Entre Margens

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O despertador tocou cedo, uma vez que creio ter encontrado uma nova tradição anual: ir escrever favoritos para a Miss Pavlova, mais concretamente, para a loja da Ribeira. Desta vez, fi-lo enquanto me deliciava com um cappuccino e um prato de ovos turcos.

A descer a rua de Mouzinho da Silveira, tentei organizar pensamentos e passar o ano em revista, mentalmente, para que fosse mais simples de fazer esta retrospetiva. Mas nunca é, nem poderia ser, já que há um laço emocional a pairar, a despertar sensações, a abrir feridas, a embalar sonhos. Nunca poderia ser fácil, porque condensar uma viagem tão oscilante em meia dúzia de parágrafos parece sempre insuficiente, pouco justo.

Janeiro trouxe muitas vidas dentro e uma operação esperada, mas cuja data não estava definida, apanhando-nos de surpresa (não foi comigo e correu tudo bem, mas foram horas de nervos à flor da pele). Fevereiro desabrochou como uma tulipa. Março ondulou entre a nostalgia e os saltos de fé. Abril cobriu-se de festa, cravos e reencontros. Maio foi caótico e aumentou a família do coração. Junho trouxe-me o melhor e o pior. Julho, por oposição, reservou-me algum descanso e muitas questões sobre o meu caminho no digital. Agosto mostrou-me o quanto estava cansada de 2024 e de lidar com perdas. Setembro veio com aroma a outono e a Feira do Livro do Porto. Outubro pareceu uma versão 2.0 de janeiro, sendo quase como um lento jogo de xadrez. Novembro, por seu lado, manifestou-se como uma brisa. E dezembro foi aquilo que mais precisava: colo (mesmo que também tenha vacilado).

Este ano, permitiu-me viver momentos extraordinários, a magia das primeiras vezes e celebrar histórias de amor bonitas. No entanto, também me tirou o tapete de uma forma inesperada. Como escreveu Susana Amaro Velho, em Descansos, «à morte dos outros era sempre possível sobreviver-se», mas ainda estou a descobrir como se gere este luto que parece ausente e se faz notar em situações estratégicas. Gosto de olhar para as situações de um modo positivo, até porque também foi isso que aprendi com aqueles que perdi, mas às vezes é difícil. Agora que reflito sobre isto, esta talvez tenha sido uma das maiores lições de 2024: nem tudo se resolve logo, a dormência talvez se prolongue. Por mais que as feridas possam deixar de estar expostas, continuam a precisar que respeitemos o seu tempo, o processo, para que sarem.

Abro o caderno das coisas maravilhosas e percebo que há fragmentos encantadores que me foram salvando, mesmo que pareça um exagero, principalmente de pensamentos turvos. Por isso, quis dividir estes favoritos em duas categorias: pessoal e cultural.


os momentos pessoais

Os 32 chegaram com muito amor e aproveitei a ocasião para celebrar, primeiro, com música e livros e, segundo, com palavras que me definem.

      

É curioso ver como o tempo avança e há histórias que transbordam. No meio de dias menos bons, vi a família a aumentar, quer a de sangue, quer a de coração. Primeiro, veio a Lúcia, a filha da minha melhor amiga e do meu cunhado. Depois, porque o coração alarga sempre para acolher mais pedaços de amor, veio o meu primo Tomás. Sou uma tia e prima muito babada.

   

Viajar de avião ainda não se tinha proporcionado, mas a despedida da minha afilhada/sobrinha de coração veio mudar isso. Adorei a experiência, a sensação de liberdade e esta noção de não existir validade para as primeiras vezes. Repetirei, só ainda não sei em que altura.

      

A faculdade e, em particular, a praxe trouxeram-me pessoas muito especiais. A Cristiana foi uma delas e, aliás, é uma das que mais gosto de manter por perto. Vi a história com o Adriano a crescer e, embora estivesse a torcer pelo Jeremias (😂), fiquei radiante quando anunciaram o casamento. Foi um momento de sonho, completamente à imagem de ambos, que me deixou comovida e de coração cheio. Não sei se existem almas gémeas, mas sei que eles os dois se complementam e que têm aquele brilho no olhar de quem está onde mais deseja. Senti-me mesmo uma privilegiada por o celebrar com eles. Que sejam sempre casa um do outro.

      

A Corrida do Dragão é uma celebração única para a cidade, em particular para os adeptos do FC Porto, porque podemos levar o emblema do clube ao peito. Por mais tentadora que seja essa imagem, devo confessar que nunca esteve nos meus planos correr os 10 quilómetros: não só porque não tinha qualquer preparação física para esse desafio, mas também porque não sou entusiasta da corrida. No entanto, acabei por integrar o evento através da caminhada solidária, cujo valor da inscrição revertia totalmente para a Liga Portuguesa Contra o Cancro. Foi uma experiência inesquecível: pelo momento em si, por ver tantas pessoas juntas para a mesma finalidade, pelo próprio percurso e, claro, por começar e acabar num sítio que me diz tanto. Até fiquei com vontade de me inscrever na próxima edição, vejam bem. Veremos.

      

Ir ao Estádio do Dragão não é uma constante. Aliás, passo mais tempo sem ver um jogo ao vivo do que na bancada (algo que gostava de alterar no próximo ano, admito). E acho que, em parte, também é por isso que cada reencontro é tão especial. Sinto-me sempre em casa!

   

Outros momentos felizes: Ter dois poemas publicados na revista Ofélia, jantar com a Sofia e a Rita no Federica e conhecer a Marisa Vitoriano.


os momentos culturais

Voz de Cama ao Vivo
Assistir a este evento numa sala cheia, sem preconceitos espelhados, sem desconforto e com a plateia a reagir aos vários tópicos em discussão foi maravilhoso. De repente, era como se estivéssemos entre amigos e não numa sala de teatro. E acredito que esta proximidade só é possível pela energia que as duas transparecem e pelo trabalho que desenvolvem com o podcast. Elas ocupam muito bem o lugar de fala do qual dispõem e fazem isso sem qualquer tipo de moralismo. Vê-las a desconstruir ideias e a dar visibilidade a temas vitais para o ser humano - e para as relações intra e interpessoais -, não duvido, torna-nos melhores pessoas.

Pata de Ganso, Pedro Teixeira da Mota
Pata de Ganso teve espaço para falar sobre problemas de joelho, medos, erva, aldeias de sexo e relações familiares. E percebe-se que o texto é de alguém que se está a descobrir. Não sei se, para ele, é um bom ou um mal sinal perceber que «a pessoa que se está a tornar pode não ser a que sempre idealizou», mas, pelo que vi em palco, o caminho é promissor. Estou cada vez mais fã da sua voz na comédia e do percurso que está a construir, porque encontrou o seu lugar, mas pode sempre voar mais alto.

Diogo, Luís Franco-Bastos
Diogo é o seu texto mais intimista e quis filmá-lo numa sala que acompanhasse essa essência. Embora compreenda o objetivo, confesso que não deixou de me surpreender que o fizesse no M.Ou.CO, porque não seria uma escolha óbvia para um espetáculo de comédia. Ainda assim, agora que aconteceu, defendo que fez todo o sentido e que a dinâmica funcionou. Porque, ali, sabíamos que estávamos num lugar seguro.

      

Tour SNTMNTL, Diogo Piçarra
O propósito desta tour é, naturalmente, dar a conhecer o seu trabalho mais recente, SNTMNTL, lançado em março, mas o alinhamento combinou temas de outros discos. E adorei descobrir como é que os foi interligando, como é que os foi tornando fios da mesma história. Acho que as suas canções anteriores são passíveis disso, no entanto, sem que perdessem a sua identidade singular, revestiu-as com uma imagem mais eletrónica, complementando toda a intenção presente neste novo capítulo musical.

Queima das Fitas do Porto: Van Zee & Slow J
Nunca os tinha visto ao vivo, portanto, estava entusiasmada e expectante. Do Zee, esperava uma atuação mais enérgica; do Slow, esperava uma presença mais intimista. Em ambos os casos, foi notório que a narrativa do concerto foi construída ao detalhe e que, se pensar nisso, até encontram uma forma de se complementarem. O Van Zee começa a conquistar o seu lugar e sinto que, durante o concerto, houve mesmo uma noção de espetáculo, houve a preocupação de, sem esquecer a música, proporcionar um momento de entretenimento, que levasse o público a navegar no seu mar. Na atuação do Slow J, pelos vídeos que vi de outros eventos, sinto que ele nos convidou a entrar em casa, de uma forma muito descontraída e confortável. E fê-lo com uma especial atenção à banda, que teve várias ocasiões de destaque.

Desconfia, Joana Marques
O maior evento de anti-ajuda do ano chegou à Invicta. E a prova de que estávamos todos a precisar de algo idêntico foi a afluência às bilheteiras online: tanto que temi que não fôssemos conseguir, mas, no fim, correu tudo bem. É que as coisas acontecem como têm de acontecer e, afinal, estava escrito nas estrelas irmos a este espetáculo. Joana Marques, como Coach de Baixa Performance que se preze, não veio sozinha e reuniu o melhor grupo de gurus de desenvolvimento pessoal, para nos inspirarem com as suas histórias (des)motivacionais. E, admito, a nossa vida nunca mais será igual.

      

Feira do Livro do Porto
O mote «por mais solar que seja o coração» preservou o «lume da palavra» que é tão característica da FLP. E após largos períodos de paciência, sem qualquer cobrança, chegou a altura de celebrar Eugénio de Andrade, o aclamado poeta da luz.

Sombra, Bumba na Fofinha
Sombra, segundo a própria, é «um confessionário de ruindades sobre o nosso lado mais sombrio, mesquinhozinho e egomaníaco no papel de mães, filhas, amigas e amantes». Numa espécie de sessão de psicoterapia de grupo, estivemos uma hora e meia a rir sobre traumas, males, excentricidades e erros que se repetem. Acusei o toque quando falou dos filhos únicos, mas eventualmente acabei por superar essa afronta dolorosa.

Still 25, David Fonseca
A vida é feita de ironias: embora tivesse a referência, não cresci próxima de Silence 4. Excluindo um tema ou outro, não era o grupo musical que enchia a casa. Mais tarde, numa carreira a solo, David Fonseca também não me despertou essa atenção e passei muito tempo sem escutar as suas canções. Honestamente, não vos sei explicar o que me afastava do seu registo, apenas sei que não era um artista que procurasse incluir na minha banda sonora. Só que neste processo de descobrir a minha identidade, em todas as camadas que a compõem, percebi que foi um nome que foi conquistando o seu espaço. Por isso, foi com zero surpresa que acabei no Coliseu do Porto a assistir ao seu concerto.

      

Conteúdo do Batáguas ao Vivo, Diogo Batáguas
Conteúdo do Batáguas - em vídeo e ao vivo - é descontraído e alucinado, mas não deixa de nos fazer pensar numa série de questões que nos moldam enquanto pessoas e enquanto sociedade. E sei que é por isso que gosto tanto de o acompanhar: porque é preciso ter um olhar minucioso para equilibrar a estupidez e a crítica, de modo a que nos pareça que é só um momento de entretenimento. Mas, depois, fica a ecoar em nós.

Concerto Os Quatro e Meia
O bilhete estava guardado desde o meu aniversário, em abril, não só para que não o perdesse, mas também para que não acusasse o toque de uma espera um pouco longa. Como já tive oportunidade de partilhar, descobri Os Quatro e Meia por acaso, mas conquistaram-me logo pela sonoridade, pelo tom descontraído e pela humildade. E vê-los ao vivo é sempre um momento indescritível, por isso, não perderia este concerto.

      


2025, sê gentil ✨

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Os livros fizeram morada em mim, por isso, têm presença vitalícia nas viagens de balanço anual. Embora seja a lista mais complexa de definir, traz-me um aconchego especial ver que estive acompanhada por histórias tão distintas, impactantes, em vários casos, encontrando fôlego quando a realidade nem sempre foi gentil. Afinal, existem palavras que são colo.

Apesar de tudo, estava com a sensação de não me ter cruzado com uma obra que me tivesse deixado completamente apaixonada, ao ponto de a referir quase ao segundo. No entanto, olhando para a estante dos lidos, compreendi que era uma imagem falaciosa: posso não ter sido insistente a recomendar algumas delas, mas as narrativas permanecem por perto, a pairar, interligadas à memória emocional. E eu adoro perceber como essas narrativas foram crescendo com o tempo, com o amadurecimento, cumprindo o propósito de emocionar, de ficar.

À semelhança de anos anteriores, priorizei o Alma Lusitana e a tbr nas caixas de madeira. Arrisquei e criei o Ler Djaimilia, separei 12 títulos que pretendia descobrir em 2024 e estive atenta ao clube do Livra-te. Todos estes cruzamentos literários despertaram anotações interessantes, quer pelos enredos que fui lendo, quer pelas curiosidades que fui acumulando.


antes dos favoritos, algumas curiosidades literárias

Vou avançar alguns dados numéricos, porque não acho que sejam o mais importante neste cenário (como a quantidade de livros e de páginas e mesmo as percentagens nos diferentes géneros), e concentrar-me naquilo que me entusiasmou verdadeiramente.

📚 De acordo com o The Storygraph, aplicação à qual aderi no decorrer deste ano, tive vários moods de leitura, sendo que os que mais se destacaram foram: reflexivo, emocional e triste;
📚 Autoras mais lidas: Djaimilia Pereira de Almeida (9), Ana Pessoa (4), Francisca Camelo (3) e Sally Rooney (3);
📚 Fiz três releituras: As Coisas Que Faltam (Rita da Nova), A Importância do Pequeno-Almoço (Francisca Camelo) e Pessoas Normais (Sally Rooney);
📚 Cruzei-me com personagens memoráveis: Stoner (Stoner, John Williams), Ellwood, Gaunt, Devi e Hayes (In Memoriam, Alice Winn), Figueira (A Ilha das Árvores Desaparecidas, Elif Shafak), Ana Magdalena Bach (Vemo-nos em Agosto, Gabriel García Márquez), Olive Kitteridge (Olive Kitteridge, Elizabeth Strout), Yunjae (Amêndoas, Won-Pyung Sohn), Francesca e Maddalena (A Malnascida, Beatrice Salvioni), Peter e Ivan (Intermezzo, Sally Rooney) e Stephen (Pequenos Mundos, Caleb Azumah Nelson);
📚 Li: 62 autores novos; 78 autoras e 33 autores; 69 portugueses e 40 estrangeiros.

Nem todos os encontros foram felizes, aliás, tive mais desilusões literárias do que aquelas que estava a contar, no entanto, fechei o ano com um saldo muito positivo.


agora, sim, as estrelas da companhia (e com menções honrosas)

Stoner, John Williams
Stoner alberga, também escolhas, a importância do trabalho, «um casamento destrutivo» e um «lar envenenado». Alberga muitas guerras internas, saúde mental e um novo fôlego. Acompanhando a vida de William desde a infância até à sua morte, esta obra reforçou a minha admiração por histórias sem personagens heroínas. Talvez não seja uma obra que mudará a minha vida, talvez nem me recorde dela pelo enredo em si, embora algumas passagens se tenham colado à minha pele, mas amadurecerá com o tempo. Além disso, houve vários momentos que me deixaram emotiva e a refletir sobre tudo o que poderia ter sido e não foi.



A Ilha das Árvores Desaparecidas, Elif Shafak
A Ilha das Árvores Desaparecidas tem um equilíbrio maravilhoso e desenrola-se numa dinâmica que me estimula ainda mais, que é a lógica do «mostrar e não contar». Elif Shafak explica apenas o necessário e, depois, dá margem para que o leitor imagine e retire as suas ilações. Além disso, revelou-se uma história fabulosa sobre tradições e pertença.



Quando os Rios se Cruzam, Rita da Nova
Quando os Rios se Cruzam, fazendo justiça ao nome, cruza vários elementos e houve um em particular que me fez oscilar: seria uma metáfora ou literal? Este jogo prendeu-me ainda mais à cidade, à protagonista, à travessia entre o passado e o presente. Sendo uma viagem permanente, deixou-me a pensar não só no impacto das amizades femininas (outra das minhas partes favoritas) e nos desafios que enfrentamos quando estamos longe do que conhecemos, mas também nesta possibilidade de descobrirmos coisas sobre nós que pareciam escondidas - será que uma decisão diferente nos impediria de as vermos? Há uma parte de quem somos que é fruto das escolhas que fazemos, mas há outras que dependem do que não controlamos. Num livro em que as dinâmicas familiares estão muito presentes, também fiquei a refletir se, ao procurarmos dar espaço a partes de nós mais silenciosas, nos conseguimos realmente libertar do que sempre esteve ali, agregado a quem julgamos ser.



Deriva, Madalena Sá Fernandes
É impressionante como as suas crónicas nos levam do riso às lágrimas com facilidade e de uma forma tão natural. Como nos validam, como exercitam a empatia e nos transmitem a sensação de nos estarmos a ver ao espelho, num reflexo transversal. Na lista de favoritas destaco Devia ir Mais a Tondela, Casem e Deixem os Outros em Paz, Confissões Irrelevantes, Os 73 Segredos de Mentes Milionárias Para Uma Vida Zen, Ler é Sexy, Umbiguidade e Inté - esta última desarmou-me e fez-me sucumbir na última frase.



Não Me Esqueças, Alix Garin
Esta novela gráfica, de Alix Garin, faz-nos sentir cada emoção, cada etapa, capa decisão. Foi, sem qualquer dúvida, uma das mais bonitas que já li: pelas temáticas que aborda, por nos consciencializar para uma batalha tão silenciosa e desgastante, pela sensibilidade e pelo humor que também floresce nas peripécias entre as duas. Não me esquecerei.



O Meu Pai Voava, Tânia Ganho
O Meu Pai Voava é uma carta de amor. É feito de um tempo que se guarda e de um tempo futuro que se perde. Transborda de saudade e de um traço poético que se agrega à despedida. No meio da neblina, do inverno que nos habita sem hora de ida, Tânia Ganho encontrou uma maneira de preservar os dias luminosos, os vínculos afetivos e familiares que nos impedem de sucumbir, que nos permitem pertencer. Há dias demasiado longos. Contudo, também há pessoas que nunca deixarão de existir.



A Malnascida, Beatrice Salvioni
A Malnascida revoltou-me e emocionou-me, porque tem uma série de detalhes memoráveis, que espelham que a vulnerabilidade não nos enfraquece e que há sempre quem saiba qual é o lugar certo da luta. Este livro só peca por ser curto, porque ficaria mais tempo nesta história, a acompanhar o estreitar de laços desta amizade que, para mim, é uma das mais bonitas que já li na ficção.



Intermezzo, Sally Rooney
Intermezzo é complexo, emocionalmente denso e acredito que é uma história que vai crescendo em nós. Sendo o trabalho mais maduro de Sally Rooney, não deixa de transparecer a sensibilidade que lhe reconhecemos, mostrando-nos a importância de perdoar e o poder da aceitação. É necessário continuar a viver, a conseguir ver para lá do luto, e estas personagens - este livro - vieram fazer morada em mim. Não lhes largarei a mão.



Pequenos Mundos, Caleb Azumah Nelson
Pequenos Mundos brilha pelo enredo e pela construção de personagens. Ademais, mesmo que não tenha a pretensão de ser bandeira dessa causa, reflete o quanto os traumas podem condicionar aqueles que amamos e demonstra a importância de, pondo as expectativas e o ego de lado, acreditarmos naquilo que os nossos são capazes de fazer, sem receio de o revelarmos. Porque a música salva e o mundo pode ficar um lugar insuportável se desaparecer, mas é o amor e o espaço que nos dão para sermos quem somos que enriquecem a nossa dança. E não temos de dançar sempre sozinhos.



Falar Piano e Tocar Francês, Martim Sousa Tavares
Falar Piano e Tocar Francês é tão abrangente que há espaço para conversarmos sobre partituras, cidades, memes, filmes e David Bruno. Sinto que foi enriquecedor viajar por este livro e sei que voltarei a ler capítulos específicos por terem entrado para a lista de favoritos, como é o caso de A Beleza Está no Olhar de Quem Vê, Viver em Évora, Tão Mau Que é Bom e Em Defesa das Bactérias. Embora exista uma certa continuidade nos textos (nas ideias), podem ser lidos autonomamente, pela ordem que nos satisfizer. E a arte também é isso: sermos capazes de encontrar o nosso lugar e o nosso ritmo.



Furriel Não é Nome de Pai, Catarina Gomes
Furriel Não é Nome de Pai é, acima de tudo, um trabalho de empatia e de dignidade fabuloso. Embora não seja possível anular o passado, reverter o que viveram, a autora assumiu a missão de tentar unir estas famílias e, sem julgar escolhas, também não escondeu o desalento e a frustração que sentiu durante o processo. Como alguém destacou, há uma grande diferença entre «aceitar um filho e conhecê-lo», no entanto, Catarina Gomes trouxe um aconchego diferente a esta obra: por sabermos que aquelas pessoas não ficaram esquecidas. Ela deu-lhes voz, reunindo o que ficou por contar.



Mãe, Doce Mar, João Pinto Coelho
Mãe, Doce Mar seria extraordinário se fosse apenas a história de um reencontro entre uma mãe e um filho, mas vai muito para lá dessa barreira. Talvez seja um pouco sobre aquilo que tentamos recuperar e que nos vai escapando como uma brisa, talvez seja sobre como a literatura nos liberta ou sobre a própria noção de família. Talvez seja um manifesto sobre tudo isto e sobre a necessidade de sabermos onde atracar. Com um tom honesto e uma escrita lindíssima, fui arrebatada do início ao fim, uma vez que nada nos prepara para as reviravoltas, nem para tudo aquilo que nunca chegou a ser.



As leituras de 2024 estão praticamente fechadas (estou a concluir A Origem dos Dias, de Miguel d' Alte) e não podia deixar de incluir três menções honrosas: A Casa Holandesa, de Ann Patchett, Querido Edward, de Ann Napolitano, e Descansos, de Susana Amaro Velho.

Os livros serão sempre o meu passaporte favorito para viajar sem sair do lugar ♥

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Os favoritos na componente audiovisual têm uma pequena dose de batotice, já que inclui alguns conteúdos que talvez possam não encaixar na classificação inicial. No entanto, trouxeram-me tantas reflexões importantes e momentos de lazer fundamentais que seria injusto deixá-los de fora desta lista tão singela.

A sétima arte continua em clara desvantagem, mas também sinto que nos restantes capítulos tive alguma dificuldade em enumerar títulos que me tivessem tirado o fôlego. Não obstante, estes oito cumpriram todos os requisitos, marcando o meu ano.


voz de cama
Ia ouvindo episódios soltos do podcast que junta Tânia Graça e Ana Markl, mas, no início de 2024, decidi maratoná-lo. Acho que elas nos trazem perspetivas muito interessantes e importantes, ajudando-nos a refletir sobre uma série de questões sobre relações, sexualidade e, inclusive, empatia. Dei por mim a responder-lhes inúmeras vezes, a ficar irritada com e-mails egocêntricos, a sentir o peito a comprimir. Voz de Cama é serviço público de qualidade.


suar do bigode
O solo foi gravado ao vivo no Coliseu de Lisboa e nem damos pelo tempo a passar, já que monotonia é um conceito que não entra no vocabulário da Bumba. Falando sobre maternidade, histórias de família, ansiedade, encontros, relações longas, depilação, picos de inteligência e tantos temas mais, é um texto muito bem encadeado e cheio de ritmo. Além disso, a Bumba não tem qualquer receio de usar o palco e de ser bastante expressiva. E isso também nos mostra o quanto foi tudo pensado ao detalhe - opinião completa aqui.


matilha
O anúncio começou a passar na RTP e eu fui logo transportada para a série Sul (2019), transmitida pelo mesmo canal. Por instantes, pensei que pudesse ser uma segunda temporada, mas depois compreendi o porquê desta associação: é que os protagonistas da nova série vêm desse universo, protagonizando uma espécie de spin-off. Para evitar repetir-me, se quiserem ler a minha breve opinião sobre cada um dos episódios, podem encontrá-la nos números 25, 26, 27, 28, 29, 31 e 32 da minha newsletter, a Portugalid[Arte].


bom partido
O Guilherme Geirinhas é um comunicador nato, por isso, fico sempre interessada nos projetos que tira da gaveta. Uma vez que está «farto de política», decidiu juntar «alguns amigos para falar sobre a vida» e sobre todas aquelas questões que, sendo de máxima importância, não têm espaço num debate televisivo ou no parlamento. Bom Partido é o concretizar da premissa citada anteriormente. É uma mini-série de seis conversas com candidatos políticos - encontram a minha opinião completa no segmento Caixa Mágica, aqui.


erro 404
Erro 404 transporta-nos para várias referências. Rita acabou de perder a melhor amiga e companheira de casa. Mergulhada numa tristeza profunda, completamente desmotivada e apática, encontra uma réstia de esperança numa aplicação: a Appy, que lhe permitirá viver a vida de outras pessoas. No estado em que se encontra, sente que não tem algo a perder, no entanto, a fase experimental desta aplicação pode trazer-lhe consequências irreparáveis.

Esta série prometeu, cumpriu e deixou-me a desejar uma segunda temporada. Tenho opinião detalhada aqui.


na casa com o próprio
Embora não o acompanhe desde o início do seu percurso, o Dillaz é um dos artistas com presença garantida nas minhas playlists e sinto que é a exceção na regra do «quem não aparece é esquecido», atendendo a que é bastante discreto e que dificilmente o vemos em entrevistas ou conteúdos paralelos à música. E isso sempre me fascinou, porque nota-se que o foco está todo na arte - e não tanto no espetáculo envolvente - e porque não é por isso que tem menos público - os concertos, por exemplo, comprovam-no. Contudo, reconheço, adorava que abrisse mais vezes a porta dos bastidores, porque é algo que nos aproxima ainda mais. E acho que conseguiu isso com a série Na Casa com o Próprio - podem ler opinião completa aqui.


restos do vento
Restos do Vento mostra-nos que existem ciclos difíceis de quebrar, que a culpa nem sempre é sentida e que o sofrimento pode cegar. Oscilando entre a violência, o medo e o discernimento de saber o que é certo e o que é errado, creio que este filme também é sobre perdoar ou, então, sobre como podemos escolher a bondade, mesmo que nos tenham ferido de formas insanáveis. 25 anos depois, a história repetiu-se, no entanto, foi mais longe: se calhar, para provar que não saímos assim tão impunes. Se calhar, para provar que, em algum momento da vida, teremos de responder pelos nossos atos - tenho opinião completa no blogue.


irreversível
A vida pode mudar num ápice, da maneira mais improvável. E, de facto, há desfechos que não se revertem. Ainda assim, no meio de tantas sombras, talvez exista espaço para a redenção. Irreversível parece-me uma excelente demonstração disso. Disso, e do quanto a verdade e a mentira não são conceitos lineares. Que série extraordinária! - podem ler a minha opinião aqui.

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A entrada nos 30 não me criou grande mossa, ainda que, eventualmente, possa ter vindo a sentir o peso da aura que se atribui a esta idade, como se fosse a nossa meta. No entanto, entrar nos 30 solteira deu-me outra perspetiva sobre a forma como acolho interações com terceiros, mas não só nesse parâmetro. E é mais no segundo ponto que me quero focar.

Há um pensamento reproduzido que espelha muito a ideia de que, a partir dos 30, quem entra na nossa vida tem de chegar para acrescentar, uma vez que, aparentemente, estamos mais conscientes do que queremos e, se calhar, mais maduros, não tendemos a procurar no outro o que nos falta. Crescemos e aprendemos a gerir-nos, a filtrar o que nos serve e já não temos bem paciência para jogos. Embora concorde com esta visão geral - e me reveja -, nem sempre estou certa do que quero e acho que passamos a vida toda a limar as arestas da nossa personalidade. E senti isso tanto na parte pessoal, como na parte da criação de conteúdo.

Este ano, escrevi/publiquei muito sobre livros, algo que adoro, mas vi-me um pouco assoberbada e com uma crise de identidade digital que se prolongou. Sendo franca, chegou a um ponto em que me questionei, primeiro, sobre o meu propósito e, segundo, sobre a pertinência de continuar. Já não me revia na casa que alicercei com tanto cuidado, mas fui permanecendo, porque não sei ser sem a escrita - e desistir não estava nos planos.

Ainda estou a tentar ajustar o caminho, no entanto, apesar de tudo, partilhei publicações que me encheram o coração, porque nasceram de um lugar muito intimista, muito meu.


estaremos mesmo a incentivar à leitura?
Os livros bons, como também referiu Isabel Alçada, são aqueles que interessam aos leitores. E, para isso, não pode existir uma só lista, não pode existir obrigatoriedade e portas fechadas. É aos respeitarmos as suas individualidades, trazendo-as para o centro da discussão, que lhes garantimos ferramentas que os ajudem a estruturar os seus gostos. Se continuamos a excluir potenciais leitores da leitura, da literatura, o que sobra? É por esse motivo que, antes de me questionar sobre a presença/ausência de um determinado livro no PNL, insisto em perguntar: estaremos mesmo a incentivar à leitura ou estaremos apenas a validar egos?

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quando tentamos encaixar onde não pertencemos
Eu sei que o ser humano, por mais bem resolvido que esteja, procura sempre por validação, procura ser aceite e encontrar o seu lugar. O problema é quando essa obsessão tolda tudo o resto e faz com que nos esqueçamos daquilo que é mais importante. Porque, às vezes, investimos tanto de nós para fazermos parte de algo, de alguém, que nos perdemos do lugar onde já pertencemos e que precisamos de cuidar. De repente, é como se nos desligássemos da pessoa que somos e encarnássemos uma personagem, apenas para corresponder a expectativas alheias.

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o sofrimento pode ser escrito por quem?
Um dos conselhos que mais vezes vejo reproduzido é que um escritor deve escrever sobre aquilo que conhece. Durante anos, não questionei a afirmação, porque me parecia óbvia: pela proximidade e por trazer uma certa estabilidade a um terreno pantanoso. Mas até que ponto não é uma noção limitativa? Até que ponto não impede que o escritor evolua e, acima de tudo, se descubra? Tenho-me debatido cada vez mais sobre isto.

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continuar a escrever, mesmo sem sermos publicados
Acho que me perguntarei muitas vezes se valerá a pena escrever, mesmo quando não nos querem publicar - ainda que não nos digam isso diretamente, mas a ausência de uma resposta for suficiente para compreender a mensagem. No entanto, também tenho a certeza que a resposta continuará a ser a mesma: sempre!

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quando passamos a estar sempre atrasados?
Eu sei que, lá no fundo, esta noção permanece vinculada às verdades com que crescemos e que teimam em ficar presas à nossa pele. Sei que é uma consequência de todas as vezes que não conseguimos silenciar, que se manifestam num aparente conselho ou cuidado, mas que evidenciam sempre mais o traço da condescendência e das inseguranças. Por isso, tendemos a sentir-nos em dívida, num plano de prejuízo, porque já definiram todas as etapas do nosso caminho e nós não as alcançamos. Mas será que queremos?

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os (a)braços que nos faltam
Sempre fui pessoa de abraços e nunca tive qualquer medo de morrer (da forma como isso se processará é que já não é assim). E em que ponto é que estes pólos se cruzam? Na inevitabilidade de perder os (a)braços de quem parece sustentar o meu mundo. E sendo vários os alicerces, compreende-se que a força do embate não será silenciosa.

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o desconforto de ir, o receio de perder
Há eventos que faço questão de ir acompanhada: pela partilha que potenciam, por saber que fazem sentido para os envolvidos e pelas próprias memórias que perdurarão no tempo - e que serão mais um elemento de ligação. Mas e quando não temos quem nos queira acompanhar? Será que a solução será mesmo não ir?

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a vida que não termina aos trinta (e a magia das primeiras vezes)
Não sei quando é que passamos a estar sempre com pressa, nem quem definiu que os trinta são o fim da linha. Mas pode ser que, aos sessenta, venha cá escrever-vos que tirei a carta, que fiz uma tatuagem, que a vida deu uma grande volta e acabei por me casar. Ou, então, talvez chegue aqui aos setenta e diga que nada disto aconteceu, que o caminho seguiu como uma brisa ondulante, serena, sem aventuras transformadoras. Ainda assim, terei consciência que a vida não terminou naquele prazo. E, até ao fim, ainda pode ter uma porta entreaberta para uma primeira vez.

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seremos mesmo leves ou teremos só medo de sentir?
Estava na minha rotina de segunda-feira, há umas semanas, a escutar Isso Não se Diz, quando o Bruno Nogueira começou a refletir sobre o que é ser leve - de espírito, de personalidade, de emoções. Honestamente, não tenho uma resposta concreta, mas creio que é uma imagem poética, porque transmite a sensação de ficarmos a pairar, como se fôssemos capazes de avançar sem grandes danos, sem grandes consequências.

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justificação de falta
Agarrada ao papel, fiquei a pensar na quantidade de coisas que guardamos sem nos virem à memória com regularidade ou que guardamos sem sabermos o que lhes fazer a seguir. E lembrei-me, por exemplo, dos números de telemóvel que ainda não consegui apagar - e que talvez nunca venha a conseguir. Talvez não faça sentido, mas é como se estivesse a deitar fora uma parte tão importante de quem sou.

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Fotografia da minha autoria



As manhãs começam lentas, serenas, envolvidas num silêncio que apenas se quebra para acolher notas musicais e vozes que já vou reconhecendo de olhos fechados. Não vos minto quando digo que não há um dia sem música, cá em casa.

Sinto que, este ano, tive poucas sonoridades soltas, atendendo a que vivi muito tempo dentro dos mesmos álbuns. Por outro lado, estreitei laços com artistas que já admirava, mas cujos trabalhos recentes reforçaram esse fascínio. Portanto, foi sem surpresas que vi todos os detalhes do meu Spotify Wrapped.

Em traços gerais, o meu 2024 soou assim:

🎧 Minutos de audição: 81 847;
🎧 Géneros mais ouvidos: Pop Português, Pop, Hip Hop Tuga;
🎧 Ouvi 2135 músicas este ano, mas a mais ouvida foi a Alô, de Dillaz & Plutonio, com um total de 518 streams;
🎧 Top 5 de músicas mais ouvidas: Alô, Colãs, Nota 100, Pé no Mar e Vivo, todas do Dillaz;
🎧 Evolução musical: Em março, passei pela minha fase «theatrical, wrestling e portuguese pop»; em abril, celebrei a minha era «pumpkin spice strut pop»; em agosto, vivi o meu momento «pastel, instrumental e hip hop tuga»;
🎧 Ouvi 1202 artistas, mas o mais ouvido foi o Dillaz (com 14 934 minutos de audição);
🎧 Outros artistas no pódio: Van Zee, Richie Campbell, Diogo Piçarra e Plutonio.


as músicas favoritas

🎧 Flores, Lázaro & Rita Rocha;
🎧 Monstros, Fitacola & Tiago Nogueira;
🎧 Bênção, Mizzy Miles, Van Zee & Bispo;
🎧 Que Força é Essa Amiga, Capicua;
🎧 Saudade, Miguel Araújo & Os Quatro e Meia;
🎧 Teima, Pikika;
🎧 Meio-Termo, João Couto;
🎧 Even, Richie Campbell, Van Zee & Frankieontheguitar;
🎧 Desliza, Ana Moura;
🎧 Before I Lose My Voice, Richie Campbell;
🎧 Ainda Ontem Tinha Céu, Valter Lobo;
🎧 Algo Mais, Milhanas;
🎧 Três e Meia, Carolina de Deus & Ricardo Liz Almeida;
🎧 Parece Que Foi Hoje, Mónica Teotónio & Tiago Nogueira;
🎧 Quem és Tu?, Van Zee & Frankieontheguitar


os álbuns

💿 SNTMNTL, Diogo Piçarra
Representa uma aventura pela música eletrónica, mas sem esquecer as origens e aquela que é a sua identidade. Foi a sua forma de demonstrar que não somos apenas sentimentais, que abraçamos inúmeros espectros, mostrando o quanto consegue ser camaleónico.

🎧 Canções favoritas: Sabesamar, Saída de Emergência e Monarquia



💿 O Próprio, Dillaz
Acompanhar o seu percurso e perceber como usa as letras para explorar temas transversais à sociedade fascina-me. Neste trabalho em específico, sinto que a ausência de filtro é ainda mais evidente e mordaz. Em simultâneo, parece que nos permite descobrir um traço de vulnerabilidade que não lhe reconhecíamos antes.

🎧 Canções favoritas: Alô, Colãs, Vivo



💿 Subida Infinita, Capitão Fausto
Os Capitão Fausto são artistas residentes no meu gosto musical, portanto, é sempre com entusiasmo que recebo trabalhos novos. Subida Infinita é íntimo e comovente, até porque marca a despedida a um dos elementos da banda. Tal como a vida, deambulamos por «fins e princípios», «procura e (des)encontros», mas há sempre formas de encontrar luz.

🎧 Canções favoritas: Na Na Nada, Nuvem Negra e Nunca Nada Muda



💿 Sortaminha, Jüra
Gosto muito da voz da Jüra e estava curiosa para a ouvir num trabalho mais longo (e não só em EP's). Preces ouvidas, Sortaminha chegou em maio e entrou para um lugar confortável nestes favoritos, já que é sonoramente arrojado, com um tom mais feliz e distinto do que tinha apresentado, anteriormente (e que já me tinha agradado). Nota-se que abraçou uma nova fase, mas sem perder aquele traço que a distingue.

🎧 Canções favoritas: Coração, Voltsó e Infinitu



💿 Carta de Alforria, Plutonio
Um dos últimos álbuns a entrar na minha biblioteca sonora, mas, a par d' O Próprio, escalou muito rápido para o favorito dos favoritos, tanto que, a partir de novembro, o meu Spotify não conheceu outra lista de reprodução (praticamente). As letras têm uma atenção ao detalhe soberba e obrigam-nos a sair da nossa zona de conforto, para refletirmos sobre problemas tão enraizados na sociedade. Sendo, ainda, um exercício de «libertação simbólica», permite-nos mergulhar numa bolha de intimidade, mesmo que não nos mostre tudo. Sublime!

🎧 Canções favoritas: Casa Melhor, Interestelar, Deserto e Carta de Alforria



Menções Honrosas 
Fugacidade, Janeiro | Pré-Ocupado, Tomás Adrião (EP) | Olhar P'ra Baixo, Iolanda (EP).
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andreia morais

andreia morais

O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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