Gira-discos | Zé Manel

Fotografia da minha autoria


«São linhas que percorro»


O mês de abril trouxe no seu regaço belas novidades musicais. Nomeadamente, em relação a um artista nacional que eu admiro. Cresci a ouvi-lo nos Fingertips. E, anos mais tarde, acompanhei o seu renascer enquanto Darko. Independentemente da identidade que assuma, o talento é inegável e absolutamente identificável. E, agora, em nome próprio, Zé Manel volta a demonstrar o músico brilhante que é, inspirando-nos através de um disco que é uma autêntica história de amor.

Off não é o seu primeiro trabalho a solo. No entanto, é o primeiro «totalmente cantado em português». E representa, como menciona o seu autor, um ponto de viragem. Porque, desde a Não Me Digas [que canta a saudade], tinha vontade de abraçar integralmente a língua materna, numa composição pessoal, que se revelou «uma homenagem» e o espelho «do que viveu», pois há muito de si neste álbum. Além disso, para abrilhantar o desenrolar desta narrativa melódica, conta com a colaboração de Surma, José Cid, Luísa Sobral, Pedro Chagas Freias, Tozé Brito, Maro, Leigh Nash, Filipa Azevedo e Ella Nor.

Sou fascinada pela sua voz. Pela interpretação singular de cada tema. E pela entrega sempre tão genuína. A sua música é uma verdadeira obra de arte. E o Off foi uma novidade grandiosa, que me conquistou ao primeiro acorde. No seu interior, transitando entre canções, ouço o medo, as angustias, a fragilidade, a delicadeza, a despedida, a aceitação, as feridas, as aprendizagens e a transparência que envolvem o sentimento mais nobre que nos reveste o lado esquerdo do peito. E é este sentir intenso, praticamente visceral, que nos emociona. Porque neste disco não há filtro. Há uma janela aberta para uma alma apaixonada, que se entrega sem medida. Numa metamorfose bela e plena.

Uma particularidade que diferencia este trabalho prende-se com o nome das 12 faixas principais, designemos desta maneira, uma vez que Zé Manel quis contar «essa história de amor ao longo dos meses de um ano», remetendo-nos para uma situação em específico - vivenciada no mês correspondente - e tendo por base uma relação «vivida entre 2012 e 2014». Existe, ainda, uma Intro, que é o ponto de partida para compreendermos a mensagem, e um tema final, Ontem Morreu, que encerra este ciclo. Assim, percecionamos uma viagem muito íntima, que culminou «[n]uma aprendizagem, em termos pessoais, tão bonita». Simultaneamente, em Off, existe outra estreia: pela primeira vez, há duas letras que não são da autoria do músico: Março, escrita por Pedro Chagas Freitas, e Agosto, escrita e composta por Luísa Sobral. Mas este álbum é tão coeso - e há tanto de Zé Manel em cada uma delas -, que nem conseguimos detetar essa alternância. A linha condutora é familiar. E toda esta partilha faz com que nos identifiquemos, porque esta história também podia ser a nossa - e, no fundo, é um pouco.

Zé Manel transborda talento. E voltou a superar-se. E este álbum, para além de ser um registo pessoal, é uma ode à música portuguesa, porque há sensações que só encaixam neste idioma tão representativo da nossa identidade. E a música é, também, um ato generoso, cheio de sentimento. Off, ao contrário do que é cantado em julho, cabe em mim. E eu sinto que será, para sempre, uma parte de quem sou. Neste momento. Amanhã. Enquanto não me perder do amor.

Comentários

  1. Sei da existência dos Fingertips, mas se os ouvi, foi esporadicamente, na rádio. Do "Zé Manel", já tinha ouvido falar, mas acho que nunca ouvi nada dele. Nem sabia que tinha pertencido aos Fingertips.
    Ignorância minha... xD

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  2. Sempre gostei muito do Zé Manel e desde que ele começou a partilhar as músicas que iriam fazer parte do "Off" que andava ansiosa para poder ouvir todas! Gostei tanto do resultado que comprei o álbum em formato físico e tudo! O Zé Manel tem uma voz incrível e um talento inexplicável, tanto para cantar como para escrever. Acho que podemos sentir-nos privilegiados por termos tamanho talento neste país.



    A Sofia World

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    1. É tão talentoso *-*
      Também quero adquirir o álbum físico. Acho que é uma forma bonita de eternizarmos estas obras de arte .
      Sim, sem dúvida, concordo contigo!

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  3. Adoro o Zé Manel...Uma voz linda e quente :))

    Hoje:-Quando o sol brilha em desalento.

    Bjos
    Votos de uma óptima Quarta - Feira.

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  4. tens sempre ideias geniais para as publicações.
    Sempre gostei da voz dele.

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  5. Não me digas é umas das músicas que também gosto bastante, mas não tenho acompanhando muito o trabalho dele
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

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  6. Os Fingertips!!! Olha não conhecia de facto mas pela maneira como descreveste o trabalho dele fiquei curiosa, sem dúvida :)

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  7. O Zé Manel tem um estilo muito próprio e uma voz única. E os Fingertips fizeram parte da minha adolescência. Ainda não ouvi este novo disco mas quero fazê-lo.

    Beijinho grande!

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  8. Não conheço o trabalho dele a solo...


    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  9. Gosto tanto do trabalho dele :D
    beijinhos

    www.amarcadamarta.pt

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  10. Eu não conhecia também e graças ao teu post procurei saber. Ótimo!

    Beijos
    Pâmela Sensato

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  11. Ja disse que gosto muito deste rapaz?
    Beijinhos
    https://matildeferreira.co.uk/

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  12. Conheço a banda agora não conheço o programa tenho de ir dar uma vista de olhos
    Rêtro Vintage Maggie | Facebook | Instagram

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    1. Aconselho imenso este álbum do Zé Manel, está uma preciosidade *-*

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  13. Tem uma voz diferente, gosto muito.
    Beijinho

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  14. Não conheço ele mais pelo que você falou ele tem um trabalho maravilhosamente Andreia bjs.

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  15. Já tinha saudades de o ouvir em novas músicas!
    Vai sempre com imenso gosto, que irei descobrir, este seu mais recente trabalho!
    Belíssima sugestão! Beijinhos
    Ana

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    1. Como fico feliz por ler isso *-*
      Vale sempre a pena ouvi-lo. É maravilhoso!

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  16. Também o conheço desde os Fingertips e depois como Darko!
    Mas este ainda não ouvi, mas tenho que ouvir 😀

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  17. Adorava-o e adorá-lo-ei em todas as suas formas. A única coisa que nunca muda é a sua voz!
    Soube do seu regresso como Darko através de outra pessoa que adoro, uma das melhores amigas dele, a Diana. E agora como José igual!
    Estou a adorar!!

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    1. A voz dele é sempre impressionante, assim como a extensão do seu talento. Independentemente da identidade, é incrível *-*

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  18. Lembro-me dos Fingertips, mas confesso que não acompanhei a carreira dele, pelo que desconhecia que teria uma carreira a solo...
    Vou seguir o teu conselho e ouvir :)

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    1. Chegou a uma altura em que optou por sair dos Fingertips e encontrei o seu caminho a solo :)
      Recomendo! Depois diz-me o que achaste

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