O mundo por olhos tom de castanha #46

Fotografia da minha autoria

«Fotografar é uma maneira de ver o passado. Fotografar é uma forma de expressão, o "congelamento" de uma situação e seu espaço físico inserido na subjetividade de um realismo virtual»

A despedida de março foi feita à boleia deste mundo tão especial que é Portugal. O despertador tocou cedo. E partimos à [re]descoberta de locais com uma identidade que nos fascina: Amarante, com vista para o Tâmega, deslumbra pelo traço natural, pelo centro histórico, pela Igreja e Convento de São Gonçalo. Atravessando ou não a ponte, as suas ruas preservam histórias. E convidam-nos a palmilhá-las devagar, absorvendo a arquitetura, os detalhes e a energia singular.

Vila Real, sempre tão familiar, recebeu-nos para mais um almoço na lindíssima Quinta do Paço, que dispõe de Hotel e Restaurante. Por fim, ainda houve tempo para desviarmos a rota, seguirmos pela Serra do Alvão e espreitarmos as Fisgas de Ermelo. Do seu miradouro, temos uma «verdadeira janela para o passado longínquo da História da Terra». As suas rochas quartzíticas «elevam-se numa paisagem única de tirar o fôlego e provocar vertigem». Observando à minha volta, senti um respeito profundo, num «misto de espanto e terror», como qualificou Miguel Torga. Prometemos regressar para percorrer um dos seus trilhos. Este contacto com a natureza nunca deixará de me inspirar.

Embora as fotografias não façam total justiça à beleza de cada lugar, ficam as memórias. E a certeza de que preservamos recantos maravilhosos, que nos fazem sentir em casa, independentemente do chão que pisemos e do teto que nos acolha.