuo a crescer - no meio de mulheres excecionais, que me ensinaram a ser sem restrições, a olhar os outros como iguais e a preservar apenas o essencial - em casa e na alma.

Storyteller Dice // O Chapéu: O baú de madeira era a minha parte favorita da casa. Lá dentro havia um mundo inesgotável de faz-de-conta. E, todas as tardes, perdiamo-nos na sua imensidão.

Vou Ali e Venho Já // Tóquio: Parti sem roteiro definido e sem saber bem o que esperar, mas este despojo de expectativas proporcionou-me uma travessia maravilhosa e quase familiar, ao ponto de, inconscientemente, me sentir a chegar à Circunvalação. Deambulei por espaços contrastantes, onde a identidade de Tóquio se divide em inúmeras camadas, possibilitando a descoberta de traços mais delicados, porém, sem perder a sua característica exótica.

#NÃOÉNORMAL: A consciência cívica fez crescer o movimento #NÃOÉNORMAL. Porque esta luta não é [só] do Diogo Faro, nem minha, nem das milhares de mulheres que sofrem sozinhas: é de todos. E mesmo que soe a lugar comum, é juntos que podemos fazer a diferença. Portanto, vamos fazer barulho. Vamos quebrar muros e terminar esta guerra que nos divide. Precisamos de cuidar mais uns dos outros. E isso só será possível quando estivermos em sintonia. Que seja agora.

Gira-discos | Panic! At The Disco: O meu traço saudosista leva-me a embarcar em viagens muito distintas. E é bastante frequente requisitar um bilhete musical que me faça regressar a temas, cantores e bandas que tiveram impacto em grande parte do meu percurso. Um dos grupos que mais marcou a minha adolescência foi Panic! At The Disco. E reencontrei-os com o álbum Pray For The Wicked.

DeGema: Ao Porto não faltam opções gastronómicas. O difícil é escolher. Porém, após algumas hesitações e conversa, o jantar de reencontro com a minha melhor amiga aconteceu no DeGema. Sempre que passo por lá, a fila é extensa. Desta vez, como chegamos relativamente cedo, conseguimos mesa sem dificuldade. O espaço não é grande, mas é agradável e a decoração é bastante original. O atendimento foi irrepreensível e os hambúrgueres que pedimos estavam deliciosos. Optei pelo de salmão - Traz Água no Bico - e não podia ter ficado mais satisfeita. Ficou prometido um regresso.

Spirito: Um bom jantar não pode terminar sem uma sobremesa. Por isso, fomos até à Spirito e não resistimos ao Cheesecake. A montra é sempre apetitosa. E o espaço preserva um aconchego especial.

Bibó Porto: Francesinha é uma das minhas comidas favoritas. E andava há meses para conseguir ir comer uma no Bibó Porto. Para além de serem deliciosas - e, para mim, uma das melhores -, a equipa é extraordinária. A confeção e o sabor da comida são, naturalmente, prioritários, mas de nada adianta essa qualidade se o atendimento for péssimo. Neste restaurante conquistam pontos máximos em tudo. E eu faço por voltar sempre que é possível.

Observador // Luís Franco-Bastos: É sempre gratificante ler entrevistas de artistas que admiramos. E o Luís Franco-Bastos é um dos meus humoristas favoritos, não só no que diz respeito ao lado profissional, mas também no que se relaciona com a sua visão do mundo.

#NÃOÉNORMAL, o movimento que não é meu: Sinto, cada vez mais, que as pessoas, quando querem, arranjam sempre maneira de implicar e de distorcer o propósito dos outros. E isso verificou-me nas críticas em relação à iniciativa que surgiu graças ao Diogo Faro. E eu acho isso lamentável, porque o objetivo nunca foi promover-se, mas, sim, dar mais um passo em direção à mudança. Porque, atualmente, ainda é necessário lutar pela igualdade de género e pela não culpabilização da vítima. Num contraponto, o humorista escreveu um artigo que deve ser lido - e interiorizado.

Storyteller Dices: Inicialmente, adquiri os dados para contar histórias. Mais tarde, regressei à Flying Tiger e não resisti aos dados de contos de fadas. A minha escrita agradece!

Estar Alerta // Com Amor, Cat: A Catarina escreveu uma publicação de máxima relevância, pois apela à nossa empatia e à nossa capacidade de olhar mais para e pelos outros. Porque as doenças mentais não são uma brincadeira, não as podemos desvalorizar.

Sofia and Baby | Sobre essa coisa chamada «expectativa» // Crónicas de Salto Alto: A Sofia é sempre pertinente nas suas reflexões. E nesta publicação passa-nos um testemunho cru e real acerca dos conselhos que os outros nos tentam impor quando somos mães, como se todas as crianças fossem iguais. Não deixem de ler. E de compreender que tudo o que dizemos e fazemos pode influenciar negativamente a quem nos dirigimos. Precisamos mesmo de ser mais conscientes.

A playlist de março ficou bem composta, priorizando a versatilidade de estilos que me define e que me inspira. E se, por um lado, trouxe os mesmos artistas de sempre, é certo que, por outro, proporcionou-me reaproximações. E, à semelhança do que aconteceu em fevereiro, não fica apenas marcado por temas soltos, pois conta, igualmente, com álbuns fantásticos.

Faixas: O primeiro dia do mês brindou-me com o poderoso Meu Deus, de Plutónio, e com o carismático Contigo, que resultou da parceria entre Jimmy P e Carolina Deslandes. A celebrar 20 anos de carreira, os Expensive Soul lançaram Amar é Que é Preciso. ProfJam tem álbum novo e houve duas músicas que me conquistaram, sendo elas À Vontade e Tou Bem [ft Lhast]. NÓS2 [Bispo & Deezy], Preach [John Legend], I'm so tired [Lauv & Troye Sivan] e Wow [Post Malone] também foram uma companhia constante. Khalid, por seu lado, tem desvendado fragmentos de Free Spirit e tanto a My Bad como a Self deixam antever um trabalho fabuloso. Anda Estragar-me Os Planos [Salvador Sobral], Já não sei quem sou [Via & Miguel Araújo], Inverno de 2003 [Ivo Lucas] e Bairro [Wet Bed Gang] são muito diferentes entre si, mas arrebataram-me em igual medida. Isaura surpreendeu com Liga-Desliga [e que bem que soa a cantar em português]. Tiago Braga voltou a superar-se com Dois a Perder. Reencontrei-me com Mario e fiquei encantada com o seu single mais recente, Care For You. Cláudia Pascoal disponibilizou Ter e Não Ter. E concluí esta lista com Perdoa, do duo Anavitória.

Álbuns: Pray For The Wicked, dos incríveis Panic! At The Disco, foi lançado em 2018, mas só entrou na minha vida este mês. Que descoberta! Branko apresentou Nosso e a sonoridade contagiante e dançável não mais me largou. Os Capitão Fausto regressaram com A Invenção do Dia Claro e não duvido que seja um dos discos do ano. Rodrigo Guedes de Carvalho estreou-se na música, enquanto compositor, e encontrou em Isabelinha a voz para as suas histórias. Finalmente é o culminar de «uma viagem adiada», que ganhou vida. Por fim, acabado de chegar, Salvador Sobral apresentou Paris, Lisboa, que integra uma mistura de idiomas e melodias e uma identidade cativante.

Erro Crasso T5 Ep2: Nenhum episódio é igual, mesmo que se possam repetir jogos. O convidado foi Mishlawi e assistimos a uma dinâmica mais intimista e familiar, até porque estavam entre amigos. E essa sensação é percetível. Sendo uma admiradora confessa deste projeto - e do trabalho que os três intervenientes desenvolvem -, este já se tornou um dos meus momentos favoritos do programa. E, claro, tenho que destacar o pleno no Fazer a Ronda e a épica batalha de autotune.

Roda Bota Fora #8: O formato deste espetáculo humorístico é original. E o lado imprevisível aumenta pela presença de um convidado especial. No oitavo episódio, foi Janeiro a subir a palco e, como mencionou Pedro Sousa, foi o detentor da melhor piada sobre bolachas.

Traz Cerveja Ep.23: Diogo Faro e Pedro Durão atualizaram o podcast. O que, por si só, deixou-me extremamente feliz. Porém, para melhorar, trouxeram a Bumba na Fofinha para uma conversa bem descontraída e engraçada, com várias memórias a serem exploradas. Precioso!

É nas alturas em que o nosso coração se sente mais debilitado que a dúvida se apodera do que pensamos. No entanto, sermos gratos ajuda-nos a priorizar e a valorizar tudo aquilo que nos acontece de melhor, além de ser uma fonte inesgotável de motivação. Por isso, neste mês de março, estou grata por...

... ter-me reencontrado com uma das minhas pessoas-luz.

... ter avançado com o Storyteller Dice, não só por ser um projeto que me entusiasma, mas também pelo retorno tão positivo.

... ver uma voz tão ativa na defesa da Igualdade de Género.