O [Meu] Pai Natal Existe

Fotografia da minha autoria

«Ho! Ho! Ho! O Pai Natal chegou»

A nossa infância é marcada por várias crenças, muitas delas provenientes de sonhos e da inocência tão característica desta etapa do nosso crescimento. E é sempre curiosa a forma como as expomos, como as vivemos e como as desconstruímos - no tempo e no ritmo que mais se adequam a nós. E caso faça sentido. Contudo, existem algumas que podem acompanhar-nos para o resto da vida. E isso não nos torna, necessariamente, mais ingénuos. Apenas demonstra que há aspetos que preferimos manter presentes. E eu sinto que, assim, protegemos muito mais as nossas origens. E a nossa essência.

Há uma altura do nosso percurso em que, por observações externas ou por perspicácia pessoal, descobrimos que o Pai Natal não existe. Particularmente, compreendi-o muito cedo, até porque, em criança, era eu que me mascarava de senhor barrigudo e de barbas brancas. Apesar disso, nunca deixei de acreditar na figura que representa. Todos os anos, escrevia-lhe uma carta extensa. Esperava pela meia noite para abrir os seus presentes. E sonhava com o momento em que o veria a descer pela chaminé. Hoje, com 26 anos, já não lhe envio os meus desejos, mas continuo a comunicar-lhe por telepatia. Nem sempre consigo esperar pelas doze badaladas, porque a idade e os compromissos das minhas pessoas não o permitem. Mas acalento a esperança desse encontro tão cinematográfico, que ainda não aconteceu. E, sobretudo, continuo a confiar na mensagem que carrega no lado esquerdo do peito. O meu Pai Natal pode não ter a aparência que lhe é associada desde sempre. Mas existe. E irei cuidar dessa certeza até ao fim.

Muito mais do que todos os embrulhos debaixo da árvore, associo o Pai Natal ao carinho de alguém que pretende mimar os outros, que não se poupa em esforços para o conseguir e que procura espalhar um pouco mais de brilho e de afeto em cada lar que compõe o mundo. Ele, para mim, é a personificação de superação, de entreajuda e de partilha. É aquele pedaço forte de luz que vem de dentro. É sinónimo de estima, de dedicação acrescida, de amor. E enquanto for assim, há um farol que nos guia, que aconchega, que fortifica as memórias e que mantém acesa a fé que nos move. Por isso, hei-de acreditar sempre na personalidade tão carismática que cede a sua noite de consoada, maioritariamente, para chegar a cada um de nós. Independentemente de quem ela seja, se observarmos com atenção, somos capazes de lhe atribuir um rosto. Ou vários. E mesmo que tínhamos dificuldade nesse processo, há algo muito mais importante: o seu significado.

Creio que o melhor do espírito natalício é a criação - ainda que inconsciente - destas bengalas que nos amparam, que alimentam a nossa paixão por uma quadra festiva e que não permitem que a criança que existe em nós desapareça. Portanto, não deixem de acreditar. Aliás, façam acreditar. Alinhem nestas utopias que contam uma história repleta de ternura. E nunca percam esse lado puro que vos faz ter confiança no valor desta época. Na sua magia. Na chama que irradia - em casa e no nosso coração. E que, ano após ano, nos faz querer repeti-la - sentados à mesa, bem perto daqueles que são a nossa fortaleza. Feliz Natal ❤