Sétima Arte | Bird Box
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Fotografia da minha autoria |
«Não abras os olhos. Há algo terrível lá fora»
A venda nos olhos - numa cegueira reversível - é uma metáfora interessante. E o seu significado camaleónico pode representar um ato de coragem, uma certa dose de irresponsabilidade ou, então, um mero desejo de sobrevivência. E um dos aspetos mais distintivos é, talvez, a noção de que qualquer uma dessas motivações consegue preservar a nossa sanidade, dependendo das circunstâncias e do quanto nos implicam. No fundo, é perceber qual a jogada mais inteligente que nos mantém em movimento. E no controlo das nossas faculdades mentais.
Bird Box é desenvolvido em duas linhas temporais: passado e presente. E a sua alternância é feita de forma orgânica, natural e sem quebras que nos distanciem do rumo da história. Apesar de carecer de algum contexto, no sentido em que não aprofunda a origem do ataque apocalíptico, sinto que se centrou em questões mais inquietantes, que nos transportam para o âmago do problema: quem somos e aquilo que somos em comunidade. Porque há muitos fatores que não somos capazes de controlar - por não termos capacidades para -, mas acabamos por negligenciar o que está ao nosso alcance. A visão exposta neste filme pode ser extrema, mas revela falhas estruturais da sociedade - e que se tornam muito mais evidentes em situações de alarme.
A cena inicial é crua, dura e intensa. E marcou o meu estado de espírito para a restante ação. Embora existam fragmentos mais leves, ternos e de humor - e sarcasmo -, é inegável o quanto ficamos em suspenso, uma vez que não prevemos o que acontece, nem em quem podemos confiar em pleno. Além disso, tem um caráter de «thriller silencioso», já que não visualizamos os monstros, mas sentimos a sua presença. E basta um deslize para nos perdermos para sempre. Portanto, o ambiente fica bem mais tenso através das emoções, de todas as sensações e da necessidade constante de decidir: como fazemos, por onde vamos, quem auxiliamos. E, na maior parte das ocasiões, é percetível o risco e o percurso movediço: pelo medo, pela falta de transparência, pela dependência, pela destruição do mundo como o conhecemos e pela estagnação - será que em algum momento deixaremos de estar presos a um lugar? Quando é que voltaremos a estar seguros?
Sem diminuir o restante grupo - com personagens interessantes, cujas histórias gostaria de ver mais detalhadas -, é a partir de Malorie [Sandra Bullock], dos seus pensamentos e angústias, que embarcamos numa viagem perigosa; numa viagem muito física, que ativa os nossos sentidos, mas também bastante introspetiva, a começar pelo facto de esta catástrofe "a obrigar a enfrentar o seu maior demónio interior: relacionar-se com os outros». E o impacto das ligações humanas tem um peso surpreendente. Transformador. E apaixonante! Porque, neste contexto de total descontrolo, é essencial aprender a ser para e pelo outro, não nos restringindo a nós e às nossas carências, ao mesmo tempo que nos permite compreender que não existimos sozinhos e que há privações que não acontecem apenas a terceiros.
O conceito do filme é, para mim, fabuloso. Porque divide-se em mensagens plurais, que nos confrontam com camadas inter e intrapessoais: a experiência da maternidade [que não é transversal a todas as mulheres, por impossibilidade ou por não ser um desejo], a dor da perda, o egoísmo vs a empatia, o lado humano [acima de toda a desconfiança], as fraquezas, o saber quebrar individualidades [porque entendemos que alcançamos mais por atuarmos em equipa, como pares] e a saúde mental - existe uma ameaçadora entidade que leva as pessoas a cometerem suicídio. Ultrapassando o cenário do filme, rapidamente associo esta componente à fragilidade da nossa saúde mental quando não a cuidamos e não a respeitamos. A desvalorização e menorização de determinados sinais pode ser fatal. Em paralelo, há uma ideia que deve ser tida em conta: observar o que nos rodeia não significa que absorvamos, fielmente, os factos. Porque «cada um de nós tem a sua própria lente», interpretando as situações de acordo com o seu ponto de vista. Portanto, nunca somos isentos e imparciais. E chega a uma altura em que fechamos os olhos para recuperar o controlo e para não permitir que certas realidades nos corrompam.
Bird Box é um argumento especial, com uma experiência social e humanitária complexa e profunda, onde os pássaros assumem um papel preponderante. Mas também transmite uma forte mensagem de esperança: o final é belo e reconfortante, deixando-nos com a certeza de que «o essencial é [mesmo] invisível aos olhos». Que filme maravilhoso!
Nunca vi, mas vou tomar nota!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Aconselho, está mesmo incrível!
EliminarTambém não vi mas fiquei curioso, aproveito para desejar a continuação de uma boa semana.
ResponderEliminarAndarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
A premissa é mesmo interessante! Adorei o argumento *-*
EliminarObrigada e igualmente
Não vi o filme completo, mas as cenas que vi gostei muito.
ResponderEliminarr: Concordo, para não falar que ficam muito menos enjoativos.
Vale a pena :)
EliminarSim, sem dúvida!
Adorei a tua análise do filme coração. Eu pessoalmente adorei-o e acho que a forma como aborda a maternidade foi mesmo incrível <3
ResponderEliminarTHE PINK ELEPHANT SHOE
Muito obrigada, meu bem ♥
EliminarConcordo contigo! A abordagem é mesmo especial
Como sabes eu adorei este filme e o teu review foi de encontro à minha opinião sobre este grande filme:)
ResponderEliminarBeijinhos
https://matildeferreira.co.uk
Sempre em sintonia :)
EliminarBeijinho grande ♥
Eu adorei o filme e ah fico mesmo contente com a tua review! Muita gente simplesmente compara este filme ao a quiet place quando nem tem nada a ver....
ResponderEliminarOh, tão bom ♥
EliminarQuiet Place nunca vi, mas também já apanhei comentários desses
Boa tarde. Gostei de ler-te:))
ResponderEliminarBjos
Votos de uma óptima Quarta - Feira
Muito obrigada! Fico contente *-*
EliminarNão vi o filme mas a tua crítica está fantástica. (acho que digo quase sempre o mesmo do que escreves mas é verdade.)
ResponderEliminarhttp://sonhamasrealiza.pt
Tão querida! Muito, muito obrigada *-*
Eliminara tua ideia para a foto está qualquer coisa :)
ResponderEliminarainda não tive tempo para ver o filme, mas está na minha lista para ver.
Muito obrigada *-*
EliminarQuando tiveres, recomendo, vale bem a pena!
Confesso que não conhecia mesmo a que falas-te
ResponderEliminarBeijinhos
Novo post //Intagram
Tem post novos todos os dias
Se tiveres curiosidade, aconselho o filme :)
EliminarNunca vi este filme mas já ouvi boas críticas =)
ResponderEliminarDeve ser poderosíssimo.
Beijinhos!
Conquistou-me completamente, acho que está incrível *-*
EliminarBeijinho grande
Ele é muito bom!
ResponderEliminarÓtimo post!
>>> https://blogjulianarabelo.wordpress.com/
É mesmo *-*
EliminarMuito obrigada!
Vi o filme ontem, e gostei muito! Já recomendei a vários amigos!
ResponderEliminarBjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram
Que bom, fico mesmo contente por ler isso *-*
EliminarAinda não vi este filme, com muita pena minha! Queria ler o livro que lhe deu origem primeiro, mas outros livros têm-lhe roubado o lugar. E ainda hoje, nem livro, nem filme! Mas acho que não devia adiar mais e ver, pelo menos, o filme, por agora :)
ResponderEliminarBeijinhos
Também quero muito ler o livro! Sinto que vou sentir a história com ainda mais intensidade *-*
EliminarAconselho, minha querida, vale muito a pena
r: Quando leres "O Tatuador de Auschwitz" tens de me contar o que achaste :)
ResponderEliminarQue livro da Lesley Pearse leste? Eu já li outros dela, mas nenhum me tocou no coração como este.
Claro que sim, fica combinado :)
EliminarDela só li És o meu Destino e gostei imenso!
Pelo que li é o meu género de filme, quem sabe não o vejo.
ResponderEliminarBeijinho linda.
Se vires, depois diz-me o que achaste :)
EliminarBeijinho grande, minha querida
Ainda não vi mas está na lista! Beijinhos*
ResponderEliminarVale a pena :)
EliminarCom a tua excelente descrição e opinião do filme, fiquei curiosa.
ResponderEliminarVou ver com certeza.
Beijinho
Muito obrigada *-*
EliminarRecomendo, é um filme fantástico! - na minha opinião, claro
Fiquei super curiosa para assistir depois de ler a sua intensa e fascinante resenha
ResponderEliminarbeijinhos
Muito obrigada! Sou suspeita, mas recomendo muito este filme :)
EliminarObrigado, meu doceee :D
ResponderEliminarDeixa que eu também não conhecia o filme... mas o conceito é, tal como dizes, realmente fabuloso!!!
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Instagram ∫ Facebook Official Page ∫ Miguel Gouveia / Blog Pieces Of Me :D
Aconselho muito a veres, meu bem, está incrível *-*
EliminarTenho de ver.
ResponderEliminarCom esta opinião, fiquei mesmo curiosa.
A fotografia está top.
Beijinhos
Oh, obrigada *-*
EliminarSou suspeita, mas vale muito a pena!
Não vi ainda mas quero muito ver!
ResponderEliminarEstá fabuloso!
EliminarJá ouvi falar muito deste filme, mas ainda não tive coragem para o ver ahah
ResponderEliminarr: Obrigada minha linda :)
Se tiveres oportunidade, recomendo, minha linda *-*
Eliminarobrigada, andreia, por, com isto, obrigares-me a ir ver sendo que estava a adiar e a adiar :)
ResponderEliminarr: vou ver o mishlawi no sábado!! eheheh ganhei bilhetes grátis!
Eu sou terrível :p ahahah
EliminarYeeeah! Que bom, minha querida, fico mesmo feliz por ti. Vais amar o concerto, tenho a certeza *-*
Tenho imensa curiosidade sobre este filme, com a Sandra Bullock, que ainda não se proporcionou ver...
ResponderEliminarBelíssima sugestão! Beijinhos
Ana
Aconselho, vale muito a pena *-*
EliminarEstava indecisa se via o filme ou não, mas depois de ler a tua opinião tive a certeza que tenho mesmo de ver.
ResponderEliminarSou suspeita, porque gostei imenso, mas vale a pena *-*
EliminarEstou dividida entre ver ou não o filme pois não faz de todo o meu género e assusto-me com facilidade nos filmes haha
ResponderEliminarhttps://aritateixeira.blogspot.com/
Há vários momentos de tensão, mas acredito que consigas ver com facilidade :)
EliminarEstou muito curiosa com este filme e esta tua review ainda me deixou mais!!!
ResponderEliminarVê, minha querida, acho que não te vais arrepender :)
EliminarJá ouvi falar... mas já me conheces... eu e a TV somos pouco amigas :P tento combater isso, mas acabo sempre por deixar para «outro dia»...
ResponderEliminarCom os filmes acontece-me o mesmo :o bem tento contornar, mas está difícil
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