THE BIBLIOPHILE CLUB // JUNHO

Fotografia da minha autoria


Tema: Autores Negros


As minhas estantes hospedam uma maior diversidade literária, quer ao nível de nomes, quer ao nível de estilos. Verifico, ainda, um equilíbrio mais acentuado entre a literatura portuguesa e a estrangeira. E procuro atribuir maior expressividade às mulheres escritoras, pois mantêm-se em minoria. No entanto, foi apenas com o lançamento do tema de junho para o The Bibliophile Club que percebi que, no meio de todos os meus exemplares, careço de autores negros.

Esta falta não é, de todo, consciente, até porque seleciono as obras com base na sinopse e não tanto por outras questões - excetuando a afinidade que nutro por determinados artistas. Porém, a verdade é que tenho estado mais sensível a estas particularidades. E, este ano, trouxe-me leituras mais conscientes, porque a literatura é um meio de comunicação fabuloso, permitindo-nos valorizar a diferença, quebrar estereótipos, alargar horizontes e, inclusive, celebrar conquistas tão essenciais como a «libertação dos países do continente africano do colonialismo e do apartheid». A partir deste compromisso, sei que continuarei atenta a autores que privilegio, mas de porta aberta para o mundo inesgotável que tenho ao meu redor. Assim, optei por, finalmente, avançar para a obra de uma figura feminina que me despertava imensa curiosidade: Maya Angelou.

Carta à Minha Filha é «um legado para todas as mulheres que amam, sofrem e lutam pela vida». E é composto por 28 textos que nos permitem deambular e refletir sobre o preconceito racial, a discriminação, a importância de dar, do cuidar e da liberdade de ser. Com uma abordagem muito humana, a artista e ativista norte-americana teve a capacidade de harmonizar o traço intenso e o lado humorístico, introduzindo algumas memórias mais leves num cenário de caos. Abordando temas como a violência, a brutalidade da desconfiança, a ansiedade, a depressão e os problemas associados à cor, este livro manter-se-á atual e pertinente, porque não é só uma passagem de testemunho, é um alerta para o futuro e para o quanto é crucial evoluirmos enquanto sociedade.

Este manuscrito transmite-nos, portanto, uma mensagem poderosa e autobiográfica, transbordando generosidade e a certeza de que, mesmo nos lugares mais escuros e nas circunstâncias mais inusitadas, o amor pode surgir, bem como a fé. Embora exponha a opressão racial e aquilo que perdemos por não dialogarmos com os outros, também nos incentiva a acreditar, a encontrar novos rumos, a valorizar a força da família. Não senti na pele grande parte das situações destacadas por Maya Angelou, contudo, sinto que é inevitável aproximarmo-nos do que nos conta, não só por uma questão emocional, mas pela própria escrita envolvente. E isso permite-nos descobrir estas crónicas num só fôlego.

Fazendo a travessia entre a infância e a adolescência, lemos sobre o seu primeiro e único filho, sobre as origens, as raízes e a relação com o mundo. E, claro, sobre o papel da mulher. Há muita vida nesta obra. Partilha. Verdade. E alma. Quando a abraçamos, a nossa viagem fica mais plena, acrescentando-nos. Porque os livros podem ter inúmeros propósitos. E este traz-nos luz!


Deixo-vos, agora, com algumas citações:

«Podes não controlar todos os acontecimentos da tua vida, mas podes decidir não deixar que eles te debilitem. Tenta ser o arco-íris da nuvem de outra pessoa. Não te queixes. Esforça-te por mudar as coisas de que não gostas. Se não conseguires mudá-las, muda a tua maneira de pensar. Talvez descubras uma nova solução» [p:12];

«Todos os grandes artistas têm o mesmo recurso: o coração humano, que nos ensina que temos mais semelhanças do que diferenças» [p:90];

«Hoje em dia, essa lição humilha-me, derrete-me os ossos, fecha-me os ouvidos e faz os meus dentes abanarem nas gengivas. Mas também me liberta. Sou uma ave enorme que sobrevoa altas montanhas e vales serenos. Sou uma sucessão de ondas num mar de prata. Sou uma pequena folha surgida na Primavera, trémula pelo entusiasmo de saber que vai crescer em toda a plenitude» [p:170].


Disponibilidade - Wook: Livro | eBook // Bertrand: Livro | eBook
Maya Angelou: Wook // Bertrand

Nota: O blogue é afiliado da Wook e da Bertrand. Ao adquirirem o[s] artigo[s] através dos links disponibilizados estão a contribuir para o seu crescimento literário - e não só. Obrigada ♥

Comentários

  1. Não conhecia e fico com a sugestão para uma futura leitura, aproveito para desejar a continuação de uma boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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    1. Fiquei agradavelmente surpreendida com Maya Angelou. Mal posso esperar por ler mais obras da sua autoria
      Obrigada e igualmente

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  2. Olá,

    Não conheço o livro nem a escritora. Mas já vai para a pilha de livros por ler!

    Beijinhos
    Margarida

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  3. Excelente sugestão :)
    Gosto de livros com mensagens de vida para a vida:)
    Beijing

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  4. Acho maravilhoso que se possa estar em constante evolução literária, e que tenhas sempre o gosto de partilhar connosco!!

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    1. Também sinto o mesmo, porque só mostra o quando crescemos e refinamos o nosso gosto :)
      Acredito que terei sempre

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  5. mesmo -.-' só tem esses dois pontos negativos porque, de resto, é ótima!

    deve ser mesmo incrível, meu bem!!! :o

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    1. Antes isso, meu bem :)

      É absolutamente incrível, aconselho!

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  6. Mais um que não conhecia, mas parece ser uma boa leitura para conhecer
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

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  7. Não conhecia este livro, mas parece-me que ia gostar de o ler :)

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  8. Não conheço a autora, mas tenho a certeza que vou gostar de ler um dia este livro. Obrigada pela partilha.

    Acho que vais gostar da Dorothy Koomson que tem sempre nos seus livros uma personagem de raça negra.

    Beijinho grande!

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    1. Foi uma descoberta maravilhosa! Não duvido de que gostarás do livro. E se tiveres oportunidade, recomendo mesmo a leitura *-*
      Ainda só li dois livros de Dorothy Koomson, mas adorei ambos

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  9. Acho boa ideia diversificar o mais possível as leituras.
    Nunca li nada da autora. Mas guardei a sugestão.
    Andreia, continuação de boa semana.
    Beijo.

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    1. Só nos enriquece :)
      Vale mesmo a pena, Jaime!
      Obrigada e igualmente

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  10. muito legal essa indicação de livro, sou doida pra fazer parte de um clube de leitura tbm

    www.tofucolorido.com.br
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    1. Estou a adorar fazer parte desta experiência, aprendemos e diversificamos imenso :)

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  11. Infelizmente ainda há muita gente preconceituosa :(

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  12. Não conhecia o livro nem autora, por isso vou ter que averiguar!

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

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  13. Para ser sincera também nunca li nada de um autor negro!!
    xoxo

    marisasclosetblog.com

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    1. Caso não me falhe a memória, só li de Dorothy Koomson, mas quero expandir, até porque há ótimas referências :)

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  14. Esta tua publicação levou-me a refletir que se calhar também preciso de ter uma maior diversidade nas minhas prateleiras. Fiquei muito curiosa com este livro!

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    1. Os clubes de leitura têm-me permitido isso mesmo. Tem sido uma ótima viagem!
      Se tiveres oportunidade, aconselho a leitura :)

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  15. Conheço a autora, mas nunca li o livro.
    Beijinho

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  16. Isso completamente, meu bem. É absolutamente terrível! -.-'

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    1. É mesmo ridículo! Só mostra o quanto as pessoas conseguem ser egocêntricas :/

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  17. Mais uma boa sugestão parece-me :)

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  18. Olá Andreia! Bons ventos me trouxeram para seu blog e achei muito pertinente seu escrito. Parabéns pelo seu blog e voltarei com certeza. Paz e bem! Nice
    http://qualismatertalisfilius.blogspot.com/

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