O nosso amor é como o vento #15

Fotografia da minha autoria

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«Será que te recordas do momento em que te perguntei se gostavas de mim? Mentiste-me descaradamente, mas confiando que eu não iria compreender que o teu discurso era avesso aos teus sentimentos. Porém, confesso, achei imensa graça ao facto de dizeres uma coisa, mas sentires outra. O problema é que, por mais que domines a arte das palavras, os teus olhos denunciam-te. E sem piedade. Por isso, quando olhaste para mim e respondeste que não, eu sosseguei. E mais certezas tive assim que pousaste a tua cabeça sobre o meu peito, como se me pedisses para não acreditar no que tinha acabado de ouvir. E eu não acreditei»

Como é que me poderia esquecer desse episódio? Foi, simultaneamente, dos mais descabidos e belos da minha vida. No meu íntimo, senti que seria capaz de te enganar, porque estava assustada com a dimensão do meu amor por ti. Inconscientemente, achei que não tinha estofo para gerir todas estas novas emoções; toda esta importância que conquistaste no meu presente. Petrificava-me a ideia de já não te saber por perto, mas também não me queria magoar. E se, parte de mim, sentia que estávamos em sintonia, a outra parte inundava-me de questões e chamadas de atenção. O que não te contei na altura, foi que, ao mesmo tempo que te respondia, escondi a minha mão direita atrás das costas e fiz figas, tal como fazíamos em crianças. Menti-te - ou, como gosto de realçar, ocultei a verdade -, mas arrependi-me mal ouvi o som da minha voz. Encostar-me ao teu peito foi uma forma de te pedir perdão e de pedir para que não desistisses de mim. De nós.

«Nunca desisti. E estava decidido a provar-te que não havia motivos para lutares contra o que sentias, porque nunca me passaria pela cabeça magoar-te. Muito pelo contrário: queria proteger-te, amar-te e cuidar de ti. Aos poucos, derrubei o muro que construíste em teu redor. E sinto que saiu um peso dos ombros de ambos, porque este desejo, esta vontade de ficarmos juntos, já não podia ser adiado por mais tempo. Um dia, disseste-me que lutar contra o que sentimos equivale a lutarmos contra nós, portanto, dei-te todos os sinais possíveis e imaginários para que percebesses que podias terminar essa batalha interior. Estavas segura. Quando, finalmente, o sentiste, quando acreditaste na veracidade do meu amor, entregaste-te de alma aberta. E esse era um dos aspetos que mais me fascinava na tua personalidade: amares com o coração todo. Isso está-te no sangue. E como não sabes mentir, compreendi logo que a tua essência era feita de luz. Ainda bem que tive a oportunidade de te confidenciar estes pensamentos inúmeras vezes e de ter vivido ao teu lado os melhores anos da minha jornada. Não havia outra pessoa no mundo que me pudesse fazer tão feliz como tu fizeste».

A tua persistência desarmou-me. Assim como o teu charme genuíno, a tua amabilidade e o jeito irónico e humorístico com que lidavas com os meus recuos. E pousaste a tua cabeça sobre a minha, validando as minhas inseguranças e garantindo-me que não irias embora, porque chegaste com passos firmes e bagagem para te instalares no meu coração para sempre.

«Sem qualquer receio de te deixar desconfortável, sussurrei-te ao ouvido que, independentemente do tempo que precisasses, eu iria esperar, uma vez que o teu abraço era o comprovativo de que precisava para saber que também estavas disposta a arriscar. Naquele instante, quando levantaste a cabeça e te aproximaste dos meus lábios, o mundo não parou, mas fez muito mais sentido. E eu soube que tinhas baixado a guarda e que confiavas em mim».

Acreditei. E ainda acredito, meu amor. Mas preciso de fazer uma nova pausa. Sinto os meus olhos marejados de lágrimas, prontas a cobrir o meu rosto. Guardo tantos momentos contigo. E as saudades parecem insuportáveis. Preciso tanto de ti, aqui, do meu lado. Faltou-nos conquistar tanta coisa a dois. E a nossa história ainda está a meio... Custa horrores saber que terei que avançar sem sentir os teus passos no mesmo compasso dos meus. Fazes-me imensa falta!